GERAL
“Meu compromisso é fazer o segundo mandato melhor que o primeiro”, diz prefeita de Senador Guiomard, Rosana Gomes, que formou uma equipe com maioria mulheres
Jorge Natal, especial para o AcreNews
A convidada do Papo de Domingo é a prefeita de Senador Guiomard, Rosana Gomes (Progressistas), de 45 anos. Ao jornalista Jorge Natal, ela falou sobre o desafio de ter sido a primeira prefeita eleita, bem como ser reeleita com a maior votação em 49 anos do município. Falou ainda dos desafios para o segundo mandato, destacando a necessidade de o desenvolvimento chegar à região. “Organizamos a Casa, colocamos os serviços essenciais em dia, fizemos obras estruturantes e agora vamos criar oportunidades de trabalho”, resumiu a alcaldesa.
Comprometendo-se em fazer o segundo mandato melhor que o primeiro, Rosana destaca a importância da mulher na política. E ela tem moral para falar: das dezoito secretarias, doze são ocupadas por mulheres e 75% dos cargos comissionados são delas. Acrescente-se a isso o fato de que, das onze cadeiras no parlamento, cinco são ocupadas pelo sexo feminino. “Estou aqui para chamar mais mulheres para a política”, declarou, frisando que não é gênero que define o bom gestor, mas a sensibilidade e o compromisso.
A prefeita ressaltou que nos quatro anos à frente da cidade enfrentou inúmeros obstáculos, mas que agora chega “mais forte” para o novo mandato. “Eu vivi muitos desafios, a começar porque eu sou a primeira mulher eleita na história do município. Por si só já carrego, além de uma responsabilidade, um desafio muito grande”, disse. “Além disso, vivi a pandemia, peguei o município impedido de receber recursos e firmar parcerias, além de dívidas com prestadores de serviços e fornecedores”, explicou. “Eu me tornei mais forte como mulher e como gestora”, completou.
Por isso, ela acredita que o segundo mandato será melhor. “Tenho hoje muito mais preparo e amadurecimento em relação ao enfrentamento dos desafios. Ser prefeita de uma cidade como a nossa, de porte médio, e situada em região estratégica, economicamente falando, é um desafio. Não vai ser fácil, nunca vai ser fácil. Mas se tiver preparo, como eu consegui adquirir nesses últimos anos, resiliência e vontade de fazer o melhor para a nossa gente, sem dúvida nenhuma, seremos mais exitosos”, explicou.
Sobre ela ser um exemplo para outras mulheres que querem entrar na política, Rosana destaca que esse é o intuito. “Ver mais mulheres na política é o que a gente quer. A gente pode estar onde a gente quiser. Até não estar na política, mas estar na vida pública não pode ser um peso, um fardo ou somente uma cota. Temos que estar por aquilo que a gente acredita. E cada vez mais a gente vê o número de mulheres ocupando posições de destaque, posições de liderança e isso mostra a nossa capacidade”, completou. Veja os principais trechos da entrevista:
Acre News – Quem é a Rosana Gomes?
Rosana – Eu sou a Rosana Pereira da Silva, mais conhecida por Rosana Gomes. Esse sobrenome é herdado politicamente do meu pai, o Manoel Gomes, que foi prefeito. Sou nascida e criada nesta cidade carinhosamente conhecida por Quinari. Sou a primeira filha de uma família de quatro irmãos, cujo pai era advogado e a mãe contadora. Busco ser pessoa simples, com propósitos, tenho disposição para o trabalho, sou muito dedicada à família e uma mulher de fé. Os legados dos nossos pais foram a honra e o amor ao próximo. Sou formada em Administração e trabalhei nas secretarias de Bem-Estar e de Saúde. Nessa última, cheguei ao cargo de secretária.
Acre News – Na sua primeira candidatura, a senhora foi o azarão, uma vez que estava em último lugar e findou ganhando as eleições. Conte-nos um pouco daquela campanha.
Rosana – Naquela campanha de 2020, eu recebi o convite para ser candidata e confesso que não estava no meu coração nem nos meus planos. Eu sempre gostei da política de bastidores. Fui convencida pelo meu irmão, o James Gomes. A cidade estava mal cuidada e nas manchetes dos jornais. Percebemos que era preciso cuidar do nosso município e da nossa gente, que não estava com autoestima. No início foi difícil, pois uma coisa é pedir votos para os outros, a outra coisa é pedir para você. Tínhamos três candidatos disputando, inclusive um deles no cargo de prefeito. Começamos com 6% e fomos crescendo gradativamente. A gente mostrou para a população que era preciso resgatar um trabalho, principalmente porque existia uma crise política e muita desunião, que só prejudicava o município. Foi uma eleição acirrada e ganhamos por uma pequena diferença.
