Connect with us

ARTIGO

Entre as personalidades do Juruá, Ere Hidson conta a história do Armando Geraldo, dono de uma das primeiras fortunas da região

Publicado

em

A região do Vale do Juruá é uma das mais prósperas do Acre e grande parte do Brasil sabe disso. Ali se originaram algumas das maiores fortunas do Norte. A família Cameli é um exemplo. Mas há um pioneiro dessa graça divina, o seringalista Armando Geraldo da Silva. Se vivo fosse, ele completaria nesta sexta-feira, 4 de agosto, exatos cem anos.


Filho da professora Leonila da Silva Rosas e de Raimundo Geraldo da Silva, Armando casou-se com Raimunda Oliveira da Silva Silva, com quem teve oito filhos, sendo estes:

  • Yolanda Geraldo da Silva, a primogênita;
  • Inalva Geraldo da Silva (in memorian);
  • Raimundo Geraldo da Silva (in memorian);
  • Antônio Geraldo da Silva (in memorian);
  • Armando Geraldo Filho (in memorian)
  • Haidêe Geraldo da Silva;
  • Sílvio Geraldo da Silva;
  • Aida Geraldo da Silva, a caçula.


Armando Geraldo estudou até o antigo segundo grau, concluído em Belém do Pará, cidade que ele gostaria de morar quando se aposentar-se. Não tendo conseguido realizar esse desejo, uma vez que faleceu aos 58 anos em 1981, de maneira prematura.


Esse pioneiro das fortunas do Juruá não nasceu exatamente rico. Seus inumeráveis bens são resultados de muito trabalho. Aliás, trabalhar foi o ofício iniciado ainda muito jovem, no comércio de Cruzeiro do Sul. Primeiro emprego: Casa Pedreira, de propriedade de sua tia Margarida Pedreira. Esta era esposa de Luiz Merim Pedreira, comerciante próspero, dono da Casa Pedreira, uma loja de aviamentos e mercadorias. Incentivado pela tia, começou a arrendar para ele seus seringais e fornecendo mercadorias como aviamentos para lhe pagar com a produção de borracha.


Já casado foi residir no Seringal Iracema, de propriedade de sua tia e familiares, no Alto Rio Tejo, onde nasceu a sua primeira filha, a Yolanda. Se estabeleceu depois no seringal arrendado Paraná dos Mouras, no rio de mesmo nome, afluente do Rio Juruá, lugar onde nasceram os filhos Armando e Inalva.


A partir desse período, arrendou também o Seringal Cruzeiro do Vale, de propriedade da família Barauna, tendo como a Foz do Riozinho Cruzeiro do Vale, e do outro lado a Vila Porto Walter.


Nesta propriedade construiu seu armazém de mercadorias de mantimentos e aviamentos para vender aos seringueiros e ribeirinhos. Após alguns anos, deixou de arrendar ou administrar o Seringal Cruzeiro do Vale e fixou residência em Porto Walter, onde nasceram os filhos Haidêe, Raimundo, Antônio, Sílvio e Aida. Estabelecendo seu comércio de mercadorias em geral com divisão para medicamentos, tais como soros antiofidicos, remédio para malária, analgésicos e outros remédios de primeira necessidade. Ainda na Vila Porto Walter foi nomeado juiz de paz, tendo como escrivão Vicente Lopes, celebrando inúmeros casamentos civis, cito o casamento do que viria ser no futuro o prefeito de Cruzeiro do Sul, Pedro Negreiros.


Em 1969 mudou-se para Cruzeiro do Sul com a família, estabelecendo um comércio, denominado Casa Geraldo, além de uma farmácia, a R. Oliveira. Continuando a abastecer os armazéns com filiais no Alto Rio Juruá, Rio Tejo e em Porto Walter, sua fortuna ia crescendo.
Com o lucro das atividades de seringalista e comerciante, comprou as seguintes propriedades rurais no Alto Juruá: Seringal Porto Said, no Rio Ouro Preto, e Seringal Rio Branco, no Rio Juruá Mirim, além da Fazenda São Geraldo, no Rio Juruá, onde iniciou suas atividades de pecuarista.


