ACRE
Hoje, 28 de dezembro, é aniversário de Rio Branco; veja um resumo da história contada pelo ativista dos Direitos Humanos, Jota Conceição
28 DE DEZEMBRO 139 ANOS DA FUNDAÇÃO DE RIO BRANCO – VOLTA DA EMPRESA.
– Conta-se que o cearense Neuteu Maia veio para o Acre embarcado no Vapor Apihy com mais duas famílias. Os leite e os Girão. No final de dezembro de 1882, o valor ancorou no local do Seringal Bagaço, onde desembarcou a família leite.
– Depois do Natal, prosseguindo viagem Rio acima, Neuteu Maia escolheu uma curva do Rio ao final de um longo “estirão” que era ótimo porto para embarcações, onde havia uma “frondosa Gameleira”, para abrir o seu Seringal que denominou “Volta da Empresa”. Segundo algumas informações históricas isso aconteceu no dia 28 de dezembro de 1882, 139 anos atrás.
– Logo, Neuteu Maia percebeu que podia lucrar mais com o comércio do que com o funcionando do seu recém Seringal Volta da Empresa, que tinha muitas terras alagadiças.
– Assim aos poucos o que era um Seringal, transformou-se em povoado dando origem anos depois a Cidade de Rio Branco Capital do Estado do Acre, tendo seu primeiro intendente (administrador), o Cel. João de Oliveira Rola, que foi nomeado pelo Presidente da República Hermes da Fonseca em 18 de dezembro de 1912, mas só tomou posse em 15 de fevereiro de 1913.
– Assim sendo, nossos sinceros PARABÉNS para nossa querida Cidade de Rio Branco Capital do Estado do Acre, que hoje 28 de dezembro de 2021, completa seus 139 anos de Vida. VIVA RIO BRANCO, VIVA O ESTADO DO ACRE!!!
QUEM FOI NEUTEL MAIA
Cel. Neutel Newton Maia em 1905, nasceu no Estado do Ceará em 24 de dezembro de 1861, ainda muito jovem veio para o Pará e começou ali suas atividades comerciais e aventureiras, sempre viajando entre Belém, Manaus e Manacapuru.
Em 1882 montou uma firma de nome N.Maia & Cia. A partir de 1885-1886 passou a negociar no Purus, entre Belém, Manaus e a Boca do Pauini. Em 1890-1891 casa-se com uma sua prima de nome Theresa Maia, irmã de Teophilo Maia e passa a negociar no alto Purus até a Boca do Antimary no Baixo Acre. Em 1889 adquiriu 2 lotes de terras do Governo do Amazonas localizados no rio Acre (Alto Acre) a que ele denominou seringal Empreza, sendo este documentado em 1894. Em 1898, vendeu o dito seringal Empreza para a firma J. Parente & Cia. por 150 Contos de Réis e montou em sociedade com seus primos Manoel Teophilo Maia, Ananias Maia e José Augusto Maia uma Casa Comercial fixa na Villa Rio Branco. Durante a Revolta do Cel. Plácido contra a Bolívia, fugiu com a Família dos Territórios Acreanos uma vez que além de amigo dos bolivianos, tinha negócios com estes, porém na Aclamação de Plácido Governador do Acre em Porto Acre no dia 26 de janeiro de 1903, estava ele em Porto Acre e assinou a Aclamação.
A partir de 1905, passa a comprar gado em Bolívia, transportando-os pelos varadouros dos seringais de Capatará, a partir disso ficou com raiva de Plácido, pois este cobrava 7.500 Réis pela passagem desse gado por seus varadouros, isto por conta dos danos causados por cada manada, (segundo moradores do seringal Capatará essas manadas, que iam de 200 a 400 cabeças de gado, eram transportados à pés e soltos: quebravam pontes ou pranchões, devoravam pequenas plantações ou roçados de seringueiros além de outros danos).
