POLÍTICA
Emenda de Eduardo Velloso para mestrado da UFAC fortalece formação de professores e transforma Educação em Xapuri
Mestrado muda rotinas, amplia horizontes e traz impacto direto na educação do Acre
Assessoria
A chegada de um mestrado profissional a Xapuri começou como uma demanda antiga e, para muitos educadores, parecia distante. No fim de 2024, a Universidade Federal do Acre abriu 25 vagas do mestrado em Educação com foco nos professores das redes municipal, estadual e federal no município. O que transformou o cenário foi a emenda de R$ 1 milhão destinada pelo deputado federal Eduardo Velloso, garantindo a execução do curso, sua continuidade e a logística necessária para que o programa de pós-graduação funcionasse de fato no interior.
A iniciativa deixou de ser apenas uma oferta acadêmica. Tornou-se uma possibilidade real de ascensão profissional, de qualificação aplicada ao cotidiano das escolas e de fortalecimento das políticas educacionais em uma cidade com forte identidade histórica, mas ainda marcada por desigualdades no acesso à formação.
O mestrado, dividido em duas linhas de pesquisa, une educação, legislação, direitos e práticas pedagógicas. E pela primeira vez permite que educadores de Xapuri estudem em nível de pós-graduação stricto sensu sem precisar se deslocar semanalmente para a capital.
É essa mudança concreta que aparece no depoimento de Fernanda Abreu, professora e ex-secretária municipal de Educação. “Eu me lembro que eu estava à frente da Secretaria Municipal de Educação quando a professora Elisângela nos encaminhou um link para votação da disponibilidade de um curso de mestrado em educação no município de Xapuri. Poucos acreditaram. As pessoas ficaram até com dúvida de votar. Hoje nós somos 25 alunos mestrandos. É impactante, é importantíssimo para o nosso município”, relata.
Para ela, o impacto vai além da formação individual. “Nós vamos ter muitas pesquisas que vão contribuir com o nosso município, com as redes como um todo. Vão sair dados e pesquisas maravilhosas que vão contribuir no contexto do estado do Acre, do Alto Acre e do município de Xapuri”, afirma.
Paula Souza, professora da rede estadual, reforça a dimensão da oportunidade. “Primeiro que é uma oportunidade única, ímpar, porque nós que somos do interior é um pouco mais difícil para nós nos localizarmos na capital. Essa forma de interiorização foi muito ímpar para a gente, porque é uma oportunidade sem igual. Impactou muito tanto na nossa vida profissional individual como na educação como um todo para o município”, destaca.
A turma é formada por profissionais de diferentes áreas e níveis de ensino. São educadores que atuam do ensino infantil ao ensino médio, passando pela formação de outros professores, todos buscando aperfeiçoar o trabalho em sala de aula e compreender de maneira mais profunda temas como políticas públicas, avaliação, práticas inclusivas e desenvolvimento de projetos pedagógicos.
Para muitos, o mestrado representa também uma virada pessoal. Foi o que relatou Antônio Maria, professor da rede estadual com mais de duas décadas na educação e atual coordenador de ensino na Escola Rural Esperança do Povo. “Eu fui aluno da UFAC, concluindo em 2005. No ano seguinte eu fiz uma inscrição para o mestrado, só que era em Rio Branco. Acabei não passando. O tempo passou, eu também não me inscrevi mais em outro momento. Foi muito impactante, a gente tem a possibilidade e, estando dentro do mestrado, a gente sabe da dimensão que é, o impacto que esse programa vai causar nas nossas vidas enquanto profissionais. A gente passa a ter uma outra leitura de como tudo acontece”, reflete.
Ele destaca ainda o ganho prático da interiorização. “Não tem comparação. A gente fazer um curso aqui ou ter que se deslocar para Rio Branco. A gente só quer agradecer a oportunidade de poder estar fazendo aqui em Xapuri, na nossa cidade, sem ter que se deslocar com a nossa família”, completa.
Josires Ângelo, professor de matemática e servidor à disposição da Secretaria Municipal de Educação na área de planejamento, programas e projetos, avalia o impacto em duas dimensões. “A gente tem duas análises bem distintas a serem feitas, uma análise macro e uma análise mais micro. Na análise macro, nós temos que imaginar quais serão os benefícios que como profissional com o título de mestre vai impactar na minha docência cotidiana. É claro que uma habilitação com o título de mestrado vai trazer uma importância para o cotidiano pedagógico, porque você tem uma habilidade maior, você tem um conhecimento maior, você tem um empoderamento para pesquisar os fatos que podem elevar a qualidade educacional”, analisa.
