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ARTIGO

Valterlucio Campelo: “A esquerda se divide – um embuste previsível”

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Nos últimos dias, a extrema-esquerda, aquela que nem bateu o mofo do marxismo-leninismo e já se enrola no wokeismo uns 150 anos mais jovem, com aspirações revolucionárias, resolveu no Acre anunciar uma possível candidatura às eleições para a prefeitura de Rio Branco. Tem, penso, o direito e o dever de fazê-lo, de disseminar, debater e testar a adesão da população à sua agenda. Os dados do último pleito em que o PSol participou com candidatura própria não parecem animadores, mas, considerando-se as circunstâncias, este não é o problema.
Com muitos anos de estrada, chega uma hora em que nos obrigamos a sempre perguntar o porquê das coisas, dos fatos, das declarações, das coincidências… deve ser o vezo de quem viveu. É o caso, portanto, de se perguntar quais as razões mesmas da candidatura psolista, além de aproveitar o espaço para difusão de suas ideias.
Em entrevista recente a um programa de TV, o pretenso candidato, recém-ingresso no Psol vindo (surpresa!) do Partido dos Trabalhadores, através do qual já exerceu o cargo de secretário no governo estadual, ensaiou alguns pontos de debate. Quer, segundo ele, pautar os interesses das classes menos assistidas, deseja sair da discussão paroquial para questões de fundo relativa a direitos sociais pouco ou não atendidos pelo poder público, sugere formas de participação popular, admira o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST, etc. Alvíssaras! Temos um candidato corajoso, assumidamente ideológico e de esquerda na disputa.
Vendo a entrevista, eu estava até animado com a qualificação e serenidade do socialista-pastor, afinal, venho defendendo que nem só de asfalto vive o eleitor, mas também e, principalmente, de sua visão de mundo, quando, lá pelas tantas, o futuro pré-candidato psolista danou-se a falar bem do adversário (?), candidato do PT-MDB, Marcus Alexandre, elogiando-o e se esforçando ao máximo para deslocá-lo da esquerda para o centro, como, aliás, já fizera anteriormente o próprio Marcus no mesmo espaço de entrevistas, quando repetiu várias vezes o mantra da hora “eu sou de centro”.
Oxente! Foi aí que os meus neurônios se inquietaram. Bem, temos então mais um motivo, dessa vez funcional, para o surgimento de uma candidatura de esquerda sem mínimas ambições eleitorais. Parece que antevendo a carga ideológica da campanha, a esquerda está cuidando de criar um escudo contra os disparos que virão das candidaturas à direita, uma espécie de para-raios incumbido de atrair o debate mais ácido, livrando das discussões de pautas incômodas o petemedebista amnésico, enquanto o empurra para o centro.
Não é genial? O candidato A da esquerda, devidamente desideologizado, se apresenta para falar da paróquia, das praças, dos acertos e compromissos, dos projetos e melhorias para os bairros, da prestação dos melhores serviços etc., e o candidato B, sua “altera facie”, enfrenta as questões inconvenientes relacionadas ao desastre ético, moral, econômico, político e social da esquerda e do governo lulopetista. Não, não é genial, é bastante previsível.
Embora neguem terminantemente, o fato é que a polarização esquerda-direita, maximamente representada no Brasil pelo lulopetismo versus bolsonarismo vem fazendo com que as candidaturas maleficiadas pelo confronto procurem saídas. Uma delas é puxar o debate para o paroquialismo despolitizado, outra, como se vê, é arranjar um zagueiro-esquerdo para interditar as boladas destras.
Segundo a pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisas e Consultoria – IPEC (ex-IBOPE), visceralmente alinhado com a Rede Globo, no Brasil a direita tem a preferência da maioria do eleitorado, na base de o DOBRO em relação à esquerda. Se considerarmos as últimas eleições, pode-se especular que no Acre os dados são ainda mais expressivos dessa tendência. Então, é o seguinte: A esquerda, verdadeiramente representada pelo candidato do PT-MDB diz que não, mas está se borrando de medo de que o bolsonarismo (defesa da vida, liberdade, família e propriedade), de algum modo contagie a campanha e ganhe majoritariamente o centro. Com o lulopetismo tatuado bem na testa, não se sabe até que ponto esse fingimento será mantido e se surtirá os efeitos desejados. Desconfio de que o eleitorado percebe, só desconfio.

Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com

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