Como parte da programação da 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e as Florestas (GCF Task Force), participantes de diversos países conheceram as instalações da companhia Dom Porquito Agroindustrial S/A, localizada em Brasileia, para compreender como a empresa combina práticas inovadoras em torno da pecuária para estabelecer uma bioeconomia próspera, colaborando com comunidades locais, a fim de fortalecer a valorização da biodiversidade, objetivando fomentar um desenvolvimento econômico mais inclusivo e sustentável, que respeite o meio ambiente e contribua para o bem-estar da população.
Localizada às margens da rodovia BR-317, na Estrada do Pacífico, a Dom Porquito recebeu investimentos do governo do Estado, por meio da Agência de Negócios do Acre (Anac), em seu início, e atualmente é uma das empresas do setor de agronegócio de maior sucesso da região Norte do país. Ao todo, são mais de 400 colaboradores que trabalham diariamente para firmar esse negócio, que já ultrapassou as barreiras nacionais.
Além do Acre, os estados do Amazonas, Rondônia e Roraima, e outros nove países de múltiplos continentes – América do Sul, América Central e Ásia –, são beneficiados com os produtos da companhia. Outros cinco, sendo esses Chile, Coreia do Sul, Japão, Venezuela e China estão em processo de habilitação para importar carnes suínas e avícolas da companhia.
De acordo com o diretor executivo da Anac, Hamilton Melo, a presença do governo durante a criação da empresa teve um impacto significativo e a Agência de Negócios continua a apostar nela, tendo em vista os resultados satisfatórios que as ações da instituição entregam.
“O governo apostou e continua apostando. A Anac acredita muito e ela foi selecionada, porque é uma empresa que representa a sustentabilidade, que trabalha com agricultura familiar. Existem muitas famílias que hoje não estão adentrando na floresta porque estão sobrevivendo dos porcos e das aves”, destacou Hamilton.
Impacto social e ambiental
Na zona rural de Epitaciolândia se concentram os produtores de suínos que atuam em regime de integração com a Dom Porquito. Nesse modelo produtivo, a empresa fornece os leitões, a ração e também oferece suporte técnico aos criadores.
A escolha da Dom Porquito como destino para a visita dos representantes nacionais e internacionais deve-se, sobretudo, ao compromisso da empresa com os princípios de sustentabilidade social e ambiental, os quais constituem políticas fundamentais na condução de suas atividades, refletindo as diretrizes estratégicas estabelecidas por seus acionistas.
Por meio da adoção de um modelo produtivo que valoriza e integra a agricultura familiar, a empresa, em estreita colaboração com o Estado, estabelece relações mutuamente benéficas com os pequenos produtores da região. Essa dinâmica não apenas assegura uma fonte de renda regular para essas famílias, mas também contribui significativamente para a promoção do desenvolvimento socioeconômico local.
A companhia promove a implantação de unidades de engorda — como granjas e galpões — em áreas previamente desmatadas, evitando, assim, a necessidade de abertura de novos espaços. Além disso, essa estratégia proporciona maior renda mensal aos agricultores familiares envolvidos, contribuindo para a redução da pressão por mais desmatamentos e promovendo a conservação ambiental.
O diretor comercial da Dom Porquito, Paulo Santoyo, pontuou: “Nossa política é justamente preservar o meio ambiente. A proposta é garantir que o pequeno produtor tenha rentabilidade, sem prejudicar a natureza. Pelo contrário, queremos proporcionar condições para que ele possa reflorestar e tirar do papel projetos de recuperação de áreas degradadas. Esse é o conceito da empresa”.
Um balanço feito pela administração do negócio mostra que, em abril deste ano, cerca de 550 animais foram abatidos todos os dias, graças à intensificação das vendas e da expansão internacional, que cresce cada vez mais. Segundo a direção, os planos para aumentar ainda mais as vendas e exportações já estão em planejamento e até 2030 pretendem chegar a um faturamento anual de R$ 1 bilhão.
O representante reforçou, ainda, que o convite do governo foi aceito por eles de bom grado e que acredita que a GCF Task Force pode gerar muita visibilidade às empresas acreanas. “Para nós é uma honra poder divulgar o trabalho internacionalmente. Essa oportunidade que o governo do Acre nos deu, trazendo esse encontro, acho fantástica. É de uma inteligência muito grande e eu acredito que abre grandes portas para o estado. Não tenho dúvida disso”, declarou.
Influenciar o mercado internacional
Gunars Platais é professor na Universidade do Colorado, em Boulder, nos Estados Unidos. Durante a visita à sede da Dom Porquito, pôde compreender as políticas sustentáveis que regem a empresa e afirmou que ficou impressionado com a alternativa encontrada para ajudar os pequenos produtores.
“É muito interessante a possibilidade de que você realmente trabalhe com pequenos agricultores e que eles, então, possam oferecer os produtos para a empresa dessa forma. Gostei muito da ideia do isolamento, porque essas indústrias de porcos e de aves têm problemas sanitários e ter a floresta como um filtro é bem importante. Acredito que é algo viável para poder replicar em outros lugares”, observou Gunars.
Cada vez mais, a companhia busca intensificar a produção de alimentos, reconhecendo a importância da alimentação na vida das pessoas, mas sem a necessidade de desmatar novas áreas. A proposta é garantir a produção necessária para a segurança alimentar sem ampliar os danos ambientais, concentrando as atividades produtivas em regiões específicas que já sofreram intervenções no passado. Esse modelo é visto como uma solução positiva para conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, uma das bandeiras do governo do Estado.
Desde que desembarcou no território acreano para participar da GCF Task Force, Gunars teve a oportunidade de vivenciar de perto o comprometimento do Estado com a preservação ambiental. Ele pôde observar não apenas os esforços institucionais, mas também a dedicação histórica da população local em proteger suas florestas e recursos naturais.
“Tem muito progresso, muita coisa genial e uma preocupação com o meio ambiente. Eu vim ao Acre nos anos 90 e já fiquei impressionado com a trajetória de proteção que o Estado tem tido”, concluiu.