Foto: Cleiton Lopes/Secom
O Acre tem motivos especiais para celebrar o Dia Internacional do Café, comemorado em 1º de outubro. A data chega carregada de simbolismo para o setor produtivo local, que vem acumulando avanços expressivos nos últimos anos e, recentemente, conquistou visibilidade inédita no mercado internacional. O secretário de Agricultura do Estado, José Luís Tchê, esteve na Itália acompanhado de produtores acreanos em uma missão que abriu portas estratégicas para o futuro da cafeicultura amazônica.
O ponto alto da viagem foi a visita à sede da Lavazza, uma das maiores torrefadoras do mundo, localizada em Turim. O encontro representou a realização de um sonho cultivado desde 2022, quando o secretário teve contato com a empresa pela primeira vez, ainda enfrentando o desafio de apresentar ao mercado internacional um estado pouco reconhecido como produtor de café. “Naquele momento, muitos não sabiam que o Acre produzia café. Hoje, mostramos que temos qualidade e potencial para disputar espaço nos melhores mercados do mundo”, afirmou o secretário José Luís Tchê.

Durante os dias na Itália, os produtores conheceram tecnologias de ponta aplicadas à torrefação e à logística de exportação, observaram de perto a força do cooperativismo — considerado o coração do setor naquele país — e participaram de encontros acadêmicos em universidades e laboratórios que se colocaram à disposição para realizar análises do café acreano. A qualidade surpreendeu os italianos, que ficaram encantados com a singularidade do robusta amazônico. “Foi emocionante ver a reação dos técnicos e empresários italianos ao provarem o nosso café. Eles realmente ficaram surpresos com a qualidade”, destacou Tchê.
A Lavazza, por sua vez, demonstrou interesse em apoiar iniciativas de sustentabilidade, aproximando a produção do Acre de projetos que unem preservação ambiental e geração de renda. “O que mais chamou a atenção foi o interesse da Lavazza em associar a compra de café à preservação da floresta. Isso mostra que estamos no caminho certo ao unir produção e sustentabilidade”, acrescentou o secretário.

A missão ainda incluiu reuniões no consulado brasileiro e na Câmara de Comércio, além de convites para feiras gastronômicas e eventos técnicos. Houve diálogo com instituições de ensino e centros de capacitação, onde se iniciou tratativas para treinamentos em análise de grãos e formação de baristas, o que demonstra que a internacionalização não será apenas pela exportação, mas também pelo fortalecimento da mão de obra técnica local. “Não queremos apenas vender café, queremos capacitar nossos técnicos e produtores para que o Acre tenha qualidade e escala para competir globalmente”, afirmou Tchê.

No cenário interno, o Acre também tem muito a comemorar. Entre 2019 e 2025, a área plantada de café saltou de pouco mais de 1,2 mil hectares para cerca de 1,7 mil hectares, um crescimento de 44%. Hoje, o estado já ocupa a segunda posição na produção de café da Região Norte, ficando atrás apenas de Rondônia, e começa a se consolidar em concursos de qualidade nacionais, como o QualiCafé. Investimentos em assistência técnica, aquisição de insumos, mudas e calcário têm contribuído para elevar o padrão dos grãos e abrir caminho para a conquista de mercados exigentes.
O secretário José Luis Tchê avaliou a viagem como um marco histórico. “Essa missão à Itália mostrou que o Acre tem café competitivo e diferenciado. Estamos diante de uma oportunidade histórica de transformar essa cadeia em uma das principais forças de exportação do nosso estado, ao lado da soja, do gado e da suinocultura”, afirmou.

No Dia Internacional do Café, a Seagri, por meio do secretário Tchê, brinda uma nova fase. Mais do que uma bebida que acompanha o cotidiano, o café se tornou símbolo de esperança, de internacionalização da produção acreana e de fortalecimento da identidade amazônica. “Estamos carregados de esperança e com a certeza de que o café será, em breve, um dos grandes protagonistas da nossa economia”, finalizou o secretário.