ARTIGO
ARTIGO | O agronegócio como estratégia para o desenvolvimento econômico e o combate a fome
Raimundo de Araújo Lima
Economista e Diretor de Produção e Agronegócio da Sepa
Nas últimas décadas, o agronegócio brasileiro tem crescido a taxas extraordinárias no mercado, contribuindo para o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto e do Equilíbrio da Balança Comercial Brasileira. Destaca-se nesse período, os ganhos efetivos de produção e produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos e o respeito e observância à legislação agrária e ambiental. O ritmo acelerado do crescimento e os ganhos de produtividade alcançados pelo agro brasileiro, podem ser comprovados a partir da análise das últimas três décadas, período em que a agricultura brasileira passou por uma revolução tecnológica que acarretou na quebra de paradigmas e da ortodoxia que imperava no rural brasileiro.
No que se refere a participação do agronegócio no desenvolvimento da economia brasileira, destaca-se inicialmente a busca incessante dos produtores rurais na perfeita combinação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho e tecnologia), uma vez que, o uso intensivo de tecnologias modernas ocasionou ganhos efetivos de produtividade. Ademais, é constatado através de dados estatísticos, que as taxas de incorporação de novas áreas para o cultivo são infinitamente inferiores às taxas de crescimento da produção.
A análise partirá da comparação da safra do último ano do Governo Sarney 1990 com a safra de 2022, destacando a área plantada, o volume de produção, a produtividade e o valor bruto da produção, para ao final, comprovar que além de benefícios econômicos, houveram benefícios sociais e ambientais.
É importante destacar, que o desenvolvimento do agro nas últimas três décadas, se deu nos solos menos férteis do país, os quais, por esse motivo, não eram utilizados e tinham baixo valor econômico no mercado, como era o caso do norte do Mato Grosso, Tocantins, oeste baiano, regiões pobres do Piauí e do Maranhão. A estratégia de incorporar essas terras ao processo produtivo de grãos, além de desviar a fronteira agrícola que seguia de forma acelerada para a Amazonia, valorizou o patrimônio fundiário brasileiro. Concomitantemente, gerou milhares de empregos no campo e na cidade, impulsionou a indústria de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, além de insumos, infraestrutura viária, hidroviária e a rede armazenadora, uma verdadeira revolução econômica, social e ambiental.
A produção de grãos na Amazônia, em especial a soja, vem sendo realizada nas áreas antropizadas ocupadas com pastagens e/ou degradadas, sem comprometer o meio ambiente. Portanto, qualquer medida que venha proibir o plantio de soja na região é insana e desrespeitosa com os mais de trinta e oito milhões que habitam na região. É preciso combater de forma intransigente todos os ilícitos praticados na região, mas de igual forma, reafirmar o que é lícito.
No último ano do Governo Sarney (1990) o Valor Bruto da Produção – VBP de grãos foi de 265 bilhões de reais, enquanto que a produção de grãos foi de 58 milhões de toneladas, numa área de 39 milhões de ha, com uma produtividade de 1.496 kg/ha. Em 2022 o VBP de grãos foi de 1 trilhão de reais, de uma produção de 271 milhões de toneladas), numa área de 74 milhões de ha, com uma produtividade de 3.644 kg/ha.
Os dados apresentados na tabela acima demonstram que, em 32 anos, a produção de grãos no Brasil, passou de 58 milhões de toneladas para 271 milhões, obtendo um crescimento de 366%, enquanto a área plantada saltou de 38 milhões de hectares para 74 milhões, atingindo um crescimento de apenas 91%. Desse modo, denota-se que, a taxa de crescimento da produção de grãos (366%) foi quatro vezes maior que a taxa de incorporação de novas área para o plantio (91%). A partir desses percentuais é possível afirmar que a utilização de tecnologias modernas, a qualificação de mão de obra e a intensificação de capital no campo, foram os principais responsáveis pelo fantástico desempenho da agricultura brasileira, no que se refere à produção e produtividade, e aos benefícios econômicos, sociais e ambientais aferidos no período. A contribuição do agronegócio para o desenvolvimento da economia brasileira, é constatada pela sua participação na formação PIB, que em 2021 que foi de 27%, e pelo equilíbrio da Balança Comercial através de suas exportações que bateram recorde em 2021, atingindo o valor de 120,6 bilhões de dólares, uma alta de 19% quando comparada a 2020, garantindo um superavit de 105,1 bilhões de dólares.
