POLÍTICA
Em agenda pelo Juruá, Bittar reitera suas críticas à política ambiental do PT por seu viés “ideológico”
“Não tem como acender uma fogueira na Amazônia e fazer derreter o gelo na Groelândia”, diz o senador
As alterações no clima ao redor do mundo e que no Brasil têm causado temporais seguidos de alagamentos no Sul do país e estiagem severa na Amazônia, com elevação da temperatura a graus cientificamente nunca antes registrados, pouco têm a ver – “quase nada” – com a ação do homem. “O ser humano, que ocupa apenas 8% do planeta, não tem condições de alterar o clima de toda a Terra”, disse o senador Márcio Bittar (União-AC) ao reafirmar o posicionamento que o coloca na contra mão de boa parte da comunidade científica que aponta a degradação ambiental causada pelo ser humano como causa principal das mudanças no clima.“Quem muda o clima é Deus”, reafirma o parlamentar.
Em visita ao Vale do Juruá neste final de semana, Bittar, que é o relator da CPI das ONGs no Senado Federal e crítico voraz da maior autoridade brasileira na área ambiental, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas Marina Silva, Bittar vem dizendo por onde passa que a questão ambiental não pode ter um viés ideológico.
A declaração se relaciona com o fato de, de 1999 a 2018, o Acre ter sido governador em cinco governos consecutivos por administrações do PT (Partido dos Trabalhadores), que anuncia a pauta ambiental como prioridade e problemas ambientais urbanos bnos municípios acreanos, inclusive na Capital, “não foram resolvidos”.
Bittar lembrou que enquanto Marina Silva, cuja carreia política foi iniciada no Acre como vereadora por Rio Branco em 1988, se notabilizava no mundo como ambientalista, “o rio Acre, o principal manancial de água do Estado, continua a receber dejetos in natura sem que houvesse da parte dela e de seus aliados quaisquer políticas capazes de reverter isso”.
Por isso, o senador defende que a questão ambiental não deve ser tratada de forma ideológica e que a ação humana não deve ser apontada como a única causa dos problemas. “O Sol não é um elemento estático. Sua ação ocorre com maior e menor intensidade em períodos diferentes e isso causa as principais mudanças na Terra. E isso não é de hoje”, diz Márcio Bittar.
“Não é uma fogueira que o agricultor acende na Amazônia que vai derreter o gelo na Groelandia. Estudos mostram que o homem não tem a capacidade de mudar o clima do planeta e a crença de que as ações do homem provocam o aquecimento global não foi comprovada cientificamente”, disse.
O discurso de Márcio Bittar contra as diversas evidências nas mudanças climáticas não é algo recente. No início de seu mandato de senador, em 2019, seu gabinete promoveu em Rio Branco o seminário “Desenvolvimento Regional e Visão de Futuro”.
O principal palestrante do seminário foi o cientista Luiz Carlos Baldicero Mollion, PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin, USA (1975), pós-doutor em Hidrologia de Florestas pelo Instituto de Hidrologia, Inglaterra (1983), e acadêmico do Instituto de Estudos Avançados de Berlin (Wissenschaftskolleg), Alemanha, desde 1989.
Em pleno coração da Amazônia, o pesquisador disse que as mudanças climáticas ocorridas no planeta nada têm a ver com a ação do homem e que a Terra passa por esses fenômenos por ser ciclorítimica – vive de ciclos. Luiz Carlos é parte de um grupo de cientistas internacionais apontados como céticos – ou seja, aqueles que não acreditam que os fenômenos naturais registrados ao redor do planeta sejam praticados a partir da ação do homem.
“São cientistas que entendem que o homem muda apenas o microclima, o clima de uma cidade, de uma região onde tira as árvores todas, colocando cimento, enfim, aumentando a temperatura. Mas se este mesmo homem desfizer aquilo, voltar a plantar, volta o clima anterior. Portanto, ele faz parte de um grupo de cientistas que se se perguntar a eles se existe mudanças climáticas, mudanças de temperatura, eles vão responder que sim. Mas não provocadas pelo homem. São mudanças que existem desde que a Terra existe”, disse Bittar, sobre o cientista trazido ao Acre.