RAIMUNDO FERREIRA
Na coluna desta quarta-feira, 27, professor Raimundo Ferreira revela sua visão em relação a um dos males do século, a ansiedade
NOSSA VISÃO DE ANSIEDADE
O desejo e a expectativa de viver, no futuro, circunstâncias e experiências que ainda não possuímos ou não experimentamos, além de esvaziar o momento presente, podem ser entendidos como uma das principais explicações para um dos maiores problemas da atualidade: a ansiedade.
De forma geral, Jung define que o ser humano precisa estar plenamente presente — de corpo e alma — no aqui e agora. Quando está disperso, além de se perder de si mesmo, suas ações não constroem nada de concreto. Assim, tanto o presente quanto o futuro tornam-se vazios. Nesse caso, a vida se reduz apenas a projetos soltos, sem objetivos claros.
Caminhar sem objetivos ou sem diretrizes alicerçadas em valores humanos é como lutar para se manter de pé em meio a um vendaval sem ter um eixo firme para se agarrar. As tempestades da vida são fortes, as pressões são intensas e, se não tivermos uma sustentação segura, seremos facilmente arrastados e derrubados. Essa base sólida consiste exatamente na nossa perspectiva de vida.
Alguém pode perguntar: que perspectiva é essa? Como encontrá-la? A verdade é que ela não está fora, em algum lugar protegido, nem na mente iluminada de um intelectual que admiramos, mas sim dentro de nós mesmos. No entanto, essa busca pode durar a vida inteira, pois o mundo é conturbado e cheio de distrações. Se não encontrarmos em nós esse eixo — que também podemos chamar de sentido — viveremos à mercê dos ventos, passando ao largo da nossa própria existência.
Precisamos mergulhar fundo em nós mesmos e deixar de apenas olhar para fora. É necessário agir com a mente focada no momento presente, sem permitir que o espírito e as ideias fiquem vagando em projetos irreais e inalcançáveis para o futuro — os quais, na verdade, apenas alimentam a ansiedade.