KATIANNY ARAÚJO
A Condição Neurológica da enxaqueca crônica e o impacto na vida das pessoas é o tema da coluna da Dra Katianny nesta segunda, 13
A enxaqueca crônica é uma condição neurológica caracterizada por dores de cabeça intensas e recorrentes, que ocorrem em 15 ou mais dias por mês, por um período superior a três meses. Diferente de uma cefaléia comum, a enxaqueca frequentemente se manifesta com sintomas adicionais, como náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e ao som, e alterações visuais. Estima-se que esta condição afete aproximadamente 2% da população global, com maior prevalência em mulheres.
O impacto da enxaqueca crônica na vida dos indivíduos é multifacetado e significativo. No âmbito profissional, a imprevisibilidade das crises pode resultar em absenteísmo, redução da produtividade e, em casos mais severos, incapacidade para o trabalho. Muitos pacientes relatam dificuldades em manter empregos estáveis ou em progredir nas suas carreiras devido às limitações impostas pela doença. Economicamente, os custos diretos com tratamentos e consultas médicas somam-se aos indiretos, relacionados à perda de rendimento.
No contexto social e pessoal, a enxaqueca crônica tende a gerar isolamento. Compromissos sociais são frequentemente cancelados, e atividades de lazer tornam-se limitadas. A constante gestão da dor e o medo de uma crise iminente podem levar a quadros de ansiedade e depressão, afetando a saúde mental. Relacionamentos interpessoais e familiares também são tensionados, pois a dinâmica familiar precisa adaptar-se às restrições do paciente.
O tratamento da enxaqueca crônica é complexo e geralmente envolve uma abordagem multimodal, incluindo medicamentos preventivos e de resgate, ajustes no estilo de vida e, em alguns casos, terapias complementares. A identificação de fatores desencadeantes, como certos alimentos, estresse ou alterações no sono, é uma parte crucial do manejo. Apesar dos avanços terapêuticos, muitos pacientes enfrentam um longo percurso até encontrar um regime eficaz.
Em suma, a enxaqueca crônica transcende a experiência da dor física, infiltrando-se em todas as esferas da existência. Seu manejo requer não apenas intervenção médica adequada, mas também suporte psicossocial para mitigar o profundo impacto na qualidade de vida. A conscientização sobre a gravidade desta condição é essencial para reduzir o estigma e promover um atendimento integral aos afetados.
Fonte: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo (SP), Brasil. Núcleo de Pesquisas Tecnológicas, Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Brasil Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal de São Paulo (SP), Brasil. Associação Brasileira de Psiquiatria.