Peru apressa ferrovia Pucallpa-Chancay e anuncia reunião em agosto para avaliar proposta de Brasil e China para rota ferroviária pelo Acre

O Peru está avançando com planos ambiciosos para fortalecer sua infraestrutura ferroviária e posicionar-se como um hub logístico estratégico na América do Sul. O Ministério da Economia e Finanças (MEF) e o governo regional de Ucayali estão impulsionando projetos que visam conectar a Amazônia peruana ao Pacífico, com foco especial na ligação entre Pucallpa e o porto de Chancay.

O governador regional de Ucayali, Manuel Gambini, anunciou que em agosto será convocada a análise de pré-investimento para o projeto ferroviário que unirá Pucallpa ao porto de Chancay. Essa iniciativa é vista como um passo crucial para facilitar o transporte de mercadorias do Brasil para a Ásia, aproveitando a infraestrutura portuária já estabelecida. Gambini destacou que o projeto se alinha com a criação de um corredor logístico bioceânico, impulsionado por Estados brasileiros como Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, grandes produtores de soja e carne para exportação. Esses estados buscam uma saída direta para o Oceano Pacífico para otimizar custos e tempo, e a conexão via Pucallpa é vista como uma alternativa eficiente.

O Ministro do MEF, Raúl Pérez Reyes, enfatizou que a ampliação e modernização do Ferrocarril Central faz parte de um plano nacional de conectividade. Ele confirmou que o Peru tem uma iniciativa já planejada para conectar Pucallpa à costa, ressaltando que é uma obrigação do país garantir a conectividade de suas cidades.

A nova etapa da Ferrovia Central prevê uma extensão da região central até o leste peruano, passando por cidades-chave como Huánuco e Tingo María, até chegar a Pucallpa. Essa expansão não só abrirá novas rotas de comércio e logística, mas também integrará mais regiões ao eixo econômico costeiro. O ferrocarril, que opera desde 1999 no transporte de carga, especialmente mineral, de Pasco, Junín e Lima, passará por modernização para otimizar suas operações e adaptá-lo a novos tipos de carga, podendo se estender até Chancay ou Callao.

Em relação à proposta de um trem bioceânico promovido por Brasil e China, ligando a Bahia ao porto de Chancay, o governo peruano mantém uma posição de prudência. Embora reconheça o interesse, o presidente do Conselho de Ministros, Eduardo Arana, e o MEF esclareceram que o Peru não recebeu uma proposta oficial. Arana destacou que uma comunicação geral entre dois países não se traduz em uma proposta formal.

O Peru só analisará o projeto se ele for apresentado de maneira oficial e com detalhes claros. Por enquanto, a prioridade do Executivo está nos planos internos de conectividade ferroviária. “Existe o interesse de Brasil e China em conectar ambos os oceanos. Nós estamos trabalhando na nossa parte, e veremos no momento certo, quando a iniciativa for apresentada de forma clara, como vamos participar”, pontuou o ministro Pérez Reyes.

Além disso, o governo peruano também tem em sua agenda a melhoria do trem sul-oriental, que une Cusco ao Porto de Matarani, como parte de um esforço abrangente para fortalecer a infraestrutura ferroviária nacional.