Líder da igreja Batista Lagoinha no Acre, Lorena Torres, escreve emocionante texto sobre ser pastora

PASTORA HÁ 11 anos!!

• Lorena Torres

Ser pastora é muito mais que ser uma pregadora. Está além de ser uma administradora de igreja. Ser pastora é algo da alma, não apenas do intelecto.

Ser pastora é sentir paixão pelas almas. É desejar a salvação de alguém de forma tão intensa, que nos leve à atitude solidária de repartir as boas-novas com ele. É chorar pelos que se mantém rebeldes.

Ser pastora é festejar a festa da igreja. É alegrar-se com a alegria daquele que conquista um novo emprego, daquele que gradua-se na faculdade, daquele que recebe a escritura da casa própria ou do outro que recebeu alta no hospital. Ser pastora é ter o brilho de alegria ao ver a felicidade de um casal apaixonado, ao ver o sucesso na vida cristã de um jovem consagrado, é festejar a conversão de um familiar de alguém da igreja por quem há tempos se vinha orando. Ser pastora é desejar o bem sem cobiçar para si absolutamente nada, a não ser a felicidade de participar dessa hora feliz.

Mas ser pastora também é chorar. Chorar pela ingratidão dos homens. Chorar porque muitas vezes aqueles a quem tanto se ajudou são os primeiros a perseguirem, a esfaquearem pelas costas, a criticarem, a levantarem falso testemunho. Ser pastora é chorar com os que choram, é dar o ombro para o entristecido pela perda de um amor, é ser a companhia do solitário, é ouvir a mesma história uma porção de vezes por parte do carente. Ser pastora é chorar com a família necessitada, com o pai de um drogado, com a mãe da prostituta, com a família do traficante, com o irmão desprezado.

Ser pastora é ter interesse prioritário pelo pregar a Cristo. É saber dizer não quando o coração disser sim. Ser pastora é não envolver-se em demasia com as pessoas, ao ponto de se perder a linha divisória do amor e do respeito, do carinho e da disciplina. Ser pastora é disciplinar com carinho e amor, conquanto com a firmeza da vara, da correção. É obedecer a Bíblia! É seguir a Deus, não ao coração. Ser pastora é ser justa. Ser pastora é saber dizer não, quando a emoção manda dizer sim.

Ser pastora é ter a consciência de não ser sempre popular, principalmente quando tiver que tomar decisões pesadas e difíceis, e saber também ser humilde quando a bênção de Deus a enaltecer diante do rebanho e diante do mundo. Os erros são nossos, mas a glória é de Deus.

Ser pastora é levantar-se quando todos estão dormindo e dormir quando todos estão acordados, socorrendo ao necessitado no horário da necessidade. Ser pastora é não medir esforços pela paz.

É pacificar pais e filhos, maridos e esposas, irmãos e irmãs. Ser pastora é sofrer o dano, o dolo, a injustiça, confiando aquele que é o galardoador dos que o buscam.

Ser pastora é dar a camisa quando lhe pedem a blusa, andar duas milhas quando a obrigam a uma, dar a outra face quando esbofeteada.

Ser pastora é estar pronta para a solidão. É manter-se no Santo dos Santos de joelhos prostrados, obtendo a solução para os problemas insolúveis. Ser pastora é saber lidar com a indiferença, críticas e julgamentos de muitos, até mesmo daqueles que deveriam te apoiar. Ser pastora é manter sigilo no coração, mantendo em segredo o que precisa continuar sendo segredo, e repartindo com as pessoas certas aquilo que é “repartível”.

Ser pastora é muitas vezes não ser convidada para uma festa, não ser informada de uma notícia ou ser deixada de fora de um evento, e ainda assim manter a postura, a educação e a compaixão.

Ser pastora é ser esposa e ser mãe. É fazer de seu ministério motivo de louvor dentro e fora de casa, mesmo diante das suas imperfeições.

Ser pastora é preocupar-se menos com o que os outros vão pensar e mais no que os seus filhos vão aprender, sentir e receber. Ser pastora é ver cada ovelha crescer, dando a cada uma a atenção e o amor necessários. É orgulhar-se de ser mãe, alegrar-se por ser esposa, servir de modelo para o povo.

Ser pastora é pedir perdão. Se as pastoras fossem super-heroínas, Deus daria a tarefa pastoral aos anjos, mas preferiu fazer de pecadoras convertidas as líderes de rebanho, pois, sendo humanas, poderiam mostrar aos demais que é possível ser uma bênção. Mas, quando pecarem, saberem pedir perdão.

A humildade é uma chave que abre todas as portas, até as portas emperradas dos corações decepcionados. Ser pastora é saber discernir entre ficar ou sair, entre continuar e recolher-se respeitosamente.

Ser pastora é crer quando todos descreem. Saber esperar com confiança, saber transmitir otimismo e força de vontade. É fazer de seu púlpito um farol gigantesco, sob cuja luz o povo caminha sempre em frente, para cima e em direção a Deus. Ser pastora é ver o lado bom da questão, é vislumbrar uma saída quando todos imaginarem que é o fim do túnel.

Ser pastora é contagiar, e não contaminar. Ser pastora é inovar, é renovar, é oferecer-se como sacrifício em prol da vontade de Deus. Ser pastora é fazer o povo caminhar mais feliz, mais contente, é fazer a comunidade acreditar que o impossível é possível, é fazer o triste ser feliz, o cansado tornar-se revigorado, o desesperado ficar confiante e o perdido salvar-se.

Ser pastora é saber envelhecer com dignidade, sem perder a jovialidade. É ser amiga dos jovens e companheira dos adultos. Ser pastora é saber contar cada dia do ministério como uma pérola na coroa de sua história. Ser pastora é ser companhia desejada, querida, esperada. É saber calar-se quando o silêncio for a frase mais contundente, e falar quando todos estiverem quietos.

Ser pastora é saber viver. Ser pastora é também estar preparada para a morte e quando morrer, deixar a mensagem de Paulo: “combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé“. Ser pastora é fazer com que os filhos e os filhos dos filhos tenham um legado, talvez não de propriedades, dinheiro ou poder, mas o legado da grande matriarca da família, daquela que viveu e ensinou o que é ser uma pastora.

Louvado seja Deus por estar completando exatamente no dia de hoje, 29/01, 11 anos de chamado e dedicação ao ministério pastoral! Obrigada Deus, pois, mesmo conhecendo todas as minhas imperfeições, me escolheu e escreveu uma nova história para minha vida, quando muitos duvidavam da minha sensibilidade para ouvir tua voz, da minha capacidade para conduzir teu rebanho e do meu amor pela tua palavra!

Apenas, GRATIDÃO!