RAIMUNDO FERREIRA
Em sua coluna desta quinta-feira, 27, o professor Raimundo Ferreira questiona a geração atual em relação a evolução

GERAÇÃO EVOLUÍDA?
Raimundo Ferreira de Souza
Conforme podemos observar na trajetória da humanidade, ao menos até onde podemos remontar pelos registros históricos, o ser humano já foi bem mais evoluído — e isso em épocas em que as invenções e a tecnologia não contribuíam em nada para esse fim, ou melhor, não auxiliavam na aquisição de conhecimentos mais aprofundados sobre as leis da natureza, seus ciclos e suas influências, capazes inclusive de ajudar no enfrentamento das dificuldades ao nosso redor.
Na verdade, parece que havia, na essência de cada pessoa — logicamente com uns possuindo maior capacidade e habilidade que outros — uma tendência natural para, nesse estágio da evolução, o indivíduo racional buscar com vitalidade e vontade o aprofundamento do conhecimento, em busca de aprendizado e plena autonomia como ser humano. Ou seja, na nossa visão, mesmo dispondo dos recursos que lhe foram oferecidos para pensar, raciocinar e modificar o ambiente ao seu modo, o ser humano tinha condições de romper a bolha da “vidinha comum” que imita os animais irracionais — focada apenas em sobrevivência e procriação — e avançar para uma evolução intelectual capaz de lhe permitir compreender as leis e princípios que regem nossa existência por força da própria natureza.
Atualmente, após tantos séculos transcorridos, cá estamos nós, encantados com pequenos dispositivos portáteis que facilitam a comunicação e resolvem várias tarefas do cotidiano; admirando a velocidade e a capacidade de máquinas fabulosas que transportam imensas quantidades de carga e pessoas por céus e mares; celebrando a possibilidade fantástica de acesso a itens modernos de tecnologia disponíveis a todos.
No entanto, mesmo com todas essas facilidades, os seres humanos não estão conseguindo adquirir conhecimentos suficientes sobre relações humanas, comportamentos sociais e até sobre o uso responsável da tecnologia. Ou seja, em grande parte, a sociedade regrediu nesses aspectos e parece confortável em vivenciar esse comportamento. De certo modo, continua se espelhando nos hábitos dos animais irracionais: vivendo de forma extremamente consumista, procriando apenas pelo prazer, e portando-se de maneira descompromissada e alienada — entregando-se a ideias e pensamentos de rebanho, como ratos conduzidos pelo lendário flautista de Hamelin.










