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‘Não me aceitam muito, mas quero mandar beijo grande para parentes todos em nosso dia’, afirma índio Kaxinawá que se assume homossexual, em pleno Dia do Índio

Publicado

em

Evandro Cordeiro

Adilson Mateus Kaxinawá, de 21 anos, é um indígena da região do município de Jordão e um dos primeiros a se revelar homossexual. Na aldeia, sua identidade é Kupi Inu Bake, cujo significado é “onça que cruza pro outro lado do rio”. Kupi é militante das causas de seu povo, no que pese a pouca idade. Numa dessas frentes é digital influencer, onde se apresenta como a “Kupi Poderosa”. O local de nascimento e morada atual da nossa estrela é o município de Jordão, na bacia do rio Tarauacá. Ao sofrer muito por sua orientação sexual, Kupi garante que tem se fortalecido para lutar pelas causas de seu povo. “E hoje, Dia do Índio, quero dizer aos parentes que estou aqui, mandando beijo a todos, mesmo sendo rejeitado”, disse ao AcreNews.

Kupi Poderosa foi uma descoberta do jornal AcreNews há um ano, quando ele sonhava participar de um programa nacional de televisão. Naquela época apresentamos a Kupi da seguinte forma:

– Kupi mora em Jordão, mas isso é por enquanto, porque os sonhos dele são sem limites. “Quero ser famoso no Brasil e até no mundo”, disse, bem seguro do que quer, ao AcreNews, sempre por vídeo, claro. “Tudo que Kupi faz no celular é através dos vídeos, pra Kupi ficar famoso”, justifica.

Adilson Mateus mora praticamente só em Jordão, um dos quatro municípios isolados do Acre – os demais são Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Santa Rosa do Purus, cujo acesso é possível apenas por água ou de avião. A família dele, na atualidade, vive em Tarauacá. “Foram passear e não vi mais”, revela. O pioneirismo, como indígena digital influencer, já deu a Kupi alguns privilégios, entre outros o de sair dos limites territoriais da bucólica Jordão. Conheceu Tarauacá e até Cruzeiro do Sul. Seu estilo de vida e a orientação sexual tem lhe dado dor de cabeça e prejuízos. Segundo relata em vídeos, os pais nunca aceitaram essa situação e “alguns parentes” também não, razão pela qual vem batalhando praticamente sozinho pela vida, para romper as dificuldades naturais e o preconceito.

A sobrevivência do Adilson não é mais da forma primitiva, como maioria dos indígenas ainda se comportam sob o vasto verde das matas do interior acreano. Ele usa roupas boas e come nas melhores padarias e pensões de Jordão. Tudo graças ao trabalho de divulgação, sua network. Enquanto os sonhos não vão se materializando, Kupi vai sobrevivendo, encarando a vida e, sobretudo, o receio dos próprios parentes.

Mesmo com a comunicação ruim entre a capital e o município de Jordão, deu para entender que, aos 20 anos de idade, Kupi é cheio de graça e altamente entusiasmado com tudo. Quebra qualquer pasmaceira. A autoestima, nossa senhora, é das nuvens pra lá. Os sonhos do menino não são qualquer coisa, para quem vem de onde vem, mas são possíveis. É alto o astral desse digital influencer da voz estridente com sotaque indígena, mas trabalhado para ser lançado no ar da forma mais silábica possível. Ele sabe como chamar por ajuda.

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