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POLÍTICA

Professor de Direito Rondiney Dourado analisa “a prisão de Bolsonaro e o preço do sistema”

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A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro reacende um debate que o Brasil insiste em fingir que já superou: estamos diante de um crime político, penal ou de ambos? A verdade é que o país novamente se dobra diante de um espetáculo que mistura justiça, perseguição e o velho jogo de poder que insiste em moldar nossas instituições.

O preço do negacionismo, do autoritarismo e da arrogância política é agora utilizado como combustível para validar o discurso das esquerdas contra Bolsonaro. O político que mais hostilizou a imprensa, que a acusou, humilhou e desprezou, agora depende exatamente dela para tentar convencer o mundo de que “uma coisa não tem nada a ver com a outra”. Ironias do destino: quem cospe para cima precisa estar preparado para se sujar.

Mas a questão central é outra: o que estamos assistindo é, sim, perseguição política cuidadosamente calculada. Os símbolos não são coincidência. Orquestrar sua prisão justamente no dia 22, número historicamente associado ao PL — partido ao qual pertence — não é mero acaso: é recado. É humilhação planejada. É demonstração de força do sistema.

O Brasil, afinal, não é para amadores. Somos um dos poucos países do planeta que já tiveram dois ex-presidentes encarcerados. Aqui, o sistema político não apenas gira: ele capota, atropela, arrasta e destrói qualquer um que ouse confrontá-lo de forma direta. Bolsonaro caiu na armadilha que muitos caíram antes: acreditar que é possível enfrentar o sistema sem ser engolido por ele.

Não existe remédio jurídico capaz de reverter o que já está selado. O sistema venceu, como sempre vence. E por mais que, na juventude, muitos de nós tenhamos acreditado na força da revolução, hoje compreendemos que lutar contra estruturas tão profundas tem custo alto e quase nenhum efeito prático. A corrupção — essa sim — é tão grande quanto a fome, e ambas caminham juntas, de mãos dadas, devorando expectativas e engolindo esperanças.

As medidas cautelares impostas ao ex-presidente já começam a gerar reação nas ruas. Surgem convocações de carreatas, manifestações e atos em apoio ao líder preso. Fico no aguardo das faixas pedindo, também, melhorias no sistema prisional, alimentação digna, água potável, acesso à saúde, construção de novos presídios e respeito básico aos encarcerados. Afinal, se Bolsonaro agora faz parte desse universo, que seus apoiadores abracem a causa de verdade — e não apenas quando lhes convém.

E por falar em apoiadores, que a bancada do bolsonarismo — muitos dos quais pregam valores familiares enquanto os destroem na própria vida — faça uma reflexão profunda. Que este episódio sirva de alerta para as próximas eleições. Que o eleitor aprenda, enfim, a escolher com consciência, e não por paixão, ódio, ímpeto ou slogans vazios.

Quanto a Bolsonaro, desejo que encontre saída, que enfrente sua velhice em paz e que seu clã pare de criar cortinas de fumaça. Seu filho “americano” deveria se entregar — pois um líder que foge não é líder: é fugitivo. Martirizar um personagem político pode até funcionar em alguns países, mas aqui, no Brasil, o sistema engole mártires com a mesma facilidade com que destrói reputações.

No fim, o que resta é a lição: ninguém, absolutamente ninguém, vence sozinho contra o sistema.

E o Brasil segue — entre prisões, escândalos, narrativas e capotagens. Porque, neste país, até o destino gosta de fazer ironia.

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