Por Assurbanípal Mesquita
Nos últimos cinco anos, o Acre tem passado por uma profunda transformação econômica. Desde o início da gestão Gladson Camelí, iniciou-se um novo ciclo marcado pela liberdade e pelo apoio às iniciativas empreendedoras, visando à produção no campo, na floresta ou nas cidades. Sempre respeitando normas, leis e princípios sustentáveis – e contando com a determinação dos empreendedores – foi possível observar um acelerado crescimento do setor primário, em especial da produção agrícola e da produção florestal sustentável.
Com isso, o estado passou a contar com uma produção antes inexistente, especialmente de soja, milho e madeira manejada, que de imediato viabilizou dois importantes setores industriais: o de carne suína e o madeireiro. Atualmente, na agricultura comercial, são produzidas mais de 102 mil toneladas de soja e milho ao ano, em pouco mais de 28 mil hectares.
O setor pecuário também acompanhou esse momento, agregando tecnologia e intensificando suas iniciativas, contando ainda com o relevante apoio do governo do Estado na conquista do reconhecimento internacional do Acre como área livre de febre aftosa sem vacinação. Esse avanço consolidou o estado como um ambiente atrativo para vários mercados exigentes, elevando o valor dos produtos pecuários.
Hoje, são mais de 5 milhões de cabeças de bovinos, que garantem matéria-prima de qualidade e viabilizam o crescimento do setor industrial de processamento de carnes bovinas. Atualmente, o setor abate cerca de 2.500 cabeças por dia e trabalha para ampliar essa capacidade para 3.500 cabeças diárias, com a expectativa de também aumentar de 2.500 para 3.200 empregos.
No que diz respeito às cadeias produtivas de suínos e aves, elas se tornaram viáveis graças à produção local de grãos. Hoje, são abatidas mais de 500 cabeças de suínos e de 20 a 25 mil frangos de corte por dia, com perspectiva de, em curto prazo, ampliar para 900 suínos e 32 mil frangos diários. Isso deve resultar no aumento de 850 para mais de 1.200 empregos diretos nos dois segmentos, além da ampliação dos mais de 500 postos de trabalho gerados pela instalação das mais de 200 granjas previstas para atender à cadeia produtiva.
Destaca-se ainda um novo setor industrial em desenvolvimento no Acre: o de processamento de café, viabilizado pela nova cadeia produtiva que vem se espalhando por todo o estado. Em 2025, já se espera uma significativa ampliação da produção, com mais de 1.700 hectares plantados, garantindo uma produção estimada em 4,9 mil toneladas — mais de 50% superior à de 2024.
Paralelamente, o governo do Estado tem trabalhado em fundamentos essenciais para garantir um ambiente econômico favorável. Foram ajustados o valor do sublimite do Simples Nacional no estado e implantado um novo modelo de incentivo fiscal para a indústria, garantindo isenções entre 85% e 95% do tributo estadual. Também foram regularizados os parques industriais e criado um incentivo especial para valorizar as indústrias locais: o Programa de Compras Governamentais de Incentivo à Indústria, o Comprac. Além disso, foram assegurados os serviços de licenciamento e estabelecida uma estreita parceria com as instituições do setor produtivo. Atualmente, são mais de 120 indústrias incentivadas pelo programa de desenvolvimento industrial gerido pela Copiai, além de outras 98 pequenas e médias indústrias beneficiadas pelo comprac.
Outra frente importante é a intensificação da busca por integração a novos mercados. A posição geográfica do Acre favorece o acesso a populações com hábitos de consumo que podem ser atendidos pelo estado, potencial que agora está sendo ampliado pelo governo federal por meio do programa Rotas de Integração – Quadrante Rondon.
Destacam-se também as ações de promoção de negócios que o governo vem desenvolvendo, apoiando e executando para conectar empresas acreanas a outros países, especialmente os vizinhos Peru e Bolívia, por meio de rodadas de negócios, encontros empresariais e expofeiras.
