RAIMUNDO FERREIRA
Não devemos julgar pelas aparências
Apesar de ter vivido de 55 a 135 d.C. O filósofo grego da escola Estoisista, Epicteto, na obra resgatada pelos seus discípulos, considerada um manual para a vida, “a arte de viver” que,
apesar do tempo decorrido, mas apresenta conceitos e orientações que demonstram com muita precisão as questões vivenciadas na atualidade, na verdade, é interessante destacar a importância da filosofia junto a estas questões da visão e interpretação lógicas dos acontecimentos em qualquer aspecto da vida humana ao longo do tempo.
Dessa forma, nesse contexto, entre as inúmeras orientações para a vivência humana com dignidade, destacamos na obra de Epicteto, a problemática do pré-julgamento e que insistentemente ele enfatiza a necessidade de se definir com precisão as situações, os fatos e também os objetos observados, ou seja, insiste na necessidade para que as situações, fatos e coisas sejam rotuladas e/ou nominadas com os nomes exatos, em qualquer que seja a circunstância.
Na visão de Epicteto, os nomes e rótulos imprecisos são insignificantes e contribuem para distorcer a verdade, ou seja, o ato deliberado de mudar os conceitos e definições nos leva a cometer graves e as vezes irreversível erros de julgamento e consequentemente a tonar decisões precipitadas.
Por exemplo, não será por conta de algumas vezes observarmos um indivíduo degustando um taça de vinho, que possamos concluir, que esse indivíduo é um alcoólatra, o correto seria defini-lo a priori, como sendo alguém que aprecia vinhos, assim como, seria precipitado definir a personalidade de alguém como sendo grosseiro ou estúpido, por conta de que em um primeiro encontro ele encontrava-se irritado, da mesma forma, julgar alguém como sendo desonesto, ou espertalhão, apenas por conta da aparência que você julgou a primeira vista, na verdade, o que mais existem nessa vida são problemas de toda ordem, as pessoas podem estarem passando por algum e você não sabe e nessa primeira aparências poderá exatamente está sendo influenciada e consequentemente apresentando mudança no humor e até na personalidade.
Sobre a questão do pré-julgamento propriedade, atualidade observarmos, especialmente através dos canais populares de comunicação, uma situações que ilustram com bastante propriedade estas práticas do julgamento precipitado e que por sinal, em muitas situações acarreta até linchamento moral, conforme podemos observar, muitas pessoas são taxadas de homofóbicas, machistas, racistas, fachistas etc., e dependendo da circunstância esses rótulos passam a circular, como se diz na linguagem do momento, viralizar nas redes sociais e o acusado, em muitos casos, mesmo sem exercer as práticas, pelas quais está sendo acusado, sofre a consequência dos ataques, sem ter a quem recorrer.
Nossa conclusão é que a serenidade, a cautela, a observação acurada antes de qualquer atitude, até da manifestação oral, pode não evitar todos os riscos da precipitação e do julgamento açodado, mas consiste no comportamento mais adequado para o relacionamento humano.