ACRE
Acreano que largou as carreiras de jogador, dançarino, policial e administrador de empresas para virar médico recebeu seu troféu nesta segunda, 25, o CRM: “Venci”, disse ao receber o documento
Evandro Cordeiro para o AcreNews
Aos 37 anos de idade, na manhã desta segunda-feira, 25 de abril, o acreano de Rio Branco Jairo Lima alcançou algo que garante ter combinado com Deus muito tempo atrás: o documento com o qual poderá trabalhar como médico no mundo inteiro, o tão desejado CRM, sigla para Conselho Regional de Medicina, por meio do qual é expedido um número de registro, dando legalidade a sua profissão, a medicina. “Eu disse: Deus, eu quero fazer alguma coisa na vida por meio da qual eu possa ajudar o meu próximo. Pronto, hoje chegou a benção, o CRM”, disse, numa empolgação só, à reportagem do AcreNews, direto de Belém, no Pará.
Até receber o registro esta manhã, teve um caminhão longo, doloroso, que exigiu muito esforço, renúncia e outros quitais. Jairo não é de família pobre, mesmo assim, para chegar onde chegou enfrentou desafios como morar sozinho e ter que romper madrugadas estudando, enquanto muitos amigos estavam na farra. Antes de chegar em Cochabamba, na Bolívia, onde cursou sua faculdade, havia se formado em Administração pela FAAO, entrado para a Polícia Militar do Acre e tido uma passagem promissora pelo futebol, com passagem, inclusive, por clubes do Paraná, mesmo que tenha sido nas categorias de base. Sem contar que, depois de muito treinar em uma academia, acabou virando professor de dança.
Não foi fácil jogar tudo isso para trás, assim como deixar a família, com quem sempre foi muito apegado, para buscar aquilo que pediu a Deus, uma profissão para ajudar as pessoas. Descendente dos Dantas, uma família numerosa e tradicional que se aboletou na capital do Acre no final dos anos 1970, vinda do seringal Mercês, entre Rio Branco e Sena Madureira, o franzino Jairo ficou muito tempo longe dos parentes. A ajuda para vencer a distância e a saudade era aliviada pelo telefone. “Minha família me apoiou geral. Foi o que me segurou tão longe”, contou.
Antes de cursar a primeira faculdade, administração, Jairo não precisou de escolas privadas de ensino para ser destaque. Para iniciar a vida escolar foi matriculado na franciscana escola Padre Peregrino, depois na Alcimar Nunes Leitão e, por fim, na João Aguiar, apesar do esforço do Governo, nenhuma delas referência na lista do sistema educacional estatal. “Hoje agradeço a essas escolas por onde passei, porque alcancei minha vitória e vou ali comemorar”, falou, com voz bem mansa pelo telefone, uma marca dele desde garoto. Jairo é filho da professora Maria José e do Raimundo Dantas, que se preocuparam em formar os filhos desde cedo, mesmo sempre ligados ao campo. Raimundo, principalmente, até hoje, sobrevive da criação de gado, com a renda do tal negócio formou, além de Jairo, os outros filhos, Júnior e Janaína Dantas. “Eles são meu orgulho. Amo meu pai, minha mãe e meus irmãos”, disse, antes de se despedir e prometer que pode vir trabalhar no Acre em breve. Mas essa decisão vai ficar para depois da comemoração. Ele merece.
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