GERAL
Acre sedia encontro nacional sobre atendimento escolar hospitalar e domiciliar e reforça integração entre educação e saúde
Discutir o atendimento escolar hospitalar e domiciliar para que o direito à educação, em todas as circunstâncias, seja assegurado, inclusive quando a escola precisa ultrapassar seus próprios muros para chegar até o estudante.
Com esse propósito, o governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), sedia o 13º Encontro Nacional de Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar (ENAEHD) e o 3º Simpósio Internacional de Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar (SINAEHD). Os eventos acontecem conjuntamente a partir desta terça, 21, no Teatro da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.
Pesquisadores, professores e gestores de diversas regiões do Brasil e de países como Colômbia, Portugal e Moçambique se reúnem para discutir a importância da intersetorialidade entre educação e saúde e do compartilhamento de práticas que garantam continuidade ao processo de aprendizagem de alunos em tratamento médico.
A programação é híbrida, com atividades presenciais e online, e está sendo transmitida ao vivo pelo canal youtube.com/@educacaodoacre. Durante a abertura, o secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, destacou o compromisso do Acre em garantir que a escola esteja presente em todos os lugares, inclusive nas florestas, nos hospitais e nas casas dos alunos.
“O Acre é um estado que garante a escola onde o aluno estiver. Muitas vezes, ele está na floresta, em locais sem energia elétrica, mas lá também há um professor. Essa é a essência da nossa política educacional: garantir o direito de aprender, onde quer que a criança esteja”, afirmou o secretário
Segundo o gestor, o Acre conta com mais de 130 estudantes atendidos domiciliarmente, além de três classes hospitalares instaladas no Hospital da Criança, na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon) e no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac). “Isso mostra que a educação especial no Acre é uma política viva, construída com compromisso e sensibilidade”, completou.
Para o professor Jônatas Alencar, gerente de Educação para Transtornos do Neurodesenvolvimento e Classes Hospitalares da Secretaria de Estado de Educação de Tocantins, o evento é uma oportunidade de troca de experiências. “A gente veio para adquirir mais conhecimento com o pessoal do Acre, com todo mundo que está participando, para conseguir implantar a primeira classe hospitalar lá em Palmas. É de suma importância esse intercâmbio, porque a partir dessas trocas a gente consegue avançar”, destacou.
O encontro é realizado em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), consolidando-se como um marco na história da educação inclusiva no Acre.
Com o tema “A intersetorialidade dos atendimentos educacionais em classes hospitalares e domiciliares”, o evento segue até o dia 23, com palestras, mesas-redondas, apresentações culturais e trabalhos científicos, reforçando o papel do Acre como referência nacional no debate sobre educação inclusiva, humanizada e intersetorial.
A representante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e vice-presidente do 13º ENAEHD e 3º SINAEH, Ediclea Mascarenhas Fernandes, reforça que os conselhos e as instituições de ensino são fundamentais para garantir direitos e abrir espaços para que a educação alcance todos os lugares.
“O gestor hospitalar é quem abre as portas para o professor, e o professor leva a ciência pedagógica — uma ciência da vida. A criança vê no professor a alegria, o desenho, a história. E é por isso que diz: ‘Eu não vou morrer, porque aqui tem professor’. Somos profissionais da vida e da esperança”, conclui Ediclea.
O que disseram
Hadhianne Peres
Chefe do Departamento de Educação Especial da SEE e presidente do 13º ENAEHD e 3º SINAEHD
“As classes hospitalares e o atendimento domiciliar estão dentro do Departamento de Educação Especial, mas atendem a todo e qualquer estudante impedido de frequentar a escola. É uma forma muito profunda de inclusão, porque leva aprendizado, humanidade e, principalmente, vida para quem está internado durante longos períodos. É um trabalho que reforça nosso compromisso com o direito à educação e com uma escola que acolhe em todos os espaços.”
Giane Grotti
Representante da Universidade Federal do Acre (Ufac)
“Desde 2009, a Universidade Federal do Acre incluiu em seu currículo uma disciplina voltada ao atendimento educacional da criança hospitalizada. Em todos os cursos de Pedagogia oferecidos no estado, essa formação é ministrada, e já tivemos experiências exitosas, como a criação de uma classe hospitalar em Xapuri. É uma honra fazer parte deste evento e ver o Acre reunindo tantas pessoas comprometidas com a inclusão e com o fortalecimento das práticas educacionais em ambiente hospitalar.”
John Lenon Batista de Lima
Gerente do Hospital do Câncer – Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon)
“Ficamos muito felizes em ver ações como essa, que também fazem parte da linha de cuidado dos nossos pacientes. O melhor tratamento não está apenas na tecnologia ou nos medicamentos, mas também na sensibilidade de projetos como as classes hospitalares, que impactam de forma positiva as crianças e suas famílias.”
Elizângela Martins
Representante da Undime/AC e Secretária Municipal de Educação de Senador Guiomard
“Em nome da Undime Acre, representamos os 22 secretários municipais de Educação do estado e queremos parabenizar a Educação do Acre pelas ações voltadas à garantia de direitos dos nossos estudantes. Levar educação a alunos em condição hospitalar ou domiciliar é um trabalho que vai além do dever: é um ato de amor. Quando diferentes instituições se unem, mudamos realidades e fortalecemos a educação em todo o Acre.”
Elisete Machado
Presidente do Conselho Estadual de Educação do Acre
“O Conselho Estadual de Educação sempre se preocupou em estabelecer normas que garantam o direito à educação de qualidade e equidade para todos. Nossa resolução nº 347/2023, no artigo 36, contempla o atendimento em classes hospitalares e o atendimento pedagógico domiciliar como um direito de qualquer estudante impedido de frequentar a escola. O espaço da escola é vida — e sentir que alguém se preocupa com sua aprendizagem e bem-estar fortalece e até acelera a cura.”
AGÊNCIA AC