GERAL
Acre se destaca em acolhimento escolar na pesquisa nacional sobre anos finais do ensino fundamental
Uma pesquisa nacional que ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes em 21 mil escolas trouxe números preocupantes sobre os anos finais do ensino fundamental — 6º, 7º, 8º e 9º anos —, mas também evidenciou experiências positivas em estados como o Acre. O levantamento, resultado de uma parceria entre MEC, Consed, Undime e Itaú Social, foi realizado durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas e mobilizou 46% das instituições que atendem esses anos em todo o Brasil.
Apesar dos desafios apontados, o Acre se destacou em programas de acolhimento e redução da distorção idade-série. A aluna Dandara Vieira Melo, de 13 anos, da rede pública de Rio Branco, conseguiu se recuperar academicamente por meio do Programa Travessia, do Unicef em parceria com o governo do Acre. “É um lugar para que eu possa aprender mais, conhecer novas culturas, novas pessoas e para fazer novas amizades”, disse Dandara, mostrando como políticas locais contribuem para o sucesso escolar.
Acolhimento e socialização
No Brasil, 66% dos alunos do 6º e 7º ano afirmam se sentir acolhidos pela escola, percentual que cai para 54% entre os do 8º e 9º ano. Entre os mais jovens, 75% confiam em pelo menos um adulto na escola, mas apenas 58% se sentem verdadeiramente acolhidos; já entre os mais velhos, o índice cai para 45%.
No quesito socialização, 65% dos alunos mais novos veem a escola como espaço que favorece amizades, enquanto 55% dos mais velhos compartilham essa percepção. O estudo aponta ainda que 84% dos alunos do 6º e 7º ano e 83% do 8º e 9º ano têm amigos com quem gostam de estar na escola. Apesar disso, a relação com professores é um ponto crítico: apenas 39% dos mais jovens e 26% dos mais velhos afirmam respeitar e valorizar seus docentes.
Conteúdos e desenvolvimento
Os alunos indicaram prioridades para seu desenvolvimento. Entre os mais jovens, 48% apontaram disciplinas tradicionais, 31% destacaram corpo e socioemocional, 21% habilidades para o futuro e 13% direitos e sustentabilidade. Entre os do 8º e 9º anos, a distribuição foi 38% disciplinas tradicionais, 29% corpo e socioemocional, 24% habilidades para o futuro e 13% direitos e sustentabilidade.
Importância da escuta dos adolescentes
Segundo a secretária da SEB/MEC, Katia Schweickardt, ouvir os adolescentes é essencial para construir políticas públicas eficazes. “Todo mundo aprende de um jeito diferente. É preciso preparar professores, equipamentos e comunidade para essa realidade multisseriada, garantindo que cada estudante seja compreendido e apoiado”, disse.
A pesquisa reforça que, apesar de desafios nacionais, o Acre se destaca ao implementar políticas de apoio individualizado, reduzindo a evasão escolar e oferecendo alternativas para que adolescentes retomem e avancem nos estudos. Iniciativas como o Programa Travessia e o acompanhamento de políticas de acolhimento mostram como estados podem servir de exemplo na melhoria do ensino nos anos finais do fundamental.