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Ere Hidson conta a história do professor José Siqueira Maciel, o eterno diretor da escola Craveiro Costa, a catedral do saber no Juruá

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Por Eré Hidson

Filho de Gontra de Freitas Maciel, autônomo, e Maria Siqueira Maciel, dona de casa, nascido em 27 de novembro de 1943 em plena Segunda Guerra Mundial, em Cruzeiro do Sul, Território Federal do Acre, o professor Jose Sequeira Maciel é um vuto no Juruá, para quem a maioria absoluta tira o chapéu. Nasceu em tempos de guerra, mas é homem da paz como marca registrada. Soube conduzir de maneira brilhante por 29 anos a catedral do saber em Cruzeiro do Sul, a Escola Craveiro Costa. Sua história de vida se confunde com a história dessa casa de ensino. Destaca que teve que vir para Rio Branco onde serviu o Exército Brasileiro, na 4° Companhia, e já namorava a dona Maria Lúcia, pois naquela época, ainda não havia chegado o Exército em Cruzeiro do Sul.
“Cheguei pra ela e disse: vou ter que ir a Rio Branco servir o Exército, se você me esperar, quando voltar a gente casa. Fui, cumpri com a minha obrigação cívica, servindo ao meu País, voltei e estamos casados há 58 anos”, conta com orgulho.
Casou-se com Maria Lúcia Alves Maciel e com ela teve oito filhos sendo eles: Marco Antônio Alves Siqueira, funcionário público;
Gontra de Freitas Maciel Neto, funcionário público;
José Marcondes Alves Maciel, professor;
Joelson Alves Maciel, funcionário público;
Carla Simone Alves Maciel, professora (in memorian);
Giane Alves Maciel da Silva, dona de casa;
Marcia Helena Alves Maciel, setor privado; e
José Siqueira Maciel Neto, funcionário público.
No início de suas atividades laboriosas, começou trabalhando na prefeitura, no almoxarifado, com o Tenente Aluísyo, que era prefeito de Cruzeiro do Sul no final dos anos 1950 e inicio dos anos 1960. Também trabalhou com o jornalista João Mariano da Silva, vendendo jornal avulso aos domingos. Ressalta que não era tiragem diária, era tipo tiragem mensal ou a cada dois meses.
Lembra dos clientes fiéis que já tinham contratos para receber os jornais, entre eles Jamil Jereissati, Margarida Pedreira, Maurício Quirino, Mancito Lima, Anir Onofre e tantos outros.
O Juruá, era de propriedade do jornalista João Mariano da Silva.
Lembra dos aprendizados com ele. “Me ensinou a fabricar jornal. Pela manhã estudava na escola Braz de Aguiar, e a tarde tipografia com ele”, lembra.
Depois de três anos aproximados nessa atividade, já estava quase habitado a montar jornal, mas ai chegou o convite para servir o Exército.
ServiU na 4° Companhia em Rio Branco. Lembra que foram oito jovens de Cruzeiro a Rio Branco para servir nessa época.
Destaca a ajuda que teve do Artur Modesto nos primeiros meses que chegou em Rio Branco, ficou hospedado em sua casa. Depois, incorporado ao quadro do exército, ficou morando no quartel.
“Quando estava para engajar, chegou um cabo pra mim e disse; meu filho venha cá, não vá engajar não, você é um rapaz novo, estude é bem melhor”
Antes de dar baixa do Exército, foi a época que saiu o enquadramento do pessoal federal, e o Tenente Aluísyo, que foi prefeito em Cruzeiro, colocou o nome do Professor Siqueira e Franecir Ribeiro para incorporar o quadro federal.
Imediatamente, passou a trabalhar na Escola Coronel Contreiras. Professor Siqueira nos conta fatos interessantes dessa transição do Craveiro Costa.
A escola Craveiro Costa foi inaugurada aproximadamente 1957/1958 e funcionava na Escola Braz de Aguiar.
Só em 1965 passou a funcionar onde hoje está a UPA de Cruzeiro do Sul.
Nos lembra ainda que nessa fase transição, a Professora Nadir Brito era a Diretora e a Professora Julieta Cruz era secretária.
Elas estavam precisando de Professor de Ciências para a 6° série; o convidaram e Siqueira aceita e fica trabalhando aproximadamente um ano como Professor de ciências.
Logo em seguida a Professora Nadir Brito aposentou-se, e a Professora Julieta assume a direção e o convida para ir trabalhar na equipe dela na direção.
Foram oito anos na função de secretário, e a Professora Julieta teve que ir para Rio Branco, e o colocou para responder pela direção. Missão que aceitou num período curto, pois os Irmãos Maristas estavam para assumir a direção da escola.
Destaca o Irmão Marista Vitor, que também lhe colocou como secretário novamente.
