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A esquerda estrebucha no Acre e partido de Marina, a Rede, terá candidatos majoritários em 2026, garante dirigente histórico ligado à ministra

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Jorge Natal, especial para o AcreNews

Inácio Alves Moreira Neto, de 54 anos, nasceu e cresceu em Rio Branco, notadamente nos bairros Capoeira, Aeroporto Velho e Placas. Envolveu-se com a política aos 14 anos quando foi líder estudantil, ingressando na Tendência Popular, corrente política cujos integrantes eram do PC do B e se abrigavam no então PMDB dos anos 80.

A infância foi marcada por dois momentos: o primeiro, de bonanças, principalmente por pertencer à tradicional família Moreira, herdando, inclusive, o nome de seu avô; e o segundo, de luta pela sobrevivência, quando foi vendedor ambulante e fazedor de “bicos”. “Mas a minha mãe foi visionária e me colocou para estudar no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), onde me formei como mecânico de automóveis”, recordou o nosso personagem.

Além do curso profissionalizante, formou-se em Pedagogia, mas a sua vida seria marcada por outro evento: por meio de um processo seletivo, que tinha apenas uma vaga, entrou para a multinacional Souza Cruz. E aí foram dez anos de estabilidade financeira, crescimento profissional e muita experiência com negócios.

E foi com esse currículo, ancorado no engajamento político-partidário, que entrou para a vida pública, no segundo mandato do governador Jorge Viana, no início dos anos 2000. “Fui da Secretaria de Esporte, de Articulação Política, de Indústria e Comércio e da Agência de Negócios do (Anac)”, detalhou Moreira.

Nesse último cargo, pôde desenvolver as suas habilidades, intermediando negócios e propondo difundir um modelo de autodesenvolvimento capaz, segundo ele, de gerar emprego e renda e qualidade de vida para os acreanos. “Podemos ter polos de tecnologia e de pesquisa farmacêutica, cosmética e alimentícia, dentre outras tipologias produtivas que se adequem às nossas potencialidades vocacionais”, exemplificou.

Além do desenvolvimento econômico, também despertou para as questões socioambientais junto a Binho Marques, que, a seu ver, foi um governo marcado pela singularidade. “Foi na revitalização dos igarapés que vi o quão é importante o diálogo e o respeito às pessoas impactadas por obras”, destacou.

A fusão de tudo isso o levou à Rede Sustentabilidade, partido liderado pela ministra Marina Silva, cuja leitura de mundo e práxis política divide opiniões. “Eu entrei em 2023, dez anos depois de deixar o PC do B”, explicou o ativista.

Em uma sala cedida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Branco, ele nos concedeu esta entrevista. Veja os principais trechos:

Acre News – O que o Acre precisa para se desenvolver?

Inácio Moreira – O Acre precisa de um choque de capitalismo. No bioma Amazônia, é quase impossível algum empreendido se firmar sem o auxílio do poder público. Temos inúmeros gargalos, entre os quais a matriz energética, estradas, portos e o mercado. Quando se conversa com um investidor, ele pergunta logo sobre a logística. Há alguns anos, o Acre era o final do mundo porque não havia ligação terrestre com o restante do país, a ponte do Rio Madeira era um sonho, a BR 364 até Cruzeiro do Sul só existia nos mapas e nem havia ligação com os países vizinhos. Precisamos é de política de Estado, sobretudo que valorize os produtos do Acre como a borracha, a castanha, açaí, cupuaçu, a mandioca e outros produtos que nossos antepassados dominaram o plantio.

Acre News – Por que o senhor entrou na Rede Sustentabilidade?

Inácio Moreira – Eu conheço a Marina desde quando ela era professora no antigo Ceseme. Por toda a história de vida dela e pela questão ambiental, principalmente devido às mudanças climáticas. Tarauacá teve quatro alagações em um ano e Brasiléia é uma cidade que precisa sair das margens do rio. Não temos um planeta B. Os “risos voadores” da Amazônia fazem chover no Centro-oeste e em uma parte do Sudeste. A Rede faz esse debate, embora esse tema extrapole questões ideológicas ou partidárias. Antes de qualquer coisa, a gente tem que cuidar do local onde vivemos. É aquele surrado, mas válido bordão: agir localmente e pensar globalmente. O governo Lula está longe de ser aquilo que queremos. No entanto, aponta para alguns caminhos que precisamos trilhar. Por fim, eu não conheço nenhuma matriz religiosa que não descreva o paraíso como a convivência harmoniosa entre os seres humanos, o meio ambiente e os animais. É por isso que sou da Rede.

