COLUNAS
Acrenews conta parte da história de vida das três pessoas mais antigas em situação de rua na capital do Acre
Por Janes Peteca
A cidade de Rio Branco, capital do estado do Acre, abriga uma diversidade de histórias e realidades, algumas das quais podem passar despercebidas pela maioria dos seus habitantes. Entre elas, encontram-se as histórias de três pessoas que enfrentam a dura rotina de viver nas ruas há décadas. Neste artigo, vamos conhecer as trajetórias desses indivíduos e refletir sobre os desafios enfrentados por aqueles que vivem à margem da sociedade.
Pedro “Cabeça de abacaxi” enfrenta o drama das ruas desde que veio a capital em busca de sucesso
Pedro Gomes Carneiro, de 56 anos, enfrenta uma dura realidade como morador de rua desde 1998. Além disso, ele possui um talento artístico como compositor e intérprete. Natural de Tarauacá, no sinringal Mucuripe, Pedro viveu inicialmente na aldeia com índios isolados. No entanto, aos 18 anos, decidiu se mudar para a cidade e, aos 25 anos, partiu para Manaus. Posteriormente, seguiu para Belém, onde conseguiu gravar um CD com a ajuda de Chimbinha, ex-integrante da banda Calypso.
Com a expectativa de alcançar o sucesso, Pedro veio para Rio Branco em 1997. Infelizmente, suas ambições musicais não se concretizaram e ele não obteve o reconhecimento esperado. Atualmente, Pedro vive nas ruas próximas à prefeitura, mais especificamente na rua Getúlio Vargas. Sua ocupação consiste em vigiar carros estacionados na região.
Pedro, “Cabeça de abacaxi”, desde 1998 se virando pelas ruas do centro
É importante ressaltar que Pedro está em situação de rua há mais de duas décadas, enfrentando as dificuldades e os desafios diários que essa condição impõe. Sua história é um exemplo de perseverança e superação diante das adversidades. Esperamos que, no futuro, Pedro Gomes Carneiro possa encontrar apoio e oportunidades para desenvolver seu talento musical e sair da situação de rua em que se encontra.
Francisco “Escopeta” vive há 35 anos mora e vigia carros próximo ao Palácio Rio Branco
No centro da cidade de Rio Branco, capital do estado do Acre, Francisco Alves Chaves, de 46 anos, mais conhecido como “Escopeta”, é uma figura bastante conhecida. Ele vive nas ruas há impressionantes 35 anos, sem ter uma moradia fixa, e encontrou uma ocupação vigiando carros próximos ao Palácio Rio Branco.
Antes de adotar a vida nas ruas, Francisco morava no Café Teatro, mas acabou sendo convidado a se retirar do local pela polícia. Desde então, ele tem residido no barranco do Rio Acre, improvisando um lar onde consegue. Sua história é marcada pela falta de moradia estável, sempre se mudando de um canto para outro, em busca de abrigo temporário.
“Escopeta” compartilha um sentimento de esperança e apela aos governos para que olhem com mais atenção para pessoas que se encontram em situação semelhante à sua. Ele anseia por políticas públicas que possam oferecer soluções para a falta de moradia e ajudar aqueles que estão marginalizados pela sociedade.
A situação de Francisco Alves Chaves não é um caso isolado. Infelizmente, em muitas cidades ao redor do mundo, existe um número significativo de pessoas vivendo nas ruas, enfrentando desafios diários para suprir necessidades básicas, como moradia, alimentação e cuidados de saúde. É importante que os governos e a sociedade como um todo se mobilizem para buscar soluções que possam reintegrar essas pessoas à sociedade de forma digna e justa.
Enquanto “Escopeta” continua sua rotina de vigiar carros próximo ao Palácio Rio Branco, sua esperança persiste, assim como a esperança de muitos outros indivíduos em situação de vulnerabilidade. Resta-nos torcer para que suas vozes sejam ouvidas e que ações efetivas sejam tomadas para enfrentar a questão complexa e urgente da falta de moradia.
Irineia: há duas décadas na rua, diz que já viu de tudo
Ireneia de Oliveira, de 37 anos, enfrenta há duas décadas a difícil realidade de viver em situação de rua. Com a responsabilidade de cuidar de seu filho, passa os dias vigiando carros nas proximidades da Assembleia Legislativa do Acre e próximo ao Palácio do Bispo. Seu depoimento revela uma mulher guerreira, que batalha diariamente para garantir o sustento de sua família.
Durante todo esse tempo nas ruas, Ireneia testemunhou uma série de situações e experiências marcantes. Ela relata que tem presenciado a presença de crianças e idosos vivendo nessa mesma situação, além de pastores e pessoas com formação acadêmica. A diversidade de perfis que compartilham a mesma realidade de vulnerabilidade social é algo que a surpreende e choca.
A trajetória de Ireneia é um exemplo da luta constante enfrentada por muitas pessoas que se encontram em situação de rua. Ela é uma voz representativa de uma parcela da população que muitas vezes é marginalizada e invisibilizada. Sua determinação em buscar meios de sustento e cuidado para seu filho evidencia a resiliência e a força que existem dentro dela.
Esse relato traz à tona a necessidade de políticas públicas mais efetivas e abrangentes para combater a situação de rua e garantir condições dignas de vida para todos. O testemunho de Ireneia nos faz refletir sobre a importância da solidariedade e da empatia, bem como da busca por soluções duradouras para enfrentar as desigualdades sociais e garantir que todas as pessoas tenham oportunidades de uma vida melhor.