SAÚDE
Pelo menos cinco equipes de auditores do Tribunal de Contas do Acre fiscalizam unidades de saúde do Bujari
Cinco equipes, compostas por dez auditores de controle externo do Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC), realizaram, nesta terça-feira, 23, uma fiscalização em unidades de saúde do município de Bujari, abrangendo a área urbana e a zona rural. O trabalho teve como objetivo verificar as condições de infraestrutura, funcionamento, fornecimento de medicamentos e qualidade do atendimento oferecido à população.
A inspeção foi coordenada pela 3ª Coordenadoria de Atuação nas Políticas Públicas do Estado e Municípios (Coecex) e pelo gabinete da conselheira substituta Maria de Jesus, com apoio das 1ª, 7ª e 8ª Coecex.
Estrutura e funcionamento das unidades
Durante a visita à Unidade Raimunda Porfírio, a conselheira destacou a importância da fiscalização:
“Verificamos a estrutura física, o funcionamento dos equipamentos, o quadro de profissionais e a qualidade do atendimento”, afirmou.
No local, constatou-se que o prédio está em reforma e a unidade funciona provisoriamente em espaço cedido pela Secretaria Municipal de Saúde.
A equipe acompanhou o gestor responsável, vistoriando farmácia, consultórios, recepção, enfermagem e demais dependências.
“O objetivo é avaliar todos os aspectos necessários para garantir o bom funcionamento da unidade e assegurar atendimento de qualidade ao cidadão de Bujari”, acrescentou a conselheira.
Relatório técnico vai apontar problemas identificados
Concluída a fiscalização, os auditores devem elaborar relatório detalhado com as situações encontradas. O documento será encaminhado à conselheira relatora, que notificará o gestor para apresentar um plano de ação com prazos definidos para a implementação das melhorias.
“Esse relatório vai apontar os problemas identificados, e o relator exigirá do gestor medidas concretas para solucioná-los”, destacou a auditora Suely Lameira.
Deficiências no atendimento
A equipe também identificou falhas graves na oferta de serviços. Em algumas localidades, a ausência de atendimento médico foi confirmada:
“No Ramal Espinhara não há atendimento. Já na Linha Nova, ele ocorre apenas uma vez por mês ou a cada 15 dias. Isso significa que parte da população está desassistida pela equipe de saúde da família do Bujari”, ressaltou Arão Cavalcante, auditor-chefe da 3ª Coecex.
Outra irregularidade encontrada foi na Unidade Básica de Saúde Nova Vida, onde a funcionária responsável pela limpeza está registrada no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) como diretora clínica da unidade. Apesar de o sistema apontar a existência de equipe de saúde até junho deste ano, os moradores relataram situação distinta na prática.
Moradores relatam dificuldades
O morador Leandro Santos Martins, que vive no Ramal Espinhara há 15 anos, afirmou que nunca presenciou atendimento médico no local:
“Nunca teve atendimento. Faz muita falta, porque precisamos nos deslocar até Bujari para receber assistência”.
Na região, vivem mais de 430 famílias. Entre elas está Airton Sousa, morador há 25 anos, que acompanhou a construção da unidade em 2017:
“Não há atendimento médico. Para qualquer necessidade, temos que ir até Rio Branco, nas UPAs. Se houvesse atendimento aqui, seria muito mais acessível para todos”.
Texto e fotos: Alcinete Gadelha e Yuri Marcel