Em 1909-1910 recebeu 1.000 contos de Réis de indenização por, segundo ele, prejuízos com a Guerra do Acre. Depois da morte de Plácido continuou com sua casa comercial e montou uma fazenda de gado nas terras de Dona Miquellina, viuva do major José Anselmo Melgaço, onde hoje está a Av. Amadeo Barbosa em Rio Branco – Acre. Sempre passava meses em Rio Branco e meses no Rio de Janeiro. Em 1921 envolveu-se numa trama de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Acreano Dr. Epaminondas Jácome. Viveu no Acre até 1934, quando fixou residência no Rio, onde faleceu vítima de atropelamento por um ônibus em plena Av. Rio Branco em setembro de 1940.
Neutel Maia é hoje um personagem eleito pelos intelectuais do Acre como o fundador da cidade de Rio Branco, não se sabe por qual motivo. Neutel Maia foi um homem muito rico, porém pouco falado pelos jornais da época, além de nunca ter lutado por nenhuma classe social do Acre, sempre esteve envolvido em várias confusões no Acre e no Estado do Amazonas. A primeira notícia real que se tem de Neutel Maia é no Diário de Notícias do Pará em 20 de janeiro de 1885 por contas de uma grande escaramuça entre Getúlio Orlando de Paiva, proprietário da lancha Izaura contra os irmãos J. Felippe e Mileno Benevenuto Santiago, nessa peleja morreram; um comerciante conhecido por Tombador e um proprietário de nome Francisco Chagas que tentavam amenizar o conflito: Neutel Maia aparece no jornal como uma das testemunhas do confronto. Um dos maiores lucros do comerciante Neutel Maia foi o agenciamento e transporte de nordestinos acossados pelas secas para trabalhar nos seringais do Purus e seus afluentes. Outra fonte de lucros desse personagem foi o agenciamento e transporte de nordestinos endinheirados para comprar aqueles seringais que já não mais interessavam aos proprietários dos rios Purus, Pauiny, Ituxy, Acre, Antimary, Riozinho do Rola, Xapury além de outros. O “coronel ou capitão” Neutel Maia jamais se afinou em ficar parado atrás de um balcão esperando que os seringueiros passassem um ano fazendo borracha para ele, era um personagem por demais inquieto, porém em 1888, com a “onda” do Dr. Pereira Labre de construir a Ferrovia Orthon-Aquiry, notícia essa que chegou a circular nos jornais da Europa… Neutel Maia então se apossa de dois lotes de terras na margem esquerda do rio Acre, acima das terras de Antônio Barbosa Leite e abaixo das terras do coronel Xavier, localidade a que ele denominou “Empreza”, porque pensava ele que tratava-se de uma empreitada para ganhar muito dinheiro. Abriu o seringal, organizou e o documentou em 1894-1895, porém quem sempre o administrou foi um seu primo de nome Ananias Maia e em 1898 o vendeu para J. Parente & Cia e voltou a sua vida de “marreteiro” e “freteiro” do rio, coisa que ele sempre gostou e se deu bem. Neutel Maia depois que fundou a sua Casa Comercial na antiga Vila Rio Branco e que era administrada por Manoel Teophilo Maia, pouco vivia no Acre, chegando a passar até dois anos fora do Território mas, quando estava presente, logo se ouvia falar em problemas ligados a ele e isso há muito tempo: apoiou os bolivianos na região do Acre; envolveu-se na deposição de Galvez; não participou da Revolução Acreana e nem tampouco contribuiu com a mesma; envolveu-se no assassinato do Dr. Luiz Ribeiro Gonçalves em 1906 na cidade de Manaus; era um dos que desejava a morte de Plácido em 1908; sofreu um atentado a tiros de rifle na noite de 16 de fevereiro de 1910, segundo o Jornal “Folha do Acre”; volta ao Acre em 1913 e logo se envolve numa questão com o capitão Ciríaco Joaquim d’Oliveira por contas de seu gado destruir uma plantação de seringueiras daquele capitão e por fins… em 1921 se envolve na onda de fofocas que culminou com a renúncia do Governador Epaminondas Jácome. Depois desse incidente, Neutel Maia não mais se envolveu em problemas na região do Acre.
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