KATIANNY ARAÚJO
Na Coluna da biomédica Katianny Araújo: Como identificar a cefaleia crônica através das características clínicas
A cefaleia crônica é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, impactando significativamente a qualidade de vida. Para seu diagnóstico adequado, é essencial analisar as características clínicas que a diferenciam de outras formas de dor de cabeça. A identificação precoce e precisa permite um tratamento mais eficaz, reduzindo complicações e melhorando o bem-estar do paciente.
Uma das principais características da cefaleia crônica é sua frequência. Segundo a Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3), considera-se crônica quando a dor ocorre em 15 ou mais dias por mês, por pelo menos três meses consecutivos. Essa persistência é um dos critérios fundamentais para diferenciá-la de cefaleias episódicas, como a enxaqueca ou a cefaleia tensional, que ocorrem de forma intermitente.
Outro aspecto relevante é a intensidade e a qualidade da dor. A cefaleia crônica pode se manifestar de diferentes formas: desde uma dor leve e constante até crises intensas e debilitantes. Em muitos casos, a dor é descrita como pressão bilateral (como um “aperto” no crânio), típica da cefaleia tensional crônica, ou como latejante e unilateral, comum na enxaqueca crônica. A presença de sintomas associados, como náuseas, fotofobia ou fonofobia, também auxilia na diferenciação entre os subtipos.
A duração dos episódios é outro fator crucial. Enquanto a cefaleia tensional crônica pode durar horas ou dias, a enxaqueca crônica geralmente persiste por 4 a 72 horas se não tratada. Além disso, alguns pacientes desenvolvem cefaleia por uso excessivo de analgésicos (cefaleia de rebote), que piora com a interrupção abrupta da medicação, exigindo uma avaliação cuidadosa do histórico de uso de fármacos.
Exames complementares, como ressonância magnética ou tomografia, podem ser necessários para descartar causas secundárias, como tumores ou aneurismas, mas o diagnóstico da cefaleia crônica primária baseia-se principalmente na anamnese e no exame físico. O médico deve investigar fatores desencadeantes (estresse, distúrbios do sono, má postura) e comorbidades associadas, como ansiedade e depressão, que frequentemente coexistem com essa condição.
Em resumo, a identificação da cefaleia crônica requer uma análise detalhada da frequência, intensidade, duração e características da dor, além de uma avaliação integral do paciente. O reconhecimento precoce desses sinais clínicos é fundamental para direcionar o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.