ARTIGO
“A morte dele só leva o corpo”, teria dito Naylor George sobre o desaparecimento enlutante do poeta Mauro Modesto
“A morte de mim só leva o corpo”. A frase é do também saudoso poeta Naylor George. Ele e o Mauro Modesto eram membros efetivos da Academia Acreana de Letras. Aos dois junta-se Elso Rodrigues. Os três tinham em comum a poesia existencial.
Vais, velho amigo, como dono do teu mundo, do teu corpo, de tudo. Deixa-nos, como tantas vezes ficamos a saber, pelas nossas dores, que os abraços e risos não são contratos e tampouco apólice de seguro. Estes são, antes de tudo, signos de liberdade.
Nascestes da felicidade, do milagre da vida, da pureza e da humildade. Estaremos, como sempre, por aqui: quietos, mudos, de olhos voltados sempre para o horizonte, na esperança de que a tua poesia nos preencherá. Ficaremos imaginando o que farás com tamanha liberdade e sem te cobrar atenção e outras coisas que cobram os amigos.
Afinal, os poetas existencialistas são assim: inserem a realidade íntima deles, com suas angústias e singularidades, no centro do mundo lógico, digladiando-se para responder à mais importante das perguntas: qual o sentido de sua existência?
O texto abstrato, a não timidez e a espontaneidade os salvam. Estes, por sua vez, são prontos e falam de suas auroras mesmo em tempos difíceis. A poesia, para Mauro Modesto, simplesmente fluía.