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CULTURA & ENTRETENIMENTO

A lenda da ‘Loira da curva do Tucumã’, na estrada do Quinari, ainda mexe com o imaginário do povo acreano, décadas depois

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Acreanos de várias gerações ainda se arrepiam ao lembrar — ou apenas ouvir — a história da “Loira da Curva do Tucumã”, a mais temida lenda urbana surgida entre as décadas de 1960 e 1970, na estrada que liga Rio Branco ao Quinari. O trecho, hoje asfaltado e iluminado, já foi uma via de terra isolada, cercada por mata fechada, onde acidentes fatais eram frequentes. E foi ali que testemunhas juram ter visto, mais de uma vez, a figura fantasmagórica de uma mulher loira vestida de branco, sempre pedindo carona minutos antes de desaparecer no ar.

Alguns afirmam que se tratava de uma noiva morta em tragédia; outros, apenas de uma alma perdida. A história ganhou tanto corpo que virou pauta de rádio, jornais e conversas de mercado, barbearias e igrejas. O jornalista e apresentador Astério Moreira, conhecedor profundo do imaginário popular acreano, chegou a registrar relatos e versões no livro “Uma janela para um tempo esquecido: Contos Amazônicos”, disponível na Amazon, reforçando que o fenômeno marcou gerações.

O caso mais célebre envolve um taxista que, em uma noite de verão, dirigia seu fusca amarelo de volta para Rio Branco. Ele afirma ter parado para uma mulher extremamente pálida, de olhos “de peixe morto”, que entrou silenciosamente no banco de trás. Ao longo da viagem, ele descreveu sentir um cheiro forte de cravo-de-defunto, aroma típico de velórios. Já próximo à Curva do Tucumã, o motorista sentiu um arrepio inexplicável. E então, ao olhar pelo retrovisor, percebeu que sua passageira havia desaparecido sem abrir a porta, sem súbito movimento, sem ruído algum.

Assombrado, acelerou até um ponto movimentado próximo à entrada da cidade, onde, trêmulo, buscou ajuda. No dia seguinte, o Mercado da Seis de Agosto se transformou em arena de curiosos: todos queriam ouvir em detalhes como era a loira, como sumiu, se falava, se tocava o ambiente. Por semanas, ele virou celebridade local — e seu fusquinha, parte da história.

A Curva do Tucumã, conhecida por muitos como “curva da morte”, tinha reputação trágica. Um dos acidentes mais marcantes foi o capotamento de um “pau-de-arara” carregado de trabalhadores rurais, episódio que fortaleceu ainda mais a atmosfera sombria da região. Moradores próximos contavam ouvir gemidos e lamentos ao longo da estrada — sons atribuídos a almas presas ao local.

Com a urbanização e a chegada da iluminação pública, a lenda perdeu força, mas não desapareceu. Em vídeos recentes de conteúdo histórico e sobrenatural, como “Terror na Estrada de Rio Branco”, jovens e antigos moradores revisitam o mito, reúnem relatos, reconstroem a ambientação da época e reforçam o peso cultural dessa história no imaginário amazônico. Não faltam testemunhas que afirmam que, em noites muito escuras, ainda é possível avistar um vulto branco parado onde antes existia a curva acentuada.

O Acre mudou. A estrada mudou. Mas lendas resistentes — como a da Loira da Curva do Tucumã — permanecem firmes na fronteira entre o medo e o fascínio. Porque, na Amazônia acreana, onde o real e o sobrenatural convivem sem cerimônia, toda história de estrada ganha ecos que o tempo se recusa a apagar.

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