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As margens do Rio Acre ‘derretem’ depois da cheia e geógrafo Claudemir Mesquita explica: “Ação do homem”
A maior surpresa do pós-enchente em Rio Branco foi o desbarrancamento em alta escala do Rio Acre. Casa foram arrastadas para o leito do Rio em proporções bem maiores que em anos anteriores. A Defesa Civil assiste o fenômeno sem ter o que fazer.
Conhecido no Acre e em parte do Brasil por sua luta para conscientizar as pessoas sobre a importância dos rios, o geógrafo Claudemir Mesquita disse ao Acrenews o que o mundo já sabe, que tudo é resultado da ação humana. Ao responder duas perguntas, o professor consegue encontrar o culpado, o próprio homem.
Veja:
Acrenews – Professor Claudemir, estranhamente o Rio Acre vem sofrendo um processo de desbarrancamento em escala jamais vista em outros pós-enchente. O que está acontecendo?
Claudemir Mesquita – O fenômeno tem origem predominantemente na ação antrópica. Todavia quando o homem faz a cidade na margem do rio, a primeira ação é desmatar a floresta para avistar o rio. Sem saber que ele está gerando impacto profundo no solo. Sobretudo, retirando a coesão da terra, tornando o frágil. E para o meio ambiente, contribuindo para as mudanças climáticas, deixando a terra sobre a ação das altas temperaturas, entre outros fatores relevantes.
Acrenews – Professor, outro questionamento inevitável é o fato de as cheias estarem acontecendo com mais frequência. O que é isso?
Claudemir Mesquita – Tem explicação sim. O desmatamento facilita o escoamento da água da chuva em grande volume, dando a entender que é uma alagacao, e é apenas uma enxurrada pluvial. Não podemos esquecer que moramos na Amazônia e a água é o maior insumo para uso dos ribeirinho. Precisamos compreender que esse insumo de ser usado com sabedoria, no entanto ele está sendo desperdiçado.