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Grupo da Itália cruza o Brasil só para conhecer Tarauacá, se aventura na floresta e na medicina indígena
Por Wanglézio Braga
Um grupo de 10 italianos fizeram uma longa viagem de Venice, a popular Veneza, na Itália até o Brasil e em seguida cruzaram todo o país para chegar à cidade acreana de Tarauacá, distante 409 km da capital Rio Branco. O objetivo dos estrangeiros era conhecer a floresta Amazônica, as aldeias indígenas e receber conhecimento sobre a medicina da floresta. Depois de dias de viagem, eles conseguiram!
A ideia de conhecer Tarauacá foi do pesquisador Roberto, o líder do grupo, daí Glória, Kiara, Gabriel, Leon, Francesca e mais quatro membros toparam a longa e cansativa viagem feita de avião, de ônibus, de carro até o e ainda de barco quando visitaram as aldeias.
Roberto contou ao AcreNews que seu desejo de visitar a nossa região surgiu de um documentário de televisão sobre a vida dos povos indígenas e seus trabalhos com a medicina na floresta. Ele passou a pesquisar sobre o assunto até conhecer outras pessoas que já tinham passado pelo Acre. O desejo se tornar um sonho e agora realidade.
“Chegar até esse lugar é gratificante. A gente vem de longe, de uma região banhada do mar e não temos contato com florestas. Talvez seja esse o nosso maior presente, o contato com a floresta, respirar ar puro e conhecer a medicina tradicional”, disse Roberto.
Ao desembarcar em Rio Branco o grupo sofreu o primeiro choque cultural: A gastronomia. Eles ficaram encantados com os temperos da comida acreana e a fartura posta à mesa com destaque para frutas e legumes que muitos nem conheciam. Ainda na capital puderam conhecer o trabalho dos indígenas no Espaço Kaxinawá.
Já em Tarauacá, os expedicionários chegaram à Aldeia Sagrada dos Povos Yawanawá. O acesso é feito de canoa voadeira pelo Rio Gregório. No porto de Tarauacá, algumas instruções de locais que sentiam dificuldades em falar outros idiomas. No local, não tem agentes de turismo disponíveis ou até mesmo informações turísticas. Falha grave para uma cidade que deveria enxergar esse setor como economia alternativa.
No mercado municipal, o grupo conheceu a farinha milito, produto característico de Tarauacá. Eles provaram ainda da rapadura, do alfenim, do queijo e apreciaram um café produzido no Acre, tudo isso num dia quente de 37°C. “O calor é algo difícil que estamos tentando se adequar. A nossa cidade é quente, mas, não é um quente tropical”, revelou Kiara.
Questionamos o que os visitantes mais gostaram do Acre. “Eu amei esse contato que vocês brasileiros, indígenas, locais, tem conosco. De receber bem a gente. Não é fácil encarar uma viagem cansativa e depois não ser recebido com um sorriso largo. Aqui a gente se sente em casa. Estou amando”, disse Francesca.
Leon também enfatizou o carisma do povo brasileiro. “O sorriso e a humildade de vocês foi o que me chamou mais atenção. A floresta amazônica é grandiosa, linda e precisamos preservar. Quando casar e ter filhos, quero fazer o mesmo com eles. Trazê-los aqui para conhecer as histórias dos índios como eles comem, vivem, como dançam, como são um povo alegre e guerreiros”.
Após o rápido bate-papo, o grupo seguiu viagem a uma outra aldeia, desta vez o acesso foi por meio do Rio Tarauacá. Enquanto nos despedimos, um morador da cidade ressaltou a importância desses turistas para a região e criticou a falta de infraestrutura para receber essas pessoas.
“É esse pessoal aí que traz dinheiro para as aldeias. São eles que deixam gorjetas em euro, em dólar, e os indígenas conseguem comprar alimentos. Se depender dos governos, eles morrem de fome (…) Passou da hora da prefeitura, do governo começar a investir no turismo em Tarauacá. A gente tem que deixar o trabalho aqui no mercado para prestar informações aos visitantes, levar eles até onde querem porque não tem ninguém que os ajude nessa questão”, comentou.