ACRE
Rio Branco, que há 40 anos tinha como referência para noctívagos bares como Tabira e Recanto da Jurema, vira, em 2022, a capital da boemia com seus pubs e gastrobares chiques, estilo europeu
Rio Branco, a capital do Acre, é, também, a capital da boemia. Sem dúvida. E durante e depois da pandemia, então, o povo passou a biritar como nunca. Haja cana! Opção para um drink? Vixi, nossa senhora, tem a botão de sola. Em toda regional, em toda esquina, tem um boteco chique, os famosos pubs e gastrobares, onde se bebê e come ao mesmo tempo, e comida clássica, com bebida mais clássica ainda.
Rio Branco é cidade com pouco mais de cem anos. Foi fundada, basicamente, por nordestinos. Foi ataviada sobre a sede de um seringal, o Empresa, e cresceu as margens de seu principal rio, o Acre. Naquela época já se bebia muita pinga por aqui, mas era daquele jeito. Os primeiros comércios onde se podia tomar uma eram ainda as mercearias ou tabernas. Em 1945 é que foi construído o primeiro bar mais moderno para os padrões da época, o Municipal, em frente ao Palácio Rio Branco. Três prefeitos, que administraram a capital naquele mesmo ano, tem participação naquela obra que dura até hoje: Ismael Gomes de Carvalho, do PRD, Jaime Mendonça e Francisco Custódio Freire, ambos do PSD. A sociedade se encontrava lá para tomar uns gorós.
Nas décadas seguintes Rio Branco foi se expandindo para a banda do hoje Bosque, em seguida Estação Experimental e nos anos 1970 já tinhas seus botecos e alguns com alvarás mais abrangentes, uma vez que funcionavam como casas de licenciosidade. O Porta Aberta, na Seis de Agosto, era um desses. Na década de 1980 já tínhamos melhores novidades. Barzinhos até com música ao vivo. Tabira, Recanto da Jurema e outros bares no bairro Bosque eram o point dos noctívagos.
Entre os anos 1980 até os dias de hoje houve uma evolução em Rio Branco que precisa ser melhor estudada. Saímos dos botecos para a tarde/noite mais chique da região. Segundo os sindicatos de músicos e as associações de empresários da noite, são mais de 25 casas de shows, entre pubs e gastrobares, todos muito chiques. Além de opção de petiscos que nada deixam a desejar de outras capitais, assim como a bebida, pelo1,5 mil músicos vivem da noite por aqui. Com garçons e outros empregados do entretenimento, esse número sobe para 10 mil. “São muitas famílias que se sustentam da noite”, contextualiza o DJ Black Júnior, que quando desencarna desse personagem vira o ativista Abílio Bento Neto, o Bilu, presidente do Sindicato dos Músicos. Segundo ele, no Acre todo pelo menos 30 mil pessoas sobrevivem às custas da boemia, desde o segurança da boate, passando pelo garçom e o delivery.
Dono de Gastrobar crítica medidas na pandemia e fala ao AcreNews sobre os Pubs
O empresário Neto Brito, investidor da noite acreana, foi ouvido pelo AcreNews e revelou o quão difícil é se manter com os pubs e casas de shows. “A gente ajuda com emprego, mas somos sempre maltratados”, diz.
A seguir a entrevista:
AcreNews – O que são Pubs?
Neto – Pub não surgiu aqui, Pub surgiu na Europa, que a galera começou a usar porque quase todas as casas lá da Europa têm aquela parte embaixo da casa, que são os porões. Então eles começaram a montar os bares dentro daqueles porões, que era um negócio mais escuro, com pouca luz, e aí começaram a montar nas garagens de carros, até virar essa moda aí, que são esses Pubs, todos bem feitos, bem sofisticados, mas quando o Acre pegou isso, em São Paulo já estava rodando. O Pub tem esse clima de noite, mesmo ele rodando de dia. Então a gente começou a trocar o público, porque as boates começaram a perder força, que a galera começou a ir para uma baladinha mais cedo, que ele possa jantar, que ele possa comer um petisco legal e ao mesmo tempo escutar uma música boa e curtir uma baladinha mais animada, invés daquele restaurante antigo que não tinha nada, que tu só sentava pra jantar. Então na verdade os Pubs uniram aquele restaurante com aquela baladinha para formar os Pubs e eu, por exemplo, quando comecei, mais ou menos de 2012 pra 2015, quando eu tinha boate, e aí as boates, quando surgiram, as que tinham aquela parte de café, que abriu a Villa Country, que abriu essas boates em Rio Branco eu tinha o Inbox Club e depois que eu tinha o Templários Club, que era ali em frente à Agroboi da Avenida Ceará, e aí depois de três anos a gente foi perdendo a força por várias coisas que veio abrindo, né? E aí eu me mudei para o Canal (da Maternidade), que aí eu fiz o meu primeiro Pub, que era Inbox Pub, e lá, sim, foi um sucesso que nós começamos no meio do ano, teve a Copa do Mundo e a Copa deu uma força muito grande e o Pub estourou em Rio Branco. Eu acho que depois dali, antes do meu, acho que já tinha o Empório Pub e aí depois que eu botei no Inbox pode aí virou assim, a cidade empestou com muitos pubs. E é uma pegada que pegou no Brasil inteiro.
AcreNews – A pandemia deu quanto de prejuízo para vocês?
Neto – Nós fomos os primeiros a fechar. Realmente a gente sofreu muito, porque quem vende bebida e esse tipo de comida, para levar pra casa é muito difícil. Muitos pubs de Rio Branco fecharam, não voltaram mais depois da pandemia e a gente sofre até hoje, porque toda vez que ameaça alguma coisa que nem agora, nessa nova onda, somos o primeiro a ser fechado. A gente é obrigado a cobrar carteira de vacinação, passaporte de vacinação, mas aí todo mundo entra no Araújo, no Shopping, entra no Terminal Urbano, tudo sem a carteira de vacinação. Eu acho que os pubs, bares e restaurantes são prejudicados por que não se contamina no bar, onde só entra vacinado, e o pessoal que se contaminar dentro do bar e do restaurante não vai para UTI, mas aí no outro dia eles se juntam com a galera que não está vacinada com essas centenas de pessoas que andam em todo canto sem a exigência da carteirinha.
AcreNews – Quem são essas pessoas que investem na noite de Rio Branco?
Neto – Eu acho que os empresários que mantém pubs e bares abertos hoje são guerreiros de verdade, que foi muita ajuda de Deus para estar aberto até hoje. Resumindo: não tem sido fácil a vida para nós.
O QUE SÃO PUBS E ONDE SURGIRAM
Pub (pronuncia-se pâb) é uma abreviação do inglês public house, cujo significado é casa pública, e designa um tipo de bar muito popular no Reino Unido, República da Irlanda e outros países de influência britânica, como Austrália ou Nova Zelândia, onde são servidas bebidas (principalmente alcoólicas) e comida ligeira.
Um pub tem especial significado para os britânicos. Distingue-se de outros bares por manter o estilo medieval com pouca iluminação, o que o transforma num ambiente muito acolhedor. É o local ideal para beber uma cerveja após o trabalho ou ponto de encontro de amigos. Em alguns pubs é possível ouvir música ao vivo, assistir a jogos de futebol ou jogar sinuca, por exemplo.
A cerveja é a bebida mais consumida num pub, tendo sempre disponível uma grande variedade de cervejas de pressão, onde fazem questão de possuir as melhores cervejas regionais.
Esse estilo de bar tem tido bastante sucesso, sendo cada vez mais frequente encontrá-los em diversas cidades pelo mundo afora.
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