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GOSPEL

Bispo lidera culto que paga programas para atrair prostitutas à igreja

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Bispo aos 29 anos e pastor desde os 18, Wesley Carvalho lidera em Manaus (AM) uma igreja conhecida pelo trabalho noturno que
oferece até R$ 150 a mulheres e travestis em situação de prostituição para participarem de cultos da “igreja da meia-noite”.

 

O que aconteceu

Carvalho é fundador e presidente da Igreja Terra do Avivamento, denominação independente com sede em Manaus. A
comunidade reúne mais de 30 mil fiéis na capital e 40 mil em todo o estado, com média de presença de 8 a 10 mil pessoas por
domingo na sede principal.

Um vídeo no qual o bispo oferece dinheiro a mulheres em situação de prostituição viralizou nas redes sociais. A
gravação mostra o religioso abordando profissionais do sexo para convidá-las ao culto da madrugada. Em uma das cenas, ele
conversa com uma mulher identificada como Carol e propõe pagar R$ 150 — três vezes o valor do programa — para que ela participe da celebração. O pastor tem mais de 900 mil seguidores nas redes e afirma que a ação faz parte de um trabalho de
evangelismo iniciado há oito anos.

A cena gerou muitas críticas no meio gospel, mas o bispo afirma que não pretende interromper o método. “Fui criticado
por pagar mulheres de programa, mas não irei parar. Essa é a igreja da meia-noite, a igreja que não fica só entre quatro paredes.
Não é sobre religião ou placa de igreja, é sobre Deus”, afirmou Carvalho ao UOL.
O projeto existe há oito anos e começou com ações simples nas ruas de Manaus. A iniciativa surgiu com a entrega de sopa
e folhetos de evangelização a pessoas em situação de rua. Com o tempo, o trabalho se estruturou e passou a ser conhecido como
a igreja da meia-noite.

Carvalho diz que decidiu levar o evangelho para fora dos templos tradicionais. Embora pregasse para milhares de fiéis em
cultos convencionais, ele sentia falta de uma frente adicional e buscava ser mais útil a Deus, convicto de que essa seria a forma
de atuação que Jesus adotaria.

 

Como funciona

O culto da meia-noite mobiliza mais de uma centena de pessoas a cada edição. A ação costuma reunir entre 100 e 150
participantes, incluindo mulheres, travestis, pessoas em situação de rua e dependentes químicos.

A estrutura envolve transporte, alimentação e atendimento básico. A equipe utiliza ônibus para levar os convidados à igreja,
onde são recebidos com higiene pessoal, jantar e material de apoio. O trabalho também conta com acompanhamento psicológico
e terapêutico para quem manifesta desejo de abandonar a prostituição ou o uso de drogas.

Os recursos são mantidos com dízimos, ofertas e doações. Todo o custeio das ações, segundo o pastor, é proveniente da
própria Igreja Terra do Avivamento, complementado por contribuições esporádicas de fiéis e simpatizantes.

O bispo oferece pagamento a quem recusa o convite por estar trabalhando. Ele explica que cobre o valor que mulheres e
travestis deixariam de ganhar na rua. “Quando vejo que não querem ir e dizem que estão trabalhando, eu falo: tudo bem, eu vou
pagar o seu horário pra você não perder tempo. Eu pago dobrado, mas quero que vá pro culto”, afirmou.

Alguns participantes decidem abandonar a prostituição, as ruas e as drogas após o primeiro culto. Ao final das reuniões
da madrugada, o bispo oferece encaminhamento para clínicas de recuperação e pede que os interessados voltem no dia seguinte
para confirmar a decisão. “Durante o culto eu pergunto: quem quer ir para um centro de recuperação? De cinquenta, voltam cinco
ou dez no outro dia”, disse. Os que retornam são direcionados a tratamento em centros parceiros, com auxílio financeiro da igreja,
enquanto outros “tomam uma decisão muito forte e largam absolutamente a vida que estavam”, segundo ele.

A triagem e o acompanhamento ocorrem ainda no templo, logo após o culto. Carvalho afirma que parte dos fiéis é atendida
por terapeutas e psicólogos voluntários, que auxiliam quem manifesta vontade de mudar. “Antes ou depois do jantar, temos
acompanhamento psicológico e terapeuta pra conversar com eles”, explicou. Ele diz que muitos dos que superam a dependência
ou deixam as ruas “hoje estão livres das drogas e frequentam a igreja, e alguns até ajudam no culto da madrugada”.

 

Trabalho independente

O trabalho é totalmente independente e não recebe apoio do poder público. Segundo o bispo, as ações não têm parceria
com nenhum órgão estatal e são mantidas exclusivamente por doações e dízimos da igreja.

As incursões em áreas dominadas pelo tráfico contam com apoio de fiéis que atuam na segurança. Carvalho diz que o
grupo entra em comunidades e pontos de risco, mas é respeitado por ser conhecido na região. Segundo ele, parte dos voluntários
é formada por policiais que frequentam a igreja e acompanham as ações noturnas para garantir a segurança da equipe.
O trabalho nas ruas surgiu do desejo de ampliar o alcance da igreja e atender quem vive em vulnerabilidade. Carvalho
explica que a iniciativa não nasceu por falta de acolhimento de outras denominações, mas da vontade de alcançar pessoas
marcadas por traumas, frustrações e abusos. Ele revela que a maioria das abordadas enfrenta problemas familiares e emocionais,
fatores que considera determinantes para a vida nas ruas.

Carvalho critica a inércia das igrejas e defende um evangelho voltado a quem está fora do ambiente religioso. Para ele, o
maior desafio é a falta de ação das instituições fora dos templos. “O problema é que muitas igrejas olham muito para dentro”,
afirmou. O bispo diz ter sentido a necessidade de ampliar o campo de atuação e considera o evangelho, em sua essência, uma
missão voltada a quem está distante das estruturas convencionais da fé.

 

História pessoal

Antes de liderar uma das maiores igrejas de Manaus, Carvalho diz ter vivido sete anos e meio de escassez. Ele chama
esse período de “tempo do SOS”, referência às únicas refeições possíveis — salsicha, ovo e sardinha —, quando pregava para cerca de dez pessoas e destinava todo o dinheiro da família à manutenção da obra. “Era o que a gente podia comer”, contou em
um vídeo recente.

Carvalho diz que o crescimento da igreja é resultado de anos de esforço e privação. Segundo ele, todos os recursos da
família eram destinados à manutenção da obra, mesmo quando pregava para apenas dez pessoas por culto e dependia de
doações ocasionais. “As pessoas dizem que cresci rápido, mas não conhecem o bastidor”, afirmou. “Sirvo a Jesus há 17 anos e
cuido de igreja há 12. O milagre ‘da noite para o dia’ demorou sete anos e meio”.

O bispo diz não se incomodar em ser chamado de “pastor que paga programa”, como alguns críticos costumam dizer.
Casado com a bispa Laís Carvalho, 26, e pai de três filhos, ele afirma que o título, embora cause escândalo, representa sua
missão evangelística. “Meu medo é ser rotulado como pastor comum. Meu propósito sempre foi fazer a diferença e gerar
influência para a nova geração”.

 

Via UOL

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