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ESPORTE

Socorro Siqueira: o futebol feminino como a maior das paixões

Publicado

em

Francisco Dandão

Nascida em Sena Madureira-AC, no dia 10 de novembro de 1968, Maria Socorro Siqueira da Silva começou a se interessar pelo futebol muito cedo, aos 10 anos, quando mudou para Rio Branco. Provavelmente isso se deu por conta do local onde ela foi morar: o bairro da Estação Experimental, ao lado da Funbesa, onde se praticavam vários esportes de quadra e campo.

Poucos anos depois de fixar suas bases no referido bairro, quando adolescente, ela já fazia parte de todas as representações femininas da Funbesa, nas modalidades de handebol e futebol. No handebol ela jogava como ala direita, destacando-se como figura imprescindível, principalmente no setor defensivo. E no futebol ela jogava como volante ou zagueira.

Primavera – 1997. Em pé, da esquerda para a direita: Érica, Neila, Taty, Noca, Socorro, Paula e Chicão (treinador). Agachadas: Dunga, Morena, Mariazinha, Dinha e Popô. Foto/Acervo Socorro Siqueira

Chegou um momento, porém, que Socorro teve que escolher: ou jogava handebol ou futebol. O futebol foi o escolhido. Aí ela optou por ser zagueira e passou a ser procurada por vários times. Dessa forma ela, cujos primeiros chutes foram dados no infantil do Guarany, até aos 30 anos jogou também por Flamenguinho, Primavera, Vasco da Gama-AC e Rio Branco.

Primavera – 1997. Em pé, da esquerda para a direita: Neidinha, Ana Pereba, Gue, Marta, Socorro, Evandro (técnico) e (…). Agachadas: Vânia, Romária, Célia, Eneida, Dinha e Mariazinha. Foto: Acervo Pessoal Manoel Façanha

Zagueira do tipo de não levar desaforo pra casa, que não tolerava atacante metida a besta e que não hesitava em mandar a bola para longe da sua área, Socorro Siqueira se tornou uma referência na posição. Tanto que no seu auge, principalmente quando defendia o Rio Branco, ela virou figurinha carimbada na seleção acreana feminina. Era Socorro e mais dez.

Rio Branco FC – 1998. Em pé, da esquerda pra direita: Natalice, Tina, Eliana, Ellen, Guê, Taty, Maria Antônia, Paula, Manoel (massagista), Silvana, Noca, Célia e José Ribamar (técnico). Agachadas: Val, Socorro, Vânia, Dinha, Dunga, Mariazinha, Katrina, Marcela, Luciana e Érica. Foto/Acervo Pessoal Socorro Siqueira

A vida fora das quatro linhas

Assermurb – 2015. Em pé, da esquerda para a direita: Socorro Siqueira (treinadora), Leninha, Leila, Crika, Taty, Pequena e Suelane. Agachadas: Tatinha, Carol, Nilce, Ju e Dani. Foto/Francisco Dandão

Quando as pernas começaram a dar sinal da passagem dos anos, não querendo ficar longe do mundo dos esportes, ela se tornou dirigente/treinadora. E assim resolveu dedicar o seu tempo como líder do Primavera, time do qual ela já havia vestido a camisa. Isso aí por volta do ano de 1998. Um tempo de muito sacrifício, quase sem o apoio de ninguém.

Dois anos depois dessa iniciação como treinadora/dirigente, Socorro foi convidada pelo presidente da Assermurb, Zé Maria, para formar o time da entidade. Ela topou na mesma hora e levou todas as jogadoras do Primavera para o novo clube. “Essa mudança me deu um ânimo, porque aí a gente passou a ter uma estrutura melhor para trabalhar”, disse Socorro.

Assermurb – 2016. Em pé, da esquerda para a direita: Baiche (auxiliar técnico), Socorro Siqueira (dirigente), Ana Paula, Valéria, Jackie, Raiane, Velho (treinador) e Mauro Café (treinador de goleiras). Agachadas: Ana, Neném, Jéssica, Leninha, Nilce, Katrina e Dani. Foto/Francisco Dandão

Hoje, 25 anos depois da formação do primeiro time, graças ao trabalho da ex-zagueira e ao incentivo de inúmeras pessoas, a Assermurb cresceu no mundo do futebol acreano, trabalhando com jovens de várias faixas etárias. “Agora nós temos escolinha para crianças a partir de 12 anos, com aulas três vezes por semana, além de times no sub-15 e no sub-17”, explicou Socorro.

Assermurb – 2019. Em pé, da esquerda para a direita: Socorro Siqueira (treinadora), Gleice, Jackie, Nenê, Cassandra e Ana Paula. Fila da frente: Matheus (mascote), Camila, Ana, Tatinha, Vanessa, Iza, Katrina. Foto/Leandro Rodrigues

“Aliás, nós agora temos condição, inclusive, de proporcionar alojamento para as meninas que vem do interior. Ainda é um alojamento improvisado, na minha própria casa, mas no campeonato estadual de 2024, por exemplo, seis meninas vindas dos municípios moraram no local. Ressaltando que elas não têm despesa alguma”, garantiu a dirigente.

Assermurb – 2019. Em pé, da esquerda para a direita: Socorro Siqueira (treinadora), Gleici, Raiane, Jackie, Paulinha e Júnior (auxiliar técnico). Agachadas: Katrina, Ana, Tati, Elinaide, Isa, Neném e Camila. Foto/Francisco Dandão

Gol inesquecível, alegrias e decepções

Das memórias de atleta, Socorro Siqueira destacou um jogo dela pelo Primavera contra o Rio Branco, no campo do Maracutaia (bairro da Estação Experimental). “O Rio Branco saiu na frente e comandou o placar pela maioria do tempo. A gente ficou sempre correndo atrás. No final, empatamos em 3 a 3 e eu fiz os três gols do meu time”, contou exultante Socorro.

Sobre decepções, Socorro disse que não guarda mágoa de ninguém. Mas, com alguma insistência, ela revelou que fica muito triste quando alguma atleta demonstra ingratidão. Situação, por exemplo, que aconteceu em 2024, quando às vésperas do início do campeonato acreano feminino seis jogadoras foram cooptadas por um adversário. “Isso foi terrível”, ela disse.

Em compensação, porém, no dizer dela, as alegrias de estar à beira do gramado, ano após ano, apagam qualquer sentimento de tristeza. “Eu agradeço a Deus por fazer o que eu faço. Estar ali no banco de reservas, orientando as meninas que estão em busca de um lugar ao sol, é tudo pra mim. E quando eu ganho um título, essa alegria se multiplica”, falou Socorro.

E no que diz respeito ao futuro, Socorro revelou que a sua esperança é um dia obter do poder público o apoio que o futebol feminino precisa. “A única vez que eu tive ajuda do poder público foi quando o prefeito era o Marcus Alexandre. Ele deu todo o material do meu time, além de ajuda de custo, para a disputa da Copa do Brasil de 2015”, finalizou a personagem.

 

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