ÚLTIMAS NOTÍCIAS
O Acre está no Centro da Integração Sul-Americana Financiada pelo Brasil, diz Chanceler Celso Amorim

Em entrevista à Agência Brasil, o chanceler Celso Amorim destacou que o Acre é um dos estados mais diretamente beneficiados pela estratégia brasileira de financiar obras de integração física na América do Sul — política que já conta com US$ 2 bilhões aprovados e possibilidade de chegar a US$ 4,4 bilhões. Ele citou as rodovias no Peru, feitas com financiamento parcial do Brasil, como exemplo de projetos que “são boas para o Acre e para as populações que estão ali em volta”, ao defender que o país pode cumprir na região papel semelhante ao desempenhado pela Alemanha na construção da União Europeia.
Amorim afirmou que a integração “é útil para o Brasil” porque aproxima o Norte e o Nordeste, fortalece cadeias produtivas e expande mercados. Segundo ele, o processo já ocorre de maneira concreta, com obras em andamento em vários países vizinhos, totalizando US$ 2 bilhões, além de outros US$ 2,3 bilhões em negociação.
Para o ministro, o atraso histórico da integração decorre da falta de prioridade dos governos anteriores, que tratavam o comércio com a América do Sul como secundário em relação a EUA, União Europeia e Japão. Ele destacou que, com Lula, acordos de livre comércio foram firmados com todos os países da região, e o comércio sul-americano ganhou dinamismo: passou de 14% do total brasileiro em 2003 para 18% no primeiro semestre do ano seguinte, com 91% das exportações compostas por manufaturados.
Sobre derrotas brasileiras em disputas pela direção da OMC e pela presidência do BID, Amorim negou enfraquecimento do país. Disse que a candidatura à OMC foi uma ação política que fortaleceu o G-20 e que, no caso do BID, era natural a forte atuação dos EUA após terem perdido a eleição anterior na OEA.
Quanto ao Mercosul, reconheceu o “mal-estar” citado pelo presidente Lula, mas afirmou que desequilíbrios são conhecidos e só serão superados com políticas industriais comuns e cadeias produtivas integradas. Reforçou que, a longo prazo, interessa ao Brasil uma América do Sul estável, motivo pelo qual o país deve comprar mais de parceiros como Argentina, Uruguai e Paraguai.
Amorim comparou o momento atual à Europa do pós-guerra: assim como a Alemanha financiou projetos que reduziram desigualdades regionais, o Brasil pode apoiar iniciativas que gerem benefícios compartilhados — especialmente para estados de fronteira como o Acre, peça-chave na ligação terrestre Brasil–Pacífico.












