ARTIGO DO PROFESSOR RAIMUNDO FERREIRA — Voando com as Muriçocas

Para que serviria essa capacidade de raciocinar, modificar ambientes e seu gosto, viajar no tempo e no espaço sem sair do lugar, fantasiar as coisas e os acontecimentos com as cores e o formato que melhor lhe agrade, criar qualquer coisa do nada, inventar realidades particulares, conjecturar verdades ou mentiras a seu bel prazer, enfim ter a plena liberdade de esboçar livremente o que lhe venha à cabeça? Estas e muitas outras possibilidades se encontram à sua disposição, basta você se dispor a executar a mente e explorar o imaginário, sobre a forma, as cores, se existe a possibilidade de execução prática ou não, se serão ideias boas ou ruins etc., estes detalhes se vê depois, e só saberemos como acontece e funciona, se colocarmos a mente para trabalhar e navegar na imaginação criativa. Por falar em imaginação, nesse exato momento me veio uma ideia que não tem nada a ver com nada, alguém já parou para pensar nesse mosquitinho perturbador, chato e inconveniente, no entanto, para sua habilidade de sobrevivência apresenta-se como um mestre na arte de introduzir nas mais diversas superfícies de pele dos seres vivos, seu aparelho de sucção para se abastecer de sangue e ao mesmo tempo, contribui de forma tão venal para transmissão de várias doenças infecciosas. Não vamos entrar nas discussões biológicas, científicas e sobre a utilidade desses serezinhos alados na natureza, mesmo porque a princípio, não acreditamos que esses mosquitos tenham sido criados apenas para perturbar o sossego. Bem, mas independentemente desses questionamentos muriçoquenses, os carapanãs realmente nos deixam intrigados e essa ideia da existência apenas para perturbar os seres vivos, ganhar força quando observamos seus comportamentos. Por exemplo, você pode até relaxar a meia luz com o corpo todo desnudo, não vamos afirmar que eles não vão picar em outros locais do corpo, mas, com absoluta certeza, o seu maior fetiche, não é só picar em qualquer local, mas sim, ficar fazendo aqueles sobrevoos em torno da orelha, acreditamos que aquele formato de pequenas crateras, com saliências irregulares e com aquele ofício ao centro, como se estivessem sobrevoando um labirinto, lhes proporcionam muito mais prazer do que sente, aqueles turistas que sobrevoam em balões, a região da Capadócia/Turquia, ao raiar do dia, e ainda tem outro detalhe, além do prazer dos carapanãs nestas evoluções, existe a excitação do perigo, pois, de vez em quando, eles são surpreendidos com tapas, que são desferidos tentando apanhar algum piloto desavisado, mas tudo isso faz parte da diversão e eles com perfeita perícia vão se esquivado, e ainda desdenham dos seres encomodados, com aquela frase célebre, “perdeu mané”.