ARTIGO
Artigo do professor Raimundo Ferreira: “Código de honra”
Não será porque muitas condutas já estão fora de moda, que as pessoas deverão deixar de utilizar e adota-las como sendo manuais de sobrevivência e código de honra, a deferência e o respeito aos semelhantes são valores que nunca sairão de moda. Reconhecemos que, somente em anunciar posicionamentos dessa natureza, algumas opiniões já se levantam e se não rotulam diretamente, mas no fundo já reservam um lugar de destaque na prateleira, junto aos que também são taxados de lacradores e falsos moralistas. Realmente é lamentável como a lei do menor esforço e do levar vantagem em tudo, apoderou-se dos hábitos e costumes e quem insistir em respeitar os direitos dos outros e se relacionar de forma honesta e decente, buscando ser justo e honesto, além de ser considerado otário e bobo, pode ser considerado também como alguém fora do contexto e as pessoa a sua volta, em vez de apoiar e tentar internalizar esses hábitos como sendo algo positivo e útil para boa convivência, ainda poderão lhe enquadrar como sendo pessoa ingênua. Conforme afirma o velho adagio popular, ‘farinha pouca meu pirão primeiro’, conforme podemos observar, a ansiedade das pessoas para se colocarem na frente de alguém em alguma fila, parece representar uma grande conquista e esse comportamento pode ser constatado ainda em transportes coletivos, embarques em empresa aérea, agências bancárias etc., e esse hábito que já virou moda, transformou-se até em cultura, ou seja, a intenção para se levar vantagem em qualquer coisa, está internalizado no comportamento, de modo que, para você ser alguém esperto, com se diz no popular, você não poderá perder o mal hábito de sempre levar vantagem encima de alguém, seja por suas habilidades e espertezas, seja por contar com o engano ou displicência de alguém, por exemplo, em qualquer transação ou negócio, se houver um engano, o favorecido dificilmente vai se manifestar, no caso das situações de trocos recebidos a mais, será também muito difícil a pessoa beneficiada se manifestar e corrigir o engano, mesmo tendo a consciência de que, na maioria das vezes, um atendente poderá ter descontado no seu salário o prejuízo causado por uma desatenção. Observando as relações com o setor público, podemos citar ainda os os exemplos de pessoas que exigem notas e aprovação sem ter se dedicado ao estudo, exigência de reconhecimento de tempo de serviço, sem ter realmente executado as tarefas do trabalho e aqueles que utilizam os benefícios do jeitinho para a concessão de qualquer coisa, desde a facilitação de um contato e até para negócios mais robustos, como as próprias licitações públicas, ou seja, são pessoas que seguem literalmente aquela máxima de que o mundo pertence aos mais espertos, não importado se para isso terão que pisotear os normais e menos espertos.
Das pesquisas que ultimamente realizamos para escrever alguma coisa sobre a civilização Inca, uma coisa nos chamou a atenção, foi que esse povo não conheciam a escrita, não tiveram nenhuma influencia da educação formal e técnica, muito menos sobre ciências, suas orientações eram todas alicerçadas na fé em seus deuses, no domínio sobre as leis da natureza e no respeito às suas tradições, no entanto, a honra era o alicerce maior dessa civilização, pois, até para a guerrear eles fazia rituais e firmavam regras entre todos os envolvidos, antes de iniciar as batalhas e todos obedeciam rigorosamente esse código de honra. Tem um episodio que descreve um encontro entre um embaixador espanhol e um líder Inca e na conversa o embaixador reconhecendo que realmente os Incas eram ingênuos, admitiu que estavam atacando sem respeitar suas culturas e tradições, e até aconselhou o líder Inca a fazer o mesmo, ou seja, montar espreita, ataca-los pela retaguarda, montar estratégias para embosca-los etc., ou seja, utilizar das mesmas táticas, afinal de contas, estavam em uma situação de guerra. O líder Inca respondeu, que gostaria de continuar com aquela terra para andar em pé sob ela, se fosse para obtê-la e ter que rastejar sob ela, dessa maneira não interessava.