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“Cunho ideológico” em questões do Enem faz bancada do agronegócio pedir anulações
Três questões do Enem 2023 são alvo de críticas pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne parlamentares ligados ao agronegócio. A bancada pediu a anulação desses trechos por entender a presença de “cunho ideológico.”
A pergunta que mais chamou a atenção é a de número 89, que trata da atuação do agronegócio no Cerrado. O texto traz fatores negativos do setor, como a “violência simbólica, a superexploração, as chuvas de veneno e a violência contra a pessoa”. As cinco alternativas disponíveis para resposta contêm outros elementos negativos que estariam relacionados com o agro.
A FPA também pede a anulação das questões 70 e 71.
Na 70, o autor do texto introdutório diz que a lógica que gera o desmatamento na Amazônia “está articulada pelo tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas”.
Já a 71 trata de evoluções tecnológicas relacionadas a viagens espaciais. Um texto indica que poucas pessoas poderão viajar ao espaço, enquanto o resto da população seria impactada pelos efeitos da viagem. E uma charge mostra um alienígena sendo avisado por um indígena para não confiar nos humanos bilionários que chegam ao planeta.
O que diz a bancada
Os parlamentares do agro afirmam que as questões não têm “critério científico ou acadêmico” e que “aguarda posicionamento urgente do governo federal.”
Além de pedir as anulações, a FPA afirmou que vai apresentar um requerimento de convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, em audiências no Congresso.
A frente também deve demandar esclarecimentos da pasta sobre a banca organizadora e as referências bibliográficas usadas para a formulação da prova.
“As perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista. Anulação já!”, diz a nota divulgada pela FPA.
Os parlamentares ainda afirmam que a prova praticou “negacionismo científico” contra o setor e contribuiu para a “massificação de mentiras”.
Em nota, o MEC diz que “As questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora. Os itens selecionados para a edição de 2023 passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI”.
Sobre o Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o maior vestibular do Brasil e porta de entrada para instituições de ensino superior nacional e internacionalmente, acontece em dois domingos consecutivos, nos dias 5 e 12 de novembro.
As notas podem ser usadas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e no Programa Universidade para Todos (ProUni). O candidato pode, ainda, optar pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que não exige nota mínima para participar.
O primeiro dia de provas teve abstenção de 28,1% dos candidatos inscritos no exame, nível estável ao observado no ano passado (28,3%).
Foram confirmadas 3.939.242 inscrições para o Enem 2023. Comparados aos dados do ano passado, 2023 teve 13,1% a mais de inscrições confirmadas e 0,2% a menos de abstenção.