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Acre tem segunda maior proporção de deslocamentos por motocicleta do país e se destaca no uso de bicicleta, mostra Censo 2022
O Censo Demográfico 2022 revelou que o Acre está entre os estados com os deslocamentos mais curtos e com maior uso de motocicletas e bicicletas para o trabalho no Brasil. Segundo o levantamento do IBGE, 28,5% dos trabalhadores da Região Norte usam motocicleta como principal meio de transporte — índice que no Acre chega a mais de um quarto da população ocupada. O estado aparece ainda entre os três com maior uso de bicicleta para o trabalho, com 13,3% dos deslocamentos, atrás apenas do Amapá (17,4%) e à frente de Mato Grosso do Sul (12,6%).
Os dados mostram que a mobilidade do trabalhador acreano é essencialmente curta e rodoviária, marcada por trajetos de curta duração e pela ausência de transportes de massa. Quase 90% das pessoas ocupadas trabalham no próprio município de residência, e mais de 70% delas exercem suas atividades fora de casa — em linha com o padrão nacional de 88,4% e 71,4%, respectivamente.
O uso do ônibus como principal meio de transporte é um dos menores do país (7,1%), reflexo de uma rede urbana com baixa densidade populacional e predomínio de deslocamentos individuais, seja por automóvel, motocicleta ou a pé. O Acre também acompanha a tendência regional da integração por rodovias, onde o transporte coletivo tem pouca representatividade.
No panorama nacional, o automóvel (32,3%) segue como o meio de transporte mais utilizado no deslocamento para o trabalho, seguido de ônibus (21,4%), a pé (17,8%) e motocicleta (16,4%). Esses quatro meios concentram 87,9% dos deslocamentos do país, o que confirma a forte dependência de modais rodoviários e a carência de transporte público de alta capacidade. Trem e metrô, por exemplo, representam apenas 1,6% do total nacional — inexistentes em estados da Amazônia, como o Acre.
Em termos de tempo, dois em cada três brasileiros levam até meia hora para chegar ao trabalho, e no Acre essa proporção é ainda maior, reflexo da dimensão reduzida das áreas urbanas e da proximidade entre moradia e local de trabalho. A pesquisa também mostra que o trabalho remoto e domiciliar é minoritário no estado, representando menos de 20% dos ocupados, cenário semelhante ao observado em toda a Região Norte.
A mobilidade por bicicleta no Acre é quase o dobro da média brasileira (6,2%), o que o coloca entre os estados com maior índice de deslocamento não motorizado. O dado reflete tanto o perfil econômico — com predominância de rendas até dois salários mínimos — quanto o formato urbano de cidades como Rio Branco, onde os deslocamentos curtos favorecem o uso desse meio de transporte.
Além dos deslocamentos para o trabalho, o Censo aponta que 92,7% dos brasileiros estudam no próprio município, e apenas 4% dos nortistas se deslocam para outro município para estudar — proporção ainda menor no Acre, devido à dispersão geográfica e às dificuldades de transporte intermunicipal.
Segundo o IBGE, os resultados de 2022 reforçam a necessidade de políticas públicas integradas de mobilidade e transporte na Amazônia, especialmente em cidades médias como Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira, onde a expansão urbana e o aumento do uso de motocicletas exigem novas estratégias de segurança e infraestrutura viária.
“O Acre mostra um padrão de deslocamento marcado pela curta distância e pelo uso intenso de veículos individuais, o que traz desafios para a sustentabilidade e para o planejamento urbano”, afirma Mauro Sérgio Pinheiro, analista da pesquisa.
Com esses resultados, o Acre se consolida como um dos estados com menores tempos médios de deslocamento do país, mas também como um dos que mais dependem de transportes individuais — um contraste que reflete tanto as limitações estruturais do transporte público quanto a realidade socioeconômica e territorial da Amazônia Ocidental.