CULTURA & ENTRETENIMENTO
São João que atravessa gerações: filha de quadrilheira estreia na realeza mirim da Junina Pega-Pega
Dry Alves, Ascom
Há quase três décadas a quadrilha Junina Pega-Pega, fundada em 1º de maio de 1996, na Escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista, em Rio Branco (AC) encanta o público com suas temáticas e inovações dentro e fora do tablado. Muito mais do que um grupo de dança, a junina é um espaço de memória, afeto e pertencimento comunitário. E uma das histórias que melhor representa essa continuidade de gerações é a da pequena Louyse Vitória, de apenas 9 anos.
Filha da psicóloga e quadrilheira Lorena Araújo, Louyse nasceu literalmente dentro da quadrilha. A mãe, que integra o grupo há mais de 20 anos, sempre esteve presente nos ensaios, nas apresentações e nos bastidores e Louyse, desde bebê, a acompanhava. Em 2025 Lorena decidiu dar uma pausa nas apresentações como dançarina, mas continua contribuindo como apoio técnico e emocional. Enquanto isso, sua filha dá os primeiros passos rumo ao brilho próprio, concorrendo pela primeira vez ao título de realeza mirim, ao lado de Benjamin Silva, também filho de um casal de brincantes da junina.
“É um misto de emoção e orgulho. A Louyse nasceu Pega-Pega, cresceu em meio aos ensaios e apresentações. Ver minha filha hoje realizando esse sonho e representando a nossa história é como reviver tudo pela primeira vez, só que com mais amor ainda”, disse Lorena, emocionada.
A família de Vitória é composta por quadrilheiros, a tia também participa do grupo há mais de 20 anos e é hoje intérprete da junina, além de ser pioneira em levar interpretação em Libras para as apresentações de quadrilhas no estado.
E, nesta sexta-feira, 20, a pequena irá, além de estender o legado quadrilheiro da família, representar a junina na Escolha das Realeza, na categoria casal de realezas mirim, no 17º Circuito Junino de Rio Branco, que ocorrerá no Quadrilhódromo, localizado na região do Segundo Distrito, próximo ao Estádio Arena da Floresta.
Atualmente, a Quadrilha Junina Pega-Pega conta com cerca de 150 integrantes envolvidos diretamente. Para os concursos, serão aproximadamente 40 pares no tablado, além de uma dedicada equipe de bastidores. Neste ano, o grupo apresenta o tema “É de Laço e de Nó”, uma criação coletiva que exalta os vínculos afetivos e sociais, utilizando símbolos do sertão, da vaquejada e das tradições populares para construir um enredo sensível, envolvente e culturalmente potente.
Com um histórico de conquistas, a Junina Pega-Pega é heptacampeã estadual, tricampeã do Circuito Municipal de Rio Branco e do Festival do SESC, e já representou o Acre sete vezes em concursos nacionais, sendo a primeira quadrilha a representar o Acre em um concurso nacional. Além da dança, a junina também realiza projetos sociais na comunidade onde nasceu, promovendo oficinas, mutirões e atividades de formação artística para jovens e famílias da periferia. Uma peculiaridade comovente do grupo é a participação intergeracional: pais, filhos e até netos dividem o mesmo espaço, seja no tablado ou nos bastidores.
O público pode esperar, mais uma vez, um espetáculo emocionante com um enredo de afeto, coragem e resistência, marcas registradas da Pega-Pega. Em 2024, a quadrilha foi reconhecida oficialmente como Patrimônio Cultural do Estado do Acre, já o Instituto como Utilidade Pública, além disso, a Junina tem o certificado de Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura (MinC).
“Esse reconhecimento é uma vitória coletiva, um símbolo da força da cultura que vem do povo e para o povo. É um gesto de valorização e respeito por tudo que vivemos, criamos e sonhamos nesses quase 30 anos de história”, afirma Cimar dos Santos, produtor cultural da Junina Pega-Pega.
Para acompanhar os trabalhos desenvolvidos pela junina, siga nas redes sociais: Instagram: @juninapegapega, Facebook: juninapegapegaAcre e YouTube: @juninapegapega.