RAIMUNDO FERREIRA
“As verdades estão se escondendo da realidade”, escreve Raimundo Ferreira sobre o Dia da Mentira
DIA DA MENTiRA
Nós tínhamos até reservado umas lorotas inverídicas para homenagear a data, mas devido as verdades estarem se escondendo da realidade, acreditamos que a mesma função será exercida se contarmos alguns fatos reais e que tornaram-se comuns e corriqueiros na atualidade. Por exemplo, se em um passado não muito distante, afirmássemos que em vários recantos desse país a proteção e segurança da população está sobre a responsabilidade dos ladrões e traficantes, isso seria uma boa mentira para o primeiro de abril, ou ainda, se alguém também declarasse que contingentes de pedintes nos semáforos foram quintuplicados por conta da invasão de pessoas abaixo da linha de pobreza que migraram da Venezuela para o Brasil, até há pouco tempo isso seria uma inverdade, da mesma forma, seria difícil alguém acreditar que uma dupla de criminosos oriundos do Acre, poderia fugir pela brecha da luminária de uma prisão de segurança máxima e depois de 50 dias de buscas, os especialistas das principais corporações da segurança nacional, juntamente com várias viaturas, helicópteros, drones e cachorros alimentados com ração importada entre outros aparatos, pudessem fracassar em uma missão aparentemente simples, no mundo que conhecíamos até há pouco tempo, uma epopeia dessa, seria uma famosa mentira cabeluda, poderia até ser contada para manter a tradição do primeiro de abril. No entanto, estes relatos são reais e verdadeiros. Da mesma forma, ninguém levaria a sério a notícia de que a partir de hoje os produtos de primeira necessidade vão ser majorados de seis a dez por cento. Seria cômico se não fosse trágico, no entanto, seguindo o que já virou tradição, ou seja, a moda da inversão de valores, estas notícias são reais e verdadeiras, a mentira pode ser a dúvida de qual a percentagem da classe média pra baixo irá sobreviver para contar a história daqui há quatro anos.