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Valterlucio Campelo

Coluna do Valterlucio Bessa Campelo: O “centro” é o esconderijo dos frouxos

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O “centro” é a cafua dos frouxos

 

Valterlucio Bessa Campelo

Está na hora de desmistificar uma fraude ideológica que está se formando, alimentada na mídia por ele mesmo e operada por gente que gozou nos anos de “florestania”, incluindo empresários cevados e saudosos, de que o senhor Jorge Viana tem votos na direita e é um homem de centro. O objetivo é induzir um pensamento do tipo “se tem gente da direita votando, por que não eu?” Tudo isso não passa de estratégia eleitoral docemente abraçada por quem vislumbra facilidades futuras.

A ideia dessa gente é passar para a opinião pública que o ex-tudo está acima da polarização política esquerda-direita que observamos nos últimos anos, a partir da bem-sucedida fratura social promovida pela esquerda, que não cansa (vide o último discurso infame de Lula na TV) de dividir-nos entre pobres e ricos, pretos e brancos etc., alimentando e assenhorando-se das expectativas das gentes desvalidas, através de variados benefícios insustentáveis.

Com maciça presença nas mídias durante os últimos anos como presidente da APEX, Jorge Viana se colocou como uma espécie de isentão doméstico, quase nunca trata de temas ideológicos e, quando o faz, forçado por alguma pergunta fora do script, trata de escapar renegando a polarização que no plano nacional ele mesmo ajudou a construir e da qual faz parte quando o debate é nacional e envolve o lulopetismo do qual é sócio remido.

A última tática do senhor Jorge Viana foi mudar o visual, afinal, como diria o publicitário, imagem é tudo. Guardou a cor vermelha, a estrela do partido e o discurso ideológico no fundo do cofre, e adotou o tom mais neutro possível, o branco asséptico, aquele que sendo a soma de todas as cores abriga todos os eleitores, todas as tendências, todas as preferências. Nada mal para quem pretende voltar ao cenário sem ter que relembrar as estrepolias e fracassos petistas.

Adianto que, pessoalmente, não tenho absolutamente nada contra o senhor Jorge Viana, pelo contrário, nutro admiração por sua trajetória e lhe tenho uma dose de gratidão íntima, contudo, politicamente não consigo deixar de perceber os movimentos que estão à vista, embora uma parte dos acreanos não se dê conta.

É preciso saber que o grau de polarização que resultou da perseguição insana e perversa ao Bolsonaro e aos manifestantes de 8 de janeiro, seguramente se afirmará nas próximas eleições, portanto não haverá lugar para uma versão adocicada do lulopetismo. Como candidato ao Senado, Jorge Viana, assim como os demais candidatos ao parlamento terá que responder a muitas perguntas incômodas. Adianto uma para irem pensando: Onde o(a) senhor(a) estava quando o STF passou por cima da Constituição e condenou idosos, mulheres e doentes crônicos a 14-17 anos de cadeia com a farsa de tentativa de golpe?

Conheço gente no próprio governo que votará em Jorge Viana” dirão alguns leitores. Sim, eu também conheço. Trata-se de esquerdistas enrustidos, acoitados em um governo sem face doutrinária, que chama de democracia o que é geleia ideológica. Até deputados frequentam essa listinha. São os notórios trânsfugas, sempre pendurados em quem está no poder. Em outros casos, são os apadrinhados cuja consciência ideológica é essa mesma – apadrinhados.

Alguns leitores já leram ou ouviram dizer pela voz da ignorância, que “Como diria Aristóteles, a virtude está no meio”. Sim, ele disse isso, mas se referia ao indivíduo e suas circunstâncias pessoais. Aristóteles se referia à moral, a conceitos como generosidade, temperança e coragem. No meio político atual, o “meio” é retrocesso, é frouxidão, é falta de princípios, é muro oportunista, não tem nada de virtuoso. Esse “centro político” para o qual correm todos os invertebrados ideológicos na ânsia de se fazerem inquestionáveis, ou terem respostas tão prontas quanto burras do tipo: “sou contra a polarização”, ou “tem coisas boas na direita e coisas boas na esquerda”, apenas revela e, ao mesmo tempo, endossa o quadro institucional brasileiro, chafurdado, obscuro, vezeiro de acordos de bastidores, de corrupção generalizada.

Voltando à disputa para o senado, cujos postulantes têm mais obrigação de mostrar sua face ideológica, é preciso que o eleitor examine com cuidado o que está sendo apresentado. Dos atuais, veja-se como votou cada um, dos outros veja-se como se posicionou ao longo de sua carreira. Candidato com o discurso “sou de centro” tem muita chance de ser apenas um oportunista, afinal, o painel de votação no Senado e na Câmara dos Deputados não tem a opção “no meio”.

Isso nos leva a analisar os votos de nossos representantes. Imagine que um candidato ou candidata, passou quatro anos votando com o Lula e ao chegar as eleições diz na maior cara de pau que “não sou de esquerda nem de direita”, isso para não ofender o eleitor polarizado nem tomar lado. Hein??? Então, por que votou sempre de um lado? Foi por esporte? Ora, ora. É justamente no voto e não na emenda parlamentar que o nosso representante vai mostrar sua cara, então, a sua obrigação é justificar cada voto, cada opção que fez e, além disso, se comprometer com as votações futuras em temas importantes.

O senhor Jorge Viana desideologizado, cujos bate-paus na imprensa e em outros setores tentam enfiar de branco no “centro” é uma fraude. É certo que seu lulopetismo é menos obtuso do que o do Cesário Braga, diria (é um elogio) que se aproxima do pragmatismo do Zé Dirceu, mas em essência é o mesmo, contempla os mesmos valores e princípios, tem a mesma visão de mundo, perseguem os mesmos objetivos. Encanta, por seus méritos pessoais, alguns setores locais também pragmáticos do tipo “se Lula for reeleito, quero estar ao lado dele (JV) como senador”, mas continua sendo o que é há mais de trinta anos. Sem essa de centro.

Valterlucio Bessa Campelo escreve semanalmente nos sites AC24HORAS, DIÁRIO DO ACRE, ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites. Seu último livro “Arquipélago do Breve” encontra-se à venda através de suas redes sociais e do e-mail valbcampelo@gmail.com.

 

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