POLÍTICA
Polêmico, Valterlúcio Bessa Campelo escreve: “Certo comunismo de lupanar”
Valterlucio Bessa Campelo
Uma das práticas mais nocivas, antiéticas e, infelizmente, comuns no jornalismo brasileiro, é a utilização do espaço que deveria ser de informação, para perseguir determinados homens públicos ou, em outros casos, para enaltecê-los. A impressão nítida que temos em um e outro caso é de que são regiamente pagos para isso, dado que o fazem pondo em risco a própria credibilidade.
Imagine-se que determinado político A se nega peremptoriamente a bancar as letras de alguém a quem reste alguma credibilidade na imprensa, digamos um grande colunista de um grande jornal, imediatamente esse sujeito – o jornalista, passa a dar um giro de cento e oitenta graus e a pautar sistematicamente seu espaço com referências depreciativas ao tal político na expectativa de ser convidado para uma conversa de pé de orelha.
No caso inverso, pense num político B que se dispõe a remunerar por contrato de publicidade ou de modo inconfessável o dito jornalista. Seguramente você verá a chuva de boas notícias, de referências elogiosas e, às vezes, até longos textos escritos sob encomenda no sentido de projetar na opinião pública aquele político de estimação.
Agora, imagine quando as duas coisas são combinadas, ou seja, quando aquele político A (que não paga o jabá) e o outro, o politico B (freguês) disputam o mesmo espaço ou o mesmo cargo. Está declarado então naquele veículo a propaganda de destruição da imagem de um e de promoção de outro, a partir daí não há como disfarçar a militância paga em favor do candidato B, que nem precisa se esforçar para estar permanentemente em destaque. Dinheiro na mão e calcinha no chão, diriam certas profissionais congêneres.
Sim, isso é antiético, causa dano a reputação do político A e descredibiliza o jornalismo que deveria ser imparcial. Na verdade, com essa atitude o colunista está a vender a vergonha jornalística e se comporta como um chantagista com acesso à informação limpa que ele mesmo cuida de apodrecer.
Há casos muito claros ocorrendo no Brasil. Quem acompanha jornalistas do calibre de Reinaldo Azevedo, por exemplo, deve estar se assustando com sua guinada ideológica. Aquele que escreveu o best seller “O país dos petralhas”, e durante anos ajudou a sustentar diariamente a derrubada da quadrilha mensaleira do poder, é hoje um dos principais baluartes do lulopetismo e crítico feroz de tudo que se relacione a Jair Bolsonaro. Uma virada que não se agarra aos fatos, nem à lógica, nem ao bom senso, pelo contrário, somente se explica por injeções cavalares de grana. Notas e intrigas, avaliações distorcidas, invencionices acobertadas pelo “sigilo da fonte” etc., são diariamente sacadas do bornal contra a direita.
O leitor deve estar pensando se há saída para aquele político A, que renitente não se verga à chantagem do colunismo de alcova. Sinceramente, não sei. Os exemplos não ajudam. São muito conhecidos os casos em que reputações foram destruídas pela imprensa jabazeira e, em sentido contrário, os casos em que corruptos e corruptores foram salvos e circulam serelepes pela mesma imprensa, incluindo candidaturas a cargos políticos. Lembremos que por essa via, ou seja, por despejo bilionário de recursos financeiros, a grande imprensa praticamente apagou da história o mensalão, o petrolão e a lavajato, reconduzindo todos os corruptos ao cenário político, enquanto Sérgio Moro, Dallangnol e outros tantos foram lançados aos leões.
Felizmente, temos hoje a internet, os sites de notícias, as mídias sociais etc., que podem em certa medida contrabalançar esse efeito maléfico do colunismo viciado em PIX. Por exemplo, os jornalistas Augusto Nunes, Rodrigo Constantino, Paulo figueiredo, Alexandre Garcia e alguns outros possuem, eventualmente, mais visibilidade e engajamento do que a Globonews e seus jornalistas amestrados, ou seja, a população percebe quando determinados veículos estão fazendo o serviço de limpeza de determinadas reputações e os abandonam, indo em busca de outras fontes e opiniões.
Os próprios políticos, embora com limitações, podem se projetar desconsiderando a mídia vassala. Veja-se que Nikolas Ferreira, Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e Eduardo Bolsonaro possuem mais visibilidade e engajamento nas redes sociais do que o próprio Lula da Silva que paga milhões para suas equipes de marketing. Quando se chega nesse nível de presença pública, dificilmente uma mentira saída de um colunista qualquer ganha ares de verdade. Ocorre que esse estágio não é para todos, nem acontece repentinamente.
Portanto, já agora, no início da campanha para prefeito e vereadores, se pudesse, eu sugeriria aos candidatos, de agora e do futuro, especialmente àqueles que tem o desprezo e a maledicência nada inocente de jornais e jornalistas, que se protejam, aprofundem suas mídias sociais e fortaleçam quanto puderem os sites de notícias menores, do contrário estarão completamente a descoberto, sujeitos a chuvas e trovoadas fabricadas em lupanares midiáticos.