Acre News – Se por um lado é preciso preservar o bioma, por outro, devido ao isolamento, existem pessoas morrendo por causa de picada de cobra e verminose. Além do direito de ir e vir, é preciso levar as políticas públicas para esses brasileiros. Comente sobre isso.

Inácio Moreira – A gente não pode ver o bioma Amazônia como santuário, mas não podemos deixar esse suposto desenvolvimento vir a qualquer de jeito. Sou do tempo que se dizia: os preços dos produtos são caros porque não temos estradas. As estradas vieram e os preços continuam elevados. Assim foi com as pontes. Na periferia existem pessoas morrendo também por causa da falta de trafegabilidade. Então levar saúde é importante tanto para a zona rural como para a urbana. Precisamos criar mecanismo e usar tecnologias para que possamos levar os serviços essenciais, independentemente de ser urbano ou rural. Sou favorável a qualquer tipo de ligação, de qualquer modal. Porém, é preciso incluir, naquele desenvolvimento, as pessoas que estão há décadas no local. O que temos visto, infelizmente, é especulação imobiliária expulsando essas pessoas para as periferias das cidades. No caso de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, precisamos de uma ferrovia para transporte de cargas e, assim, a BR 364 não sofreria tantos danos e desperdício de recursos.

Acre News – A agricultura em larga escala, tirando a parte leste do Estado, é inviável por causa da topografia, entre outros fatores. Como é possível estimular a produção nas demais regiões?

Inácio Moreira – Há várias formas de estimular essa produção familiar, principalmente através de pesquisas e tecnologias. Existe um estudo das cadeias produtivas e o café, por exemplo, está se consolidando em praticamente em todos os municípios. Além disso, temos as culturas vocacionais do maracujá, do cupuaçu, do abacaxi, do açaí, da banana, da mandioca, da melancia e de óleos florestais. É perfeitamente possível atrair investimentos e montar agroindústrias e, neste caso, envolveriam os três setores da economia.

Acre News – Então por que as indústrias de fármacos e cosméticos não se instalam no Acre?

Inácio Moreira – Nas últimas décadas, tem aumentado a maturidade desse componente no desenvolvimento acreano. É preciso buscar novos mercados e estimular a inovação, que significa o melhoramento de produtos e serviços. Sempre teremos novas ideias de negócios, a partir da nossa biodiversidade, que dá origem a produtos diferenciados. Existem novas empresas que surgem a partir de ideias inovadoras e que têm potencial de crescer rapidamente, ou seja, são startups. Temos centenas dessas no Acre. Esses produtos são muito valiosos no mercado brasileiro e internacional. A nossa missão é apoiar e potencializar esses negócios. E vamos estudar ainda mais as cadeias produtivas existentes em nossa região. A ciência, a tecnologia e a inovação irão dar up grade na nossa economia. Quem de nós não se curou com óleo de copaíba? Quem nunca tomou mastruz?

Acre News – Qual é o balanço que o senhor faz das últimas eleições?

Inácio Moreira – A Rede integra uma federação e isso é verticalizado, ou seja, é para todos os estados. Somos federados com o Psol. Em 2020 não lançamos candidatos. Nestas últimas eleições, formamos uma chapa com vinte candidatos a vereador e obtivemos mais votos do que o PSB, que tinha um candidato a prefeito, e do que o PSD, partido do senador Sérgio Petecão. Levamos as nossas propostas, que foram bem recepcionadas pelos rio-branquenses. Eu obtive quase 800 votos e fui o terceiro mais bem votado do conjunto de partidos que apoiou o Marcus Alexandre.

Acre News – O seu partido lançará candidatos majoritários nas próximas eleições. Caso o senhor seja escolhido, o que dirá para os eleitores?

Inácio Moreira – A população está interessada nesse debate, cujo epicentro são os projetos de desenvolvimentos em curso e as consequências das mudanças climáticas. Este ano vamos discutir e aprender com a população, que se identifica com as nossas propostas. Temos boas ideias práticas democráticas que nos credenciam para formarmos chapas de candidatos proporcionais e majoritários. Propomos o IPTU verde, a UPA infantil, a limpeza e revitalização dos nossos igarapés, o reflorestamento urbano, inclusive com árvores frutíferas, entre tantas outras. Existe essa possibilidade de renovação, mesmo contra as tradicionais grandes estruturas. Os amigos, os colegas de partidos e aliados estão colocando o meu nome para o Senado. Eu sou um soldado e posso sim cumprir essa missão.

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