CULTURA & ENTRETENIMENTO
Centro Cultural do Juruá abriga história e valores que constroem a trajetória do Poder Judiciário no Acre
Preservar a memória institucional é manter a instituição viva e o Centro Cultural do Juruá, que é o prédio público mais antigo do Acre em utilização, por manter a mesma característica arquitetônica desde a sua inauguração, em 1909, é o instrumento de vínculo com a sociedade para as lembranças.
No alto da cidade de Cruzeiro do Sul, com uma vista privilegiada, o Centro Cultural do Juruá, também conhecido como “Antigo Fórum” e “Museu da Justiça”, abriga história e valores que constroem a trajetória do Poder Judiciário no Acre. O prédio começou a ser construído em 1904, em forma de palacete, após a assinatura da Ata de Fundação da cidade de Cruzeiro do Sul.
A princípio, o edifício abrigou a intendência do Departamento do Alto Juruá e o Poder Judiciário. Mas, em 1909 até 2002, passou a acolher com exclusividade a Justiça de Primeiro Grau. Fato marcante, em 1912, foi a criação do “Tribunal de Apelação do Alto Juruá”, instalado em 12 de março de 1913, que funcionou até 1917. O prédio começou a ser erguido com as presenças de Marechal Gregório Thaumaturgo de Azevedo e do primeiro juiz de Direito de Cruzeiro do Sul, Fernando Luís Vieira Ferreira.
O Casarão foi sede da primeira Prefeitura (Intendência do Alto Juruá) e depois foi repassado ao Poder Judiciário, onde abrigou por décadas os cartórios e o Tribunal de Júri da Comarca.
Em 2003, o prédio foi transformado no primeiro Museu da Justiça Acreana e de até hoje preserva e apresenta em exposição permanente objetos e móveis centenários.
“Lá testemunhei várias atos da Comarca de Cruzeiro”, diz desembargador Samoel Evangelista
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Samoel Evangelista, foi um dos desembargadores que prestigiou a inauguração do Centro Cultural do Juruá ao lado do desembargador Arquilau de Castro Melo, atualmente aposentado, mas que na época era o presidente do TJAC, do desembargador Jorge Araken (in memoriam) e do desembargador Ciro Facundo (in memoriam).
Ele lembra quando trabalhava na parte superior do prédio quando era promotor de Justiça. “Durante alguns anos, precisamente a partir de 1987, eu ocupei, como promotor de Justiça, a parte superior do prédio, que hoje funciona o Centro Cultural de Cruzeiro do Sul. A Promotoria de Justiça de Cruzeiro do Sul, que era única, ocupava o andar superior. Durante muitos anos foi lá que trabalhei”, disse.
O desembargador também compartilhou da forte emoção em participar da solenidade de transformação do antigo prédio em Centro Cultural do Juruá.
“Foi no final da gestão do desembargador Arquilau, que tinha como vice o desembargador Ciro Facundo e, logo em seguida, o desembargador Ciro assumiu a Presidência do TJ. E eu já tinha sido eleito para a gestão seguinte. Foi com muita alegria que participei do ato. Vários anos estive e trabalhei no prédio. Na parte inferior funcionava o Cartório da Vara Cível e o Cartório Eleitoral. Lá testemunhei várias atos históricos da Comarca de Cruzeiro do Sul”, ressaltou o desembargador Samoel elogiando o desembargador Arquilau pela visão em tornar o espaço o Centro Cultural e o desembargador Ciro, pela por acolher a ideia.
Lendas
Assim como existe a lenda da cobra-preta da Gameleira, em Rio Branco, em Cruzeiro do Sul também tem sua história. Segundo o coordenador do Centro Cultural do Juruá, Narcelio Generoso, idosos da localidade contam lendas importantes envolvendo o barranco do antigo fórum.
“O local respira história e é um dos lugares preferidos pelos munícipes e turistas para visitação ao museu e books fotográficos. Há uma linda paisagem no entorno do prédio onde a comunidade utiliza para fazer piqueniques. Até as lendas são importantes”, diz Narcelio.
De acordo com ele, os idosos fazem questão de sempre contar as estórias de uma serpente gigante que se abriga no barranco do antigo fórum e que, quando mexe a enorme cauda, provoca tremores de terra em Cruzeiro do Sul.
“Lenda é uma narrativa transmitida oralmente pelas pessoas e fazem parte da nossa cultura. As lendas têm o objetivo de explicar os acontecimentos misteriosos que nos rodeiam e essa estória contada pelos idosos, sobre o barranco que hoje é o Centro Cultural, é importante para a história. O Centro Cultural do Juruá, patrimônio histórico e cultural de nosso Estado, vem cumprindo bem o seu papel de ser um dos guardiões da memória do Tribunal de Justiça do Estado do Acre”, comentou.
O Centro Cultural do Juruá teve revitalização total em 1 de dezembro de 2022, conquistando acessibilidade à pessoa portadora de deficiência.
Por Ana Paula Batalha da Silva | Comunicação TJAC