ESPORTE
⚽📄 Você sabe o que era um “gato” no futebol?

Nos anos mais antigos do passado, em se tratando de futebol, era bastante comum jogadores mais velhos conseguirem documentos falsos, baixando as suas respectivas idades. Isso lhes dava uma vantagem física absurda em relação aos jogadores das categorias, digamos, inferiores.
Em alguns casos, os sujeitos eram registrados dois anos depois de nascerem porque a família morava, originalmente, em regiões remotas onde não existiam cartórios para lavrar o documento. E passavam a vida com uma idade declarada no papel, mas diferente do desenvolvimento físico real.
Em outros casos, o documento de registro era mesmo produto de fraude. Um indivíduo bom de bola era descoberto lá numa quebrada do interior, mas já com a idade estourada para jogar numa equipe juvenil. E aí o registro dele era lavrado numa cidade diferente daquela em que ele nasceu.
Esses camaradas dos documentos falsos eram conhecidos no jargão futebolístico pelo epíteto de “gato”. Quando um jogador das divisões de base era chamado de “gato”, então todo mundo já entendia: era jogador com os documentos adulterados. Mas obter a prova da fraude, isso não era fácil.
A propósito disso, eu lembro que nos meus tempos de juvenil do Rio Branco, nos primeiros anos da década de 1970, onde eu era uma espécie de “gerente do banco de reservas”, eu ficava intrigado como existiam uns meninos de compleição física avantajada, bem diferente da minha magreza.
Eu não tinha mesmo como assumir a titularidade naquele time, dada a diferença de vigor físico com os caras que eram donos das posições. Os sujeitos eram bem mais fortes do que eu. E assim, eu só jogava quando um monte deles era expulso. Pra mim, olhando à distância, vários eram gatos.
Hoje, com a tecnologia corrente, principalmente os exames de DNA e a possibilidade de busca de informações nos mais diversos sítios, é quase impossível ainda existir o tal gato no mundo do futebol. Dá pra saber a idade certa de alguém, atualmente, até pelo exame de um fiozinho de cabelo.
Mas esse assunto me veio à cabeça por conta de uma ligação que eu recebi nessa semana que recém passou do meu velho amigo Toinho Bill, que um dia foi lateral-esquerdo do juvenil do Juventus e que disse que também viveu esse mesmo drama, mofando na reserva para caras mais encorpados.
O Toinho até falou o nome de um gato do futebol acreano da década de 1970, pedindo para que eu o citasse na crônica. Não posso citar o nome porque o Toinho não me apresentou a prova. Só posso dizer que ele namorou uma representante de uma marca de perfumes da época. Só posso dizer isso!