Sobre o aspecto pessoal, Josires é direto. “Quanto a uma questão mais micro, que é a questão pessoal, é claro que isso traz benefícios significativos. Primeiro porque não é toda pessoa que consegue, que tem essa oportunidade de cursar um mestrado de uma universidade federal sem ter custos adicionais e dentro do seu próprio município, onde você não tem custo sequer com transporte, você não tem custos com material. Seria totalmente inviável para muitos dos 25 colegas ter que se deslocar de Xapuri para Rio Branco”, pontua.
Ronete Pavão, técnica de ensino educacional do IFAC Campus Xapuri, reforçou o impacto institucional. “A vinda desse mestrado para o município, a partir dessa emenda do Dr. Eduardo Velloso, é de fundamental importância. Primeiro por qualificar os profissionais da área de educação da rede municipal, da rede estadual e da rede federal. Ao longo dos próximos dez anos, podemos ter uma ampliação nesse campo educacional”, projeta.
Ela segue: “São 25 mestrandos contemplados com essa emenda parlamentar, a partir dessa parceria com a Universidade Federal do Acre, que é uma instituição de grande importância pro estado do Acre. São 25 pesquisas diferentes no campo da educação. O programa se divide em duas linhas: a linha 1, que é Estado e Educação em Políticas Educacionais, e a linha 2, que é Formação de Professores, Educação e Linguagens”, detalha.
Para Velloso, o resultado é exatamente o que motiva o mandato. “Investir em formação é investir na base de tudo. Quando você fortalece o professor, fortalece toda a comunidade escolar. Esses profissionais conhecem a realidade de Xapuri e vão aplicar no dia a dia o que estão aprendendo. Esse é o tipo de política pública que transforma vidas”.
O deputado afirma que direcionou a emenda com o objetivo de descentralizar oportunidades. “A universidade precisa chegar onde as pessoas estão. Trazer um mestrado para o interior é fortalecer o Acre como um todo”, destaca.
O programa também deve gerar impacto institucional. As pesquisas desenvolvidas pelos alunos vão subsidiar diagnósticos educacionais, análises de políticas públicas e propostas de intervenção, contribuindo para a gestão municipal e para o debate sobre ensino na região.
Paula Souza detalha sua linha de pesquisa. “Eu sou participante da linha 1, que é de políticas públicas, e eu particularmente vou falar sobre a falta de oferta de vagas na educação infantil que corresponde a creches e pré-escolas. Nosso município tem essa deficiência de vagas em creche. Nós temos 18 a 19 mil habitantes e nós temos só uma creche para essa demanda tão enorme. Eu vou com foco para saber onde estão essas verbas, para onde foram, por que não tem, o que é que precisa mais para que façamos mais creches no nosso município”, explica.
Ela prossegue: “O meu trabalho vai para a secretaria de educação municipal e depois o prefeito, para que venham essas verbas e aumente mais essa oferta de vagas. Particularmente, o meu trabalho vai impactar nessa área da educação infantil. E assim como meus outros colegas vão impactar na formação de professores, em outras áreas de política de financiamento. São 25 áreas diferentes que nós vamos focar dentro do município de Xapuri, da região do Alto Acre e consequentemente do estado como todo”, resume.
Antônio Maria traz a perspectiva de quem atua no campo. “Eu sou egresso da rede pública, sempre estudei na rede pública, sou filho de seringueiro, de seringueira, e eu tive a oportunidade de vencer na vida. É muito ligado à questão da educação. A educação realmente transforma”, declara.
Ele segue: “Nós temos escolas aqui já na divisa, quase na divisa de Sena Madureira. Tem colegas que sai daqui da cidade e passa um mês na sua comunidade, lá na escola, para poder retornar. Nós temos alguns mestrandos que inclusive têm origem dentro das reservas extrativistas. São seringueiros, seringueiras que saíram dos seus seringais, que saíram da zona rural e estão hoje fazendo mestrado, um nível que são pouquíssimas pessoas no Brasil que conseguem chegar a essa etapa”, destaca.
