CULTURA & ENTRETENIMENTO
Íntimo do município de Xapuri, advogado Gilson Pescador escreve: “New Xapuri, contexto da música”

NEW XAPURI
(CONTEXTO DA MÚSICA)
A cidade de Xapuri (AC) era conhecida como a Princesinha do Acre, nos áureos tempos do extrativismo (castanha e borracha), até o início dos anos 70. Navios chegavam com produtos importados da Europa, e mulheres e homens se trajavam elegantemente, com chapéus chiques na cabeça, para irem ao cinema. No fundo da floresta o seringueiro continuava sob o jugo do seringalista. Com a queda do extrativismo e o início da atividade predatória da pecuária, no início daquela década, Xapuri não só estagnou econômica e socialmente, como andou para trás. Aquela que era princesa se tornou quase um pária, e políticos apareciam apenas naqueles momentos eleitorais, de pedir votos. E assim se passaram quatro décadas, com o pessimismo, o desânimo e a reclamação se tornando traços do DNA do povo. Uma das reclamações era a construção da ponte da Sibéria, que ligaria a cidade com o bairro da Sibéria e região posterior, formada por fazendas e seringais (florestas) na margem esquerda do Rio Acre, que dá acesso agora, até, por mais paradoxal que seja, ao município de Sena Madureira, por uma estrada aberta dentro de uma reserva extrativista. E o asfaltamento da Variante, uma estrada importante que atende aos produtores rurais e encurtava um pouco a distancia para a capital, Rio Branco. No final do ano de 2025, após 40 anos de espera e decadência, ambos os pleitos se tornaram realidade, melhorando não só a acessibilidade, transporte e deslocamento de pessoas e mercadorias, como, principal e especialmente, o moral e a autoestima dos xapurienses, apáticos e desanimados que estavam diante de tantas promessas não realizadas. A cabeça de burro enterrada, razão de nada mais dar certo em Xapuri, após o “fim” do extrativismo , é uma estória inventada por um padre, onde, até não se encontrar e arrancar a cabeça de burro Xapuri não iria para frente. Ao se cavar os buracos para os pilares da ponte da Sibéria e da Estrada da Variante diversas cabeças de burro foram “arrancadas” e a praga deixou de existir, para o bem, alegria e esperança dos xapurienses e de todos os acreanos. A menos que se enterrem outras. A palavra Chapury está escrita na língua indígena, e significa “o rio que vem antes”. Na lenda Chapury, houve uma grande tempestade, que fez surgir outro rio, o Aquiry (rio de águas amarelas). Assim, o rio Xapuri, afluente do Aquiry (Acre), bem na cidade, é “o rio que vem antes” do Aquiry, ou seja, que já existia antes do temporal.
Gilson Pescador