Enquanto o PIB brasileiro cresceu a uma taxa de 4,6% em 2021 em relação a 2020, o agronegócio cresceu a uma taxa de 19,7% no mesmo período. Isso significa que o agronegócio se tornou o principal setor na geração de riquezas e no equilíbrio da balança comercial brasileira.
No caso do Acre, o agronegócio experimenta suas maiores taxas de crescimento no governo Gladson Cameli (2018–20220), onde a mudança de rumo, o respeito e apoio aos que produzem, a ampliação dos recursos orçamentários para o setor, a contratação de pessoal terceirizados, o apoio e incentivos ao plantio de grãos e em especial a soja, a disponibilização dos silos ao produtores, a melhoria de estradas e ramais, a elaboração do Projeto Mecanizar+ pela diretoria técnica da Sepa, as emendas parlamentares para aquisição de novas máquinas, equipamentos, implementos e insumos, criaram as condições necessárias para que os atores do agronegócio acreano acreditem que é possível se alcançar os mesmos patamares vivenciados pelos estados que compõem a região central do Brasil.
O quadro abaixo, apresenta os dados estatísticos referente a produção de grãos no primeiro governo Gladson Cameli, com destaque para volume de área plantada, produção, produtividade e o Valor Bruto da Produção – VBP.
Produção estadual de grãos no 2018-2022
Vamos as análises: em 2018 o valor bruto da produção de grãos alcançou a cifra de 78 milhões de reais saltando para 235 milhões de reais em 2022, um crescimento de 198%. Nesse mesmo período a quantidade produzida, saltou de 91 mil para 161 mil toneladas, registrando um incremento de 76%. Enquanto que a área plantada passou de 41 mil para 61 mil hectares, obtendo um crescimento de 49%. A produtividade em 2018 era de 2.227 kg/ha passando para 2.624 kg/ha, um aumento de 18% em apenas 4 anos.
Esses dados demonstram que as taxas de crescimento obtidas pelo agronegócio acreano guardam uma perfeita relação com as obtidas pelo agronegócio brasileiro, principalmente no que se refere a produção de grãos e a contribuição do agro para a economia brasileira. Neste diapasão, podemos concluir que a política estabelecida pelo governador Gladson Cameli para esse setor foi por demais acertada.
Segundo previsão do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para 2022, o agronegócio acreano contribuirá com 16% do Produto Interno Bruto – PIB e com 95% das exportações acreanas, sendo o principal responsável pelo equilíbrio da balança comercial e o maior fornecedor de matérias primas para as indústrias. Além da comprovada contribuição econômica o agronegócio acreano contribui com a preservação das florestas quando incorpora apenas áreas ocupadas com pastagens e áreas degradadas ao processo de produção. Os benefícios sociais também são visíveis com a geração de empregos, a melhoria na qualidade de vida da população rural e a mudança na paisagem as margens das estradas e rodovias com a construção de vários silos, a mecanização dos solos para plantio, além da construção de galpões para abrigo de máquinas, equipamentos, implementos e insumos agrícolas.
Por fim, o primeiro governo Gladson Cameli, pavimentou os caminhos para que o Estado possa viver uma grande revolução rural nos próximos quatro anos, garantida pelos recursos já aplicados na aquisição de máquinas, equipamentos, implementos, insumos modernos, tecnologia e capacitação técnica, e pelos projetos elaborados que apontam o rumo, definem recursos e estabelecem estratégias capazes de garantir o desenvolvimento do Acre em bases sustentáveis.