Conseguiu nos anos 1970 a sua maior façanha na produção de borracha. Produziu 500 mil toneladas, um recorde noticiado naquela época. No apogeu de suas atividades, ainda arrendou mais um seringal, o Boa Fé, no Baixo Juruá.


Adquiriu vários pontos comerciais, casas e terrenos em Cruzeiro do Sul. Possuía vários barcos e também pequenas embarcações para escoar a produção de borracha e fazer as viagens. Suas embarcações mais conhecidas são: rebocadores Sílvio Geraldo, São Geraldo, e a Nara, que adquiriu de um amigo, Raimundo Quirino.


Sempre foi de paz, hábil negociador, perspicaz, com uma capacidade extraordinária para fazer negócios. Dotado de inteligência admirável, era viciado em livros, gostava da boa leitura e do bom futebol. Chegou a patrocinar e presidir um time local denominado Nauas Futebol Club.
Até comprou em Cruzeiro do Sul antenas com sinais de TV para a transmissão da copa do mundo de 1978, negociando diretamente com Phelippe Daou, proprietário da Rede Amazônia, detentora dos sinais da Rede Globo no Norte do País, feito esse que este simples contista destaca com muita relevância, sobretudo para o momento em que os fatos ocorreram.
Era frequentador assíduo das festas do clube Juruá. Na lista de amigos que ele fazia questão de citar estão Maurício Mappes, Estevão Barbary, Elias Barbary, Epaminondas Magalhães, Marmud Cameli, Petrônio Magalhães,


Padué Pinheiro, Cláudio Nobre, José Correia dos Santos (Dedé) e Duca, irmão do Dedé. Ainda do time de amigos, ele não abria mão de Fenelon Almeida, Ercen Camely, Deleuse Barauna, Aluísio Borges, Ari Pinheiro, Alcides Rodrigues, Adauto Souza, João Mendonça, Antônio Parente, Magid Almeida, Jamil Jereissati, Carlito Braga, Altevir Souza, Raimundo Sinal, Benvindo Pinheiro, Thomas Maia, Didi Vieira, Raimundo Vieira, Euclides Queiroz, Gilson Magalhães, Godofredo Magalhães, Mancio Lima Filho, Moacir Rodrigues, Alfredo Said, Mamede Camely, Fernando Perez Nobre, João Soares de Figueiredo (Tota) e Saidinho Almeida.


Homem de bem, muito católico, gostava das festas das padroeira do interior. Patrocinava leilões e quermesse nos novenários Nossa Senhora da Conceição em Porto Walter, e a festa de São Sebastião, padroeiro da Vila Thaumaturgo. Ajudava a igreja católica no que podia. Fez forte amizade com os vigários alemães na Vila Porto Walter, com os ainda padres Henrique Ruth e Luiz, que mais tarde seriam Bispos em Cruzeiro do Sul.


Seus seringueiros eram premiados por produção de borracha, ganhavam prêmios como: espingardas, motores de rabeta (burro preto), máquina de costura, entre outros. Trabalhou com milhares de seringueiros, chegou a ter 2 mil trabalhadores, mas nunca teve nenhum tipo de desavença com nenhum destes. Chegou a buscar homens de navio no Ceará, para trabalhar na produção de borracha.


Era trabalhador e não teve tempo de cuidar da saúde, vindo a falecer ainda jovem, em decorrência de diabetes. Deixa como legado o seu trabalho, o exemplo de honestidade para as gerações futuras, trabalhou pelo bem comum sem distinção de classes, gerando emprego e renda através da produção da borracha e da atividade comercial. Essa entrevista foi concedida gentilmente pela filha primogênita, a bancária Yolanda Geraldo da Silva, que mora atualmente em Belém do Pará.

A de óculos é Yolanda Geraldo, filha do Armando, com a prima Norma Rosas
Continue lendo

EXPEDIENTE

O Portal Acrenews é uma publicação de Acrenews Comunicação e Publicidade

CNPJ: 40.304.331/0001-30

Gerente-administrativo: Larissa Cristiane

Contato: siteacrenews@gmail.com

Endereço: Avenida Epaminondas Jácome, 523, sala 07, centro, Rio Branco, Acre

Os artigos publicados não traduzem, necessariamente, a opinião deste jornal



Copyright © 2021 Acre News. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por STECON Soluções Tecnológicas