Hoje, podemos celebrar que o Acre já é um estado exportador. A cada ano, essa atividade cresce, liderada pela indústria, com perspectivas de expansão. Nos últimos cinco anos, já foram exportados mais de 1,5 bilhão de reais, mais que o dobro do registrado no quinquênio anterior, alcançando mais de 30 países.
Os principais setores exportadores são carne suína (20%), carne bovina (30%), soja e milho (26,4%), castanha (12%) e madeira (7,7%). Mas também vale destacar os esforços dos setores de bebidas, calçados e ração animal, que vêm avançando nesses novos mercados.
Assim, o ambiente de união institucional, a vontade e a determinação dos empreendedores, os incentivos disponíveis, a melhoria da infraestrutura, a localização geográfica e a confiança no estado têm sido fatores decisivos para criar um cenário positivo para os negócios no Acre, especialmente para o setor industrial.
Esses fatores já estão se concretizando em resultados palpáveis em termos de geração de empregos, riqueza e atração de investimentos. Entre 2023 e 2024, a indústria registrou um crescimento de mais de 20% no número de empregos formais no terceiro trimestre de 2024, demonstrando a expansão das atividades.
Além disso, a indústria já representa quase 60% das exportações, sinalizando que é um setor em consolidação no estado. Esse novo ciclo de desenvolvimento está sendo impulsionado pelo aumento dos investimentos, tanto na ampliação das capacidades de produção quanto na atração de novas indústrias e na valorização das empresas locais.
Até o momento, já podemos contabilizar mais de R$ 1 bilhão em investimentos prospectados para beneficiar diretamente as indústrias acreanas, com destaque para os setores de processamento de carne bovina, suína e de frangos; processamento de frutas; borracha; café; além do programa habitacional estadual (com previsão de mais de 1.600 unidades) e diversos outros investimentos privados em novas indústrias em processo de instalação ou ampliação.
Vale ressaltar que esses números não incluem os vários investimentos públicos que também beneficiam diretamente as indústrias e suas cadeias produtivas. O grande destaque é que cerca de 36% desses investimentos têm origem privada, demonstrando que o setor industrial aposta e acredita no Acre.
Outro ponto relevante é o programa habitacional do governo do Estado, que vem sendo executado em parceria com o governo federal e prevê a construção de mais de 1.600 unidades habitacionais, com investimento estimado em R$ 370 milhões (35%). Esse programa será desenvolvido em parceria com o setor privado, o que significa que os investimentos geridos pela iniciativa privada podem superar R$ 700 milhões, representando mais de 70% do montante total.
Importante destacar que esses investimentos são apenas a ponta do iceberg. Com essa nova fase de desenvolvimento, os avanços nas ações para melhorar a integração com o Pacífico (conectando-se mais aos portos peruanos), a consolidação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e das áreas de livre comércio, somados à garra dos empreendedores, o Acre tende a se consolidar cada vez mais como um ambiente de negócios favorável para atrair novos investimentos industriais, tanto para atender ao mercado brasileiro quanto para exportação.
Assim, o Acre tem tudo para avançar em seu desenvolvimento industrial.
Por fim, destaco três grandes oportunidades que devemos explorar melhor para alavancar ainda mais indústrias: o processamento de grãos, o beneficiamento da castanha (que permite negócios de maior porte) e o setor da bioeconomia, que abre espaço para diversos empreendimentos de micro e pequeno porte — áreas em que ainda somos pouco produtivos, mas nas quais há boa capacidade de obtenção de insumos para processamento.
Finalizo este artigo enfatizando a empatia do governador Gladson Camelí ao garantir uma gestão voltada para o desenvolvimento econômico, em especial para o setor industrial. Também ressalto a atuação das instituições que apoiam nossas indústrias — como a Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), os sindicatos industriais, as associações empresariais, o Mapa, a Suframa e o Sebrae —, pela manutenção de um ambiente de apoio irrestrito ao desenvolvimento deste setor tão importante.
Nossa indústria é forte e resiliente.
*Assurbanípal Mesquita é titular da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia, coordenador da Câmara Técnica de Comércio Exterior.