Josires reforça a dimensão transformadora das pesquisas. “Se nós imaginarmos que são 25 mestrandos e esses 25 mestrandos, nós temos uma diversidade significativa de origens e de atuações profissionais. Nós temos mestrandos que trabalham na rede federal de educação, nós temos mestrandos que trabalham na rede estadual, na rede municipal. Se nós imaginarmos que eles estão se qualificando para a pesquisa, isso significa que a atuação vai ser diretamente na educação. E aí é claro que alcançaremos índices maiores de qualidade na educação”, projeta.
Ele detalha as duas linhas de pesquisa. “O primeiro é justamente na área de legislação educacional, onde teremos profissionais aptos a pesquisar os instrumentos legais, a pesquisar quais são as temáticas que sistematizam os sistemas de ensino. São pessoas que estarão preparadas para discutir a legislação educacional e a proposição de novas legislações, seja no âmbito do município, do estado, a nível federal. A segunda linha de formação é justamente na formação de professores, onde os profissionais habilitados vão estar aptos a discutir a formação base do professor, seja a formação inicial quanto a formação continuada”, explica.
Ronete Pavão ressalta a possibilidade de expansão do modelo. “Esse projeto é uma porta que pode abrir essa oportunidade certamente para outros municípios, a partir dessas emendas parlamentares, a partir de pessoas como o Dr. Eduardo Velloso, que pensa a educação, que valoriza a educação. A gente costuma dizer que uma população bem formada e qualificada vai minimizar uma série de outros problemas, os problemas ambientais, os problemas sociais, tudo isso pode ser ao longo do tempo melhorado”, avalia.
Sobre a perspectiva pessoal, ela complementa: “Eu, que vim de uma formação, fui professora de zona rural, hoje estou numa instituição como essa, de uma grandiosidade imensa, fazer o mestrado pela Universidade Federal do Acre no meu município. Eu não tive, não tenho dificuldade de ter que me deslocar. Enquanto mulher, a gente é mãe, a gente é profissional. Isso é uma grande oportunidade de poder levar para as outras educadoras dos outros municípios do nosso grande estado do Acre”, reflete.
Já Paula reforça o apelo pela continuidade. “O deputado Eduardo Velloso teve uma sensibilidade muito grande enquanto questão de educação, porque isso impacta positivamente não só o município de Xapuri, mas como todo o estado. Foi de um benefício muito grande para nós que não podemos ter essa locomoção. Ele levou essa pós-graduação até a nossa porta. Nós temos essa vontade de que ele pegue e invista não só no município de Xapuri, mas em todos os outros municípios. Tem essa sensibilidade de levar o programa de mestrado para outros municípios, fazer essa interiorização”, defende.
Em Xapuri, a sensação é de que a cidade passa a ocupar outro lugar no mapa educacional do Acre. Um passo simbólico e concreto que dialoga com a trajetória histórica do município e com o desejo de modernização defendido pelas redes de ensino.
O mestrado, que caminha para seu segundo ano em pleno funcionamento, segue com aulas presenciais, atividades orientadas e produção de trabalhos que serão, ao final, aplicados na prática pedagógica. Para os alunos, o curso já provoca mudanças perceptíveis na sala de aula, na postura profissional e até na motivação dos colegas que não conseguiram vaga nesta primeira turma.
Como reconhece Fernanda Abreu: “Fazer parte desse projeto, de ter sido contemplada, estar hoje aqui, para mim é gratificante, é muito bom. Estou muito feliz. Já temos feito muitas discussões, já temos elaborado vários artigos, documentos que já estão em fase de publicação. Vai contribuir muito com o ensino no estado e de fato no nosso município de Xapuri”.
A emenda de R$ 1 milhão destinada por Velloso permitiu que a UFAC estruturasse um projeto robusto, com corpo docente especializado e acompanhamento direto aos estudantes. A previsão é que a experiência de Xapuri sirva de modelo para levar formações semelhantes a outros municípios acreanos.
Para grande parte dos 25 mestrandos, é a primeira vez que um curso de pós-graduação stricto sensu chega tão perto e transforma a rotina de trabalho. Para o município, é um investimento mais do que estratégico, é fundamental. Para o Acre, uma política que pode redefinir a formação de professores no interior.
E como resume Eduardo Velloso, “um ensino forte se constrói fortalecendo quem ensina”.


