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Argentina registra crescimento de 3,9% no terceiro trimestre e sai da recessão
O crescimento marca um avanço na política econômica do presidente Javier Milei, mas desafios persistem com desemprego e pobreza.
A economia da Argentina apresentou um crescimento de 3,9% no terceiro trimestre de 2024, superando a recessão que se instalou no final do ano anterior. Este resultado, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), representa um marco significativo para o presidente ultraliberal Javier Milei, que busca reverter a crise econômica prolongada que afeta o país.
O crescimento foi impulsionado principalmente pelos setores de agricultura e mineração, que mostraram recuperação após meses de estagnação. Além disso, o consumo doméstico também registrou uma alta considerável, refletindo uma leve melhora na confiança do consumidor. No entanto, a indústria e a construção civil enfrentaram quedas acentuadas, o que levanta preocupações sobre a sustentabilidade desse crescimento.
Apesar do resultado positivo, a economia argentina ainda enfrenta desafios significativos. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o Produto Interno Bruto (PIB) ainda apresenta uma contração de 2,1%. O J.P. Morgan, instituição financeira de renome, estima que a economia encerrará 2024 com uma queda de 3%, mas projeta um crescimento robusto de 5,2% para 2025, o que poderia restaurar o PIB per capita aos níveis de 2021.
O desempenho econômico recente também gerou otimismo no mercado financeiro. O índice Merval, que reúne as principais ações listadas na bolsa argentina, teve uma valorização significativa, fechando com alta de mais de 7% na última segunda-feira, acumulando uma impressionante valorização de 174% ao longo do ano. Os investidores têm reagido positivamente às reformas implementadas pelo governo de Milei, que incluem cortes drásticos de gastos e uma forte desregulamentação.
O crescimento econômico ocorre em um contexto de crescente preocupação com o aumento das taxas de desemprego e pobreza. O índice de desemprego ultrapassou os 7% nos dois primeiros trimestres de 2024, afetando mais de um milhão de argentinos. Além disso, o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza disparou, alcançando 15,7 milhões, conforme os dados mais recentes do Indec.
Uma pesquisa revelou que mais da metade da população argentina (52,9%) se encontra em situação de pobreza, o que abrange cerca de 4,3 milhões de famílias. Essa realidade contrasta com os avanços econômicos e levanta questões sobre a eficácia das políticas de austeridade implementadas por Milei, que, embora tenham promovido crescimento em alguns setores, também contribuíram para o aumento das dificuldades sociais.
O presidente Milei, que completou um ano no cargo, tem promovido uma “terapia de choque” para controlar a economia, enfrentando uma inflação altíssima e gastos públicos elevados. Recentemente, ele afirmou que “a recessão terminou” e que o país “finalmente começou a crescer”, mas as consequências de suas políticas ainda estão sendo sentidas por uma parte significativa da população.
À medida que a Argentina navega por esse cenário complexo, a expectativa é que o governo continue a implementar reformas que possam equilibrar o crescimento econômico com a redução das taxas de desemprego e pobreza, desafiando a administração de Milei a encontrar um caminho sustentável para a recuperação econômica.