Depois da privatização, Aeroporto de Rio Branco dando sinais de completo abandono

Por Wanglézio Braga

Depois de 19 meses de privatização, o Aeroporto Internacional de Rio Branco – Plácido de Castro deu os primeiros sinais de abandono, de descaso, por parte da sua administradora a Vinci Airports, grupo francês autorizada a operar no terminal por 30 anos conforme estabeleceu o edital do governo Bolsonaro para leilão que arremeteu sete terminais na região norte incluindo o da capital e de Cruzeiro do Sul, interior do estado.

Numa rápida visita no terminal, o AcreNews encontrou já no saguão do aeroporto, cadeiras enferrujadas, refrigeração desligada, bebedouros desmantelados e parte do forro aberto, exposto.

“Tá acabado! Nem parece aquele aeroporto de antigamente que era todo tempo geladinho, que tinha limpeza nos banheiros. Agora fico até com medo de sentar nessas cadeiras enferrujadas com medo de tétano. A empresa precisa pintar, fazer reforma ou comprar outras com urgência”, reclamou Moacir Figueiredo, representante comercial que faz uso do aeroporto frequentemente.

No piso superior, o que chamou a nossa atenção foi a falta de limpeza no Mirante, principal atração para o público que gosta de assistir as operações de pouso e decolagem das aeronaves. Os vidros estavam desasseados, sem limpeza há dias.

“É triste isso aqui. Nem foto a gente consegue fazer direito com tanta mancha de mãos, de insetos, de teia de aranha. É preciso intervenção o quanto antes. Olha só, o calor que estamos passando aqui? Tá tudo desligado! Quando a gente embarca pagamos uma taxa, parece que a empresa não tem usado da melhor maneira”, comenta Felipe Scortello, de 42 anos.

Vale lembrar que o Aeroporto foi reinaugurado em abril de 2018. Um contrato para a obra foi assinado pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil com o Governo do Acre, investimento de R$ 43,2 milhões de reais. Entre as melhorias esteve o terminal, que ficou três vezes maior, a reforma ampliou a capacidade de 1,2 milhão para 2,4 milhões de passageiros por ano. O aeroporto ainda ganhou novas salas de embarque e desembarque internacional. O terminal recebeu uma escada rolante, novas posições de check-in, nova esteira de bagagens e mais um elevador.

O QUE DIZ A EMPRESA FRANCESA

Nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa. A manifestação foi via nota. No documento, a Vinci Airports informa que “logo no início da atual administração, foi instituído um plano de ações imediatas, com melhorias na infraestrutura do terminal. Essa fase inicial também teve como foco realizar manutenções pontuais necessárias para conservar e aprimorar as instalações, visando garantir a continuidade das operações, além de outras medidas para melhorar a experiência do passageiro como a instalação de wi-fi ilimitado e de alta velocidade”.

A administradora acrescenta que “contemplou ainda algumas atividades de manutenção necessárias na fachada do aeroporto, para permitir os serviços de limpeza da mesma, atividade que está incluída no cronograma de ações do aeroporto”. Destaca-se que, atualmente, está em andamento um serviço de manutenção no forro do terminal, e as longarinas e bebedouros passarão por reparos”.

Por fim, informa que “na segunda etapa do pacote de melhorias, o aeroporto passará por obras estruturais que contemplam intervenções no terminal de passageiros e na pista de pousos e decolagens, com o objetivo garantir a continuidade das operações, mais segurança e conforto aos passageiros”. “As obras devem ser concluídas no segundo semestre de 2024”, concluiu.