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Carne custa 32% mais nos supermercados de Rio Branco, revela estudo sobre o mercado da pecuária no Acre
A carne bovina vendida em supermercados de Rio Branco é, em média, 32% mais cara do que nos açougues. O dado é do estudo “Cointegração entre Mercados: Do Pasto ao Prato — Como os preços da arroba chegam à mesa do acreano”, elaborado pelo Fórum Empresarial do Acre, em parceria com o Sebrae/AC, sob coordenação do economista Rubicleis Gomes.
Segundo o levantamento, que analisou dados entre julho de 2023 e setembro de 2025, há “diferenças estruturais e desigualdades no mercado local que afetam diretamente produtores, comerciantes e consumidores”. A pesquisa identificou que, mesmo com a importância econômica da pecuária de corte — responsável por 60% do valor bruto da produção agropecuária do Acre e por empregar mais de 10 mil produtores rurais —, a formação de preços ainda é pouco transparente ao longo da cadeia.
Durante o período estudado, a diferença média entre supermercados e açougues ficou em 32%, chegando a mais de 50% em agosto de 2023. Em alguns meses de 2024, essa distância diminuiu para 5% a 7%, mas voltou a crescer em janeiro de 2025, quando o preço médio do quilo da carne subiu de R$ 28–29 para R$ 33–35. Segundo os pesquisadores, isso reflete “os efeitos da seca, da menor oferta de gado e do chamado ciclo do boi, que periodicamente eleva o preço da carne em todo o país”.
A pesquisa mostra que os açougues tiveram comportamento mais inflacionário, com aumento médio anual de 6,08%, enquanto os supermercados apresentaram queda média de 4,02%. Os cortes que mais subiram nos açougues foram pá com osso (9,55%), agulha (9,72%) e coxão duro (7,19%). Já nos supermercados, o preço da picanha caiu 7,17%, o coxão duro 7,98% e o coxão mole 5,94%.
“O mercado varejista de Rio Branco adota estratégias distintas para precificar a carne bovina”, afirma o estudo. Nos açougues, os aumentos de custos são “repassados de forma direta ao consumidor”, enquanto os supermercados “usam a carne como produto-âncora para atrair clientes e compensam os custos com o lucro de outros produtos, como bebidas e itens de limpeza”.
O documento conclui que os mercados atacadista e varejista não estão plenamente integrados, o que “indica ineficiências na transmissão de preços e reduz a rentabilidade do produtor”. A equipe sugere que novas pesquisas ampliem o período de análise e incluam fatores climáticos e sazonais, além de comparar os resultados de Rio Branco com outras capitais da Região Norte, para entender melhor a dinâmica do mercado.
Acesse AQUI o estudo e saiba mais.