Acre News – Como foram os primeiros anos na administração?
Rosana – Foi difícil. Era preciso colocar a casa em ordem. Quando eu cheguei à prefeitura, não tinha sequer uma mesa para eu trabalhar. Tivemos que cuidar da saúde financeira do município, começando praticamente do zero. Era preciso dar um choque de gestão para as coisas acontecerem. Foram muitas idas e vindas à Brasília em busca de recursos, além de negociar as dívidas porque o município estava inadimplente. Naqueles dois primeiros anos, chegamos a ser avaliados como a pior gestão entre os municípios acreanos.
Acre News – E o que aconteceu depois?
Rosana – Os frutos começaram a aparecer: começamos a asfaltar as ruas; a entregar escolas; entregamos obras inacabadas como a Praça da Juventude; entregamos quadras de grama sintética e coberta; pistas para corrida e de skate; criamos a secretaria de Esporte e entregamos a de Assistência Social ; entregamos nove casas para pessoas em situação de vulnerabilidade; levamos saúde, educação e assistência social para as comunidades mais distantes; na educação melhoramos o salários dos servidores; estamos perto de entregar uma creche; vamos entregar 31 casas populares; reformamos o mercado; reformamos o estádio; entregamos uma concha acústica e um ponto de táxi; ampliamos a secretaria de Agricultura; reformamos os postos saúde e escolas; entregamos a escola infantil Lupicínio Alexandre Nunes; e recebemos o Selo Ouro, que é um prêmio para a educação do município.
Acre News – Na sua reeleição, a senhora foi a prefeita mais bem votada da história do município, ou seja, obteve 62,40% dos votos. Por que?
Rosana – Acredito que seja pelo reconhecimento do nosso trabalho, da nossa dedicação e do nosso compromisso. Montamos um grupo de campanha bom e forte, além de trazer outros partidos para a nossa chapa. Foram 50 candidatos a vereador. Além de tudo isso, o fato de sermos próximos às pessoas contribuiu para essa vitória expressiva. Enfim, foi a credibilidade e o amor que o povo do Quinari tem por mim.
Acre News – O que a senhora vai fazer para colocar o município na rota do desenvolvimento?
Rosana – Estou em busca de parcerias. Nós temos a Zona de Processamento e Exportação (ZPE), que é um espaço destinado à instalação de indústrias. O que as pessoas mais nos cobram são oportunidades de trabalho. Mas a gente tem avançado no tocante à economia, aproveitando o crescimento do agronegócio. Ah, a gente deu suporte para a instalação da Gazin, que está gerando dezenas de empregos, bem como o das Lojas Americanas. Temos ainda um frigorífico que emprega mais de 200 pessoas. Num breve espaço de tempo, teremos as sonhadas agroindústrias, principalmente a de produtos vocacionais, notadamente na fruticultura. Senador Guiomard será um município desenvolvido e próspero.
Acre News – Trocando de assunto, por que as mulheres ocupam mais espaços do que os homens na sua gestão?
Rosana – Eu acredito muito no trabalho das mulheres. Entendo que temos uma visão diferente. A gente se dedica e se doa mais, além da sensibilidade e do cuidado diferenciado. A política lida com pessoas e precisamos ficar no lugar do nosso semelhante. Ressaltando que não é o gênero que define o bom gestor, mas a sensibilidade, a resolutividade e o compromisso. Não quero ser reconhecida como a única mulher eleita para o cargo de prefeita, mas por ser trabalhadora e gostar do que faço, que é cuidar bem da cidade e da nossa gente.
Acre News – O Progressista atingiu um crescimento que jamais foi visto por nenhum partido na história política do Acre. Por que ou a quem a senhora atribui esse fenômeno?
Rosana – Eu atribuo isso à dedicação de todos os nossos integrantes. Além disso, a força política do nosso governador, que é muito popular e querido pela nossa população. O Gladson colocou o Acre na rota do crescimento econômico, ou seja, hoje somos a última fronteira agrícola e estamos exportando. Acredito que os nossos prefeitos são guerreiros e que fizeram os seus papéis. Eu sou municipalista, mesmo porque todas as políticas públicas são executadas nos municípios