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María Corina Machado vence o Prêmio Nobel da Paz 2025 por sua luta democrática na Venezuela
Em uma decisão histórica anunciada nesta sexta-feira (10), o Comitê Norueguês do Nobel concedeu o Prêmio Nobel da Paz de 2025 à líder opositora venezuelana María Corina Machado, reconhecendo sua atuação pacífica e incansável pela restauração da democracia e dos direitos humanos em seu país.
Democracia sob repressão
Machado foi homenageada por representar “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”, segundo o comitê. Fundadora do movimento Súmate, criado há mais de duas décadas para promover eleições livres, ela enfrentou perseguições, ameaças e o bloqueio de sua candidatura presidencial em 2024, mas permaneceu na Venezuela, tornando-se símbolo da resistência ao regime de Nicolás Maduro.
Mesmo impedida de concorrer, apoiou o candidato opositor Edmundo González Urrutia, mobilizando centenas de milhares de voluntários como observadores eleitorais — muitos sob risco de prisão e tortura. O comitê destacou que os esforços da oposição foram “inovadores, corajosos, pacíficos e democráticos”.
Reconhecimento internacional
O prêmio inclui uma bonificação de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões) e será entregue em Oslo, Noruega, no dia 10 de dezembro — data da morte de Alfred Nobel. O comitê ressaltou que Machado cumpre os três critérios do testamento de Nobel: promover fraternidade entre nações, reduzir a militarização e trabalhar pela paz.
Quem é María Corina Machado
Nascida em 1967, engenheira com formação em finanças, iniciou sua trajetória política com a fundação da Fundação Atenea, voltada à educação de crianças em situação de rua. Em 2010, foi eleita deputada com recorde de votos, mas expulsa em 2014 pelo governo chavista. Desde então, lidera o partido Vente Venezuela e a aliança Soy Venezuela.
Em 2023, anunciou sua candidatura à presidência, barrada pelo regime. Mesmo assim, seguiu mobilizando a população e denunciando abusos, tornando-se uma das vozes mais influentes da oposição democrática latino-americana.
Contexto venezuelano
A Venezuela enfrenta uma grave crise humanitária e econômica, com mais de 8 milhões de pessoas deixando o país. O regime é acusado de repressão sistemática à oposição, fraudes eleitorais e censura à imprensa. O Nobel da Paz de 2025 reforça o papel de líderes civis na defesa da liberdade em tempos de autoritarismo.