“Eu tenho um carinho todo especial pelo Irmão Vitor, porque ele me tratava muito bem. Ele me ensinava, explicava e eu arrumava tudo. Quando terminava, me chamava na cantina, e dizia; ao rapaz da cantina, dê um suco e um bolo a este rapaz que ele trabalhou muito”.
Ainda tiveram os também Maristas que foram diretores no Craveiro Costa; Irmão Eldio.
Irmão Braz.
Irmão Hugo.
Também o Irmão Mariano, que trabalhou muitos anos no Craveiro Costa Antes de assumir o colégio São José.
Destaca a transição do Irmão Mariano para o São José. “Estou indo para o São José, você assumirá a direção até chegar outro diretor, mas, tenha cuidado com os recursos da escola”. Siqueira Destaca que foi uma brincadeira de mau-gosto, mas, que não levou isso em consideração.
Lembra ainda da Professora Margarida Fontes que foi enviada de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, pelas boas informações que tinha a respeito do Professor Siqueira. A fala da Professora Margarida Fontes lhe deu forças pra fazer uma administração incrível com os raros recursos que se tinha naqueles anos. “Você faça bem feito que estou pronta pra lhe ajudar”.
Destaca que de uma única vez, ela enviou 15 ventiladores modernos na época.
Lembra ainda que a primeira escola a ter televisão e também ar-condicionado foi o Craveiro Costa, que foi paga com arrecadação dos pais dos alunos.
Outra lembrança que marcou a passagem do Professor Siqueira na direção da escola Craveiro Costa, foi uma reunião com a equipe da educação de Rio Branco em visita de cortesia ao prédio da escola; “estão vendo essa televisão e esse ar-condicionado? Pois é, isso não é da secretaria. Foram os pais dos alunos que me ajudaram a comprar”
Portanto, os pais dos alunos sempre foram parceiros em tudo que precisava.
Quando eu assumi o Craveiro, passamos 6 meses tapando goteiras, e tentando arrumar a escola, pintar , com aquele pouquinho recursos que tinha, vindo das matrículas dos alunos, pois era um valor pequeno, mas pagava-se matrículas”.
Nunca teve muito dinheiro, mas com o pouco que se tinha, dava pra comprar o básico.
Destaca ainda que lhe convidaram para assumir o núcleo de educação do Juruá, na época, inspetoria. Mas, em nome do compromisso e amor pela escola Craveiro Costa, não aceitou.
Destaca também os alunos carentes que não tinham condições de comprar material escolar e fardamentos, mas, Siqueira sempre dava um jeitinho de estender as mãos a essa clientela. “Um dia um aluno chegou e disse; Diretor Siqueira, eu vou sair da aula. Porquê meu filho ? Porque não estou conseguindo enxergar, tô com problema na vista e minha família não tem condições. E eu disse: faça isso não ! Vá lá no oculista(oftalmologista) e peça pra me ligarem de lá”
Autorizei fazer o óculos desse aluno que já estava no último ano do ensino médio, que saltava de alegrias e hoje eu não sei mais quem é este aluno, mas foi uma satisfação poder fazer esse gesto.
Então foi exatamente dessa forma que levei a minha carreira, e tinha aqueles alunos como se fossem meu filhos e todos eles me respeitavam como se eu fosse pai.
Todos esses de alunos ainda hoje quando me encontram, é a maior alegria. Seja no mercado, no banco, na igreja, pelas ruas, isso não tem preço, destaca.
Lembra ainda dos colegas ainda dos tempos de estudante; Dr Zé Alberto (Zezé)
Dr Correia
Dr João Correia.
Todos se formaram em medicina.
Siqueira destaca que queria ser médico, mas as condições financeiras de seus pais não lhe permitiu.
Professor Siqueira ainda foi incentivado a entrar na política e foi candidato a vereador, concorreu a vaga com o “folclórico” Chico Basil, que fez uma campanha em cima de uma bicicleta, e as pessoas votaram de protesto, e Siqueira perdeu por pouquinhos votos. Mas, destaca que não tem mágoas e nem ressentimentos desse episódio, pois o voto é soberano.
Deixa uma mensagem para a juventude e os alunos de hoje em dia, citando um exemplo que ocorreu em sua gestão enquanto diretor; chegou um certo aluno em dia de prova, bêbado bêbado. Muito atento no portão, Siqueira aborda o dito aluno e pergunta; pra onde você vai nesse estado? Ele responde que ia entrar que era dia de prova. Vá continuar sua brincadeira e amanhã você volta que a gente resolve isso.
O aluno meio arisco, esbraveja. Eu não vou entrar porque gosto muito do senhor.
Então já que você gosta de mim, vá e volte só amanhã.
Então era na base do diálogo, da atenção e do acolhimento que a gente levava. Nunca tive problemas com nenhum aluno, graças à Deus. Portanto em primeiro lugar o respeito com os Professores. O resto a vida vai encaixando, concluiu Siqueira.

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