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Acreana Dom Porquito vira notícia nacional por ser a primeira e única empresa brasileira liberada para exportar carne de porco para o Peru
Por Evandro Cordeiro
As autoridades sanitárias do Peru aprovaram na última semana de 2022 o primeiro estabelecimento brasileiro para a exportação de carne suína ao país andino. Esse frigorífico é uma empresa genuinamente acreana e a liberação para os negócios com o país vizinho passou a merecer destaques na imprensa nacional. Sites e revistas, sobretudo as que noticiam o agronegócio, começam a escrever o nome do Estado como exportador, e por sua privilegiada localização na fronteira brasileira com o Peru.
Paulo Santoyo com o diretor executivo do Sindicarnes, Neném Junqueira, e o embaixador do Brasil no Peru, Sérgio Danese
Murilo Leite, presidente do Sindicarnes/Acre Paulo Santoyo, dono da Dom Porquito, o então ministro da Agricultura, Marco Montes, o então senador Eduardo Veloso (UB) e o diretor executivo do Sindicarnes, Neném Junqueira
A autorização concedida pelos peruanos é o passo final para o início das vendas do produto brasileiro para o Peru, que já havia aberto as suas portas para o setor do Brasil com a definição em 2021 de um Certificado Sanitário Internacional (CSI).
A habilitação para as exportações ao país sul-americano é efetivada após a conclusão do processo de habilitação individual dos estabelecimentos – no caso da unidade produtora habilitada, localizada no Acre (estado limítrofe com o Peru), foi concluído após longa negociação entre os dois países.
Além do Governo do Estado, o processo de habilitação teve participação efetiva e determinante do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos e Matadouros do Estado do Acre (Sindicarnes/AC), cujo presidente é o empresário Murilo Leite e seu diretor executivo é o pecuarista Neném Junqueira. O esforço demorou mas compensou, segundo ambos. O Acre entra em definitivo na rota internacional ao alcançar mais um mercado com a carne suína, um produto difícil de ser comercializado devido às exigências sanitárias mundo a fora.
Empolgado com a abertura do mercado peruano, sobretudo pela pouca distância, o que gera menos despesa, uma vez que o país vizinho pode ser acessado pela BR-317, saindo do país por Assis Brasil e entrando em território peruano por Iñapari, Neném Junqueira está fazendo um périplo pelos órgãos brasileiros levando gratidão a quem ajudou. A mais recente parada foi na Assembleia Legislativa, a quem é atribuída participação fundamental no processo. O primeiro secretário da mesa diretora da casa, deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB), um dos entusiastas do negócio no parlamento, recebeu Neném Junqueira, de quem ouviu os agradecimentos.
Quem é a Dom Porquito
Dom Porquito é uma empresa estabelecida propositadamente no município de Brasileia, na fronteira com a Bolívia e bem próxima do Peru, por onde passa um corredor que vai alcançar os portos peruanos e a própria capital, Lima. A empresa tem atualmente a capacidade de abate de 1,7 mil animais por dia, um fenômeno da balança comercial do Norte, resguardadas as devidas proporções.
A Dom Porquito tem uma unidade de produção de leitões com matrizes, além de reprodutores e leitões, com pelo menos 30 mil animais no campo. Seu abate atual é de 500 unidades diárias, para atender velhos fregueses, entre os quais Hong Kong, Vietnã, Uruguai, África e Haiti.
A Dom Porquito emprega 600 pessoas diretamente, fabrica sua própria ração e tem parceria com pelo menos 60 produtores rurais nos arredores dos municípios de Brasiléia, Assis Brasil e Xapuri, gerando muita divisa na região e, consequentemente, para o Estado. Quem administra a empresa é seu próprio dono, Paulo Santoyo, um incansável e ativo participante das intermináveis negociações dos últimos anos entre